"Bolas amarelas" fornecem novas informações sobre a formação estelar

De acordo com a cientista Grace Wolf-Chase, do PSI (Planetary Science Institute), uma descoberta fortuita por cientistas cidadãos forneceu uma nova janela única para os diversos ambientes que produzem estrelas e enxames de estrelas, revelando a presença de "berçários estelares" antes das estrelas bebés emergirem das suas nuvens natais.

Um exemplo de uma bola amarela (esquerda, no centro do círculo) e de uma bolha (direita, no centro do círculo) vistas em imagens infravermelhas pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA. Uma bola amarela típica tem um diâmetro de mais ou menos um ano-luz, enquanto uma bolha pode crescer até dezenas de anos-luz. Esta imagem a cores falsas usa um esquema de cores azul-verde-vermelho para ilustrar comprimentos de onda infravermelhos usados no Projeto Via Láctea e dá origem à cor "amarela" da característica. Crédito: NASA/JPL-Caltech

"As 'bolas amarelas' são características pequenas e compactas que foram identificadas em imagens infravermelhas obtidas pelo Telescópio Espacial Spitzer durante discussões online do Projeto Via Láctea, uma iniciativa da plataforma cidadã online zooniverse.org, que pediu a cientistas cidadãos para ajudar a identificar características associadas com estrelas jovens e massivas com mais de 10 massas solares," disse Wolf-Chase, autora principal do artigo publicado na revista The Astrophysical Journal. "As primeiras investigações sugeriram que as bolas amarelas são produzidas por estrelas jovens à medida que aquecem o gás circundante e a poeira de onde nasceram." 

As bolas amarelas descobertas por cientistas cidadãos libertam luz infravermelha num estágio muito inicial no desenvolvimento de enxames estelares, quando têm uns "meros" cem mil anos. "Este é o ponto em que a sua presença é revelada pela primeira vez, mas permanecem incrustadas nos seus casulos empoeirados natais," explica Wolf-Chase. "Isto permite-nos vincular as propriedades das estrelas aos seus ambientes de nascimento, como se um ser humano estivesse a dar à luz cerca de cem bebés de uma vez." 

A investigação mostra que a formação de enxames estelares - protoenxames - de essencialmente todas as massas passam por um estágio de bola amarela. Alguns destes protoenxames formam estrelas massivas com mais de 10 vezes a massa do Sol que vão esculpir os seus ambientes em "bolhas" por meio de fortes ventos estelares e radiação ultravioleta severa, enquanto outras não. Ao longo de um milhão de anos, as bolhas podem expandir-se para dezenas de anos-luz de diâmetro. 

"Nós também mostrámos que podemos extrair informações sobre as massas e idades de enxames estelares em desenvolvimento apenas através das 'cores' infravermelhas das bolas amarelas, sem outras observações extensas como espectroscopia," disse Wolf-Chase. "Isto é importante porque o tempo de observação é limitado e se pudermos dizer mais sobre os milhares destes objetos a partir de algumas observações relativamente simples, poupa-se muito tempo e ajuda-nos a identificar bolas amarelas particularmente interessantes para futuras observações de alta resolução." 

Durante a procura por 'bolhas' no Projeto Via Láctea, cientistas cidadãos usaram o fórum de discussão do projeto para assinalar objetos pequenos e redondos que parecem 'amarelos' nas imagens infravermelhas representativas. "Os cientistas inicialmente pensaram que estas podiam ser versões muito jovens das bolhas e incluímos a identificação de bolas amarelas como o objetivo principal de uma versão do Projeto Via Láctea que foi lançada em 2016," disse Wolf-Chase. "Isto resultou na identificação de 6176 bolas amarelas em mais de um-terço da Via Láctea. A sua aparência amarela distinta está relacionada com comprimentos de onda que traçam moléculas orgânicas complexas e poeira à medida que são aquecidas por estrelas muito jovens embutidas nas suas nuvens de nascimento." 

"O nosso trabalho analisa um subconjunto de 516 bolas amarelas e mostra que apenas cerca de 20% das bolas amarelas vão formar bolhas associadas com estrelas massivas, enquanto aproximadamente 80% destes objetos sinalizam a posição de regiões que formam estrelas menos massivas," salientou Wolf-Chase. "Este trabalho mostra o grande valor da ciência cidadã ao abrir uma nova janela para a nossa compreensão da formação estelar."

Fonte: Astronomia OnLine

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