Descoberto par de asteroides mais jovem do Sistema Solar

 Ilustração artística dos dois asteroides, recém-nascidos de um outro corpo celeste maior. [Imagem: UC Berkeley/SETI Institute]

Pares de asteroides 

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um par de asteroides que se separaram de seu corpo original há apenas 300 anos. Isso torna a dupla o par de asteroides mais jovem conhecido por pelo menos um fator de dez. Além disso, e de passar bem perto da órbita da Terra, ele tem propriedades difíceis de explicar devido à sua pouca idade. 

A maioria dos asteroides em nosso Sistema Solar reside na área entre as órbitas de Marte e Júpiter, conhecida como "Cinturão de Asteroides Principal". Mais perto de casa, os astrônomos já identificaram vários outros corpos celestes similares, conhecidos agora como "Asteroides Próximos da Terra", cujas órbitas os trazem para a vizinhança do nosso planeta. 

Em 2019, o telescópio de pesquisa Pan-STARRS1, no Havaí, e o Rastreio Celeste Catalina, no Arizona, descobriram dois novos asteroides próximos da Terra, rotulados como "2019 PR2" e "2019 QR6". O maior dos dois mede cerca de um quilômetro de diâmetro, enquanto o menor tem cerca de 500 metros. Os dados já mostravam que ambos têm órbitas muito semelhantes ao redor do Sol. 

Um estudo mais aprofundado, feito por uma equipe liderada pelo professor Petr Fatka, do Instituto Astronômico da Academia Tcheca de Ciências, confirmou que se trata realmente de um par de asteroides - dois asteroides que se separaram de um único asteroide pai nos últimos milhões de anos - que atualmente está separado um do outro por cerca de um milhão de quilômetros. 

Vários telescópios foram usados então para as observações de acompanhamento, incluindo o Telescópio Lowell, de 4,3 metros, no norte do Arizona. Essas observações revelaram agora propriedades de superfície muito semelhantes de ambos os asteroides, fundamentando ainda mais a hipótese de sua origem comum. 

"Graças às medições realizadas com o Lowell, está claro que o '2019 PR2' e o '2019 QR6' vêm do mesmo objeto pai, e sua alta semelhança orbital não é coincidência," disse Fatka. 

Asteroides recém-nascidos

 A maioria dos pares de asteroides provavelmente se forma por fissão rotacional, quando um asteroide giratório atinge uma velocidade crítica, na qual ele se esfacela, formando um ou mais novos corpos, mantendo órbitas altamente semelhantes às do corpo pai. 

Com base em várias técnicas de modelagem e em observações adicionais - incluindo a recuperação de detecções anteriormente despercebidas, feitas com o Catalina, 14 anos antes da descoberta oficial - a equipe determinou que o par se separou apenas 300 anos atrás, o que o torna o par de asteroides mais jovem conhecido. 

"É muito emocionante encontrar um par de asteroides tão jovem, que foi formado apenas cerca de 300 anos atrás, que é algo como esta manhã - nem mesmo ontem - nas escalas de tempo astronômicas," disse Fatka. O par detentor do recorde anterior era pelo menos dez vezes mais velho. 

Como eles se formaram? 

Essa pouca idade trouxe uma grande dificuldade em conciliar a história de formação da dupla: Os modelos padrão de formação de pares de asteroides por fissão rotacional não conseguiram explicar completamente as propriedades do 2019 PR2 e do 2019 QR6 - algo mais deve ter acontecido para explicar seu distanciamento atual. 

A equipe então desenvolveu novos modelos, que assumem que o corpo original era um cometa, cujos jatos de gás poderiam empurrar suas órbitas para a configuração vista hoje. Isso forneceu uma história de origem logicamente viável para esses objetos, mas a hipótese ainda é problemática: "Nos dias atuais, os corpos não apresentam qualquer sinal de atividade cometária. Portanto, permanece um mistério como esses objetos poderiam ter passado de um único corpo parental, para objetos individualmente ativos, [e então] para o par inativo que vemos hoje, [e tudo isso] em apenas 300 anos," disse Nicholas Moskovitz, do Observatório Lowell. 

Para responder a esta questão, será necessário fazer mais observações. No entanto, isso terá que esperar mais de uma década. 

"Para termos uma ideia melhor sobre qual processo causou a ruptura do corpo-mãe, teremos que esperar até 2033, quando ambos os objetos estarão novamente ao alcance dos nossos telescópios," explicou Fatka.

Fonte: Inovação Tecnológica

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