Estrela destruída de modo nunca antes visto é detectada em galáxia antiga
Astro
flagrado por telescópio no Chile foi destruído em colisão de estrelas ou de
remanescentes estelares no ambiente em torno de um buraco negro supermassivo da
galáxia
Ilustração
artística de uma explosão de raios gama CRÉDITO International Gemini
Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/M. Alho/M. Zamani
Uma
maneira de destruição estelar hipotetizada há muito tempo, mas nunca antes
vista, foi observada por uma equipe internacional de astrofísicos enquanto eles
procuravam a origem de uma poderosa explosão de raios gama (também conhecida
pela sigla em inglês, GRB).
O
estudo publicado nesta última quinta-feira (22) na revista Nature Astronomy é
liderado por pesquisadores da Universidade Radboud, na Holanda, em colaboração
com astrônomos da Universidade do Noroeste, nos Estados Unidos, e de outras
instituições de pesquisa.
Os
pesquisadores descobriram que a GRB intitulada "191019A" veio de uma
colisão de estrelas ou remanescentes estelares numa região cheia de corpos
celestes. Esta área também fica em torno de um buraco negro supermassivo no
núcleo de uma galáxia antiga.
Normalmente,
essas erupções de raios se originam da explosão de estrelas massivas ou fusões
de estrelas de nêutrons; mas o novo achado é diferente. “Esta descoberta
notável nos dá um vislumbre tentador da intrincada dinâmica em funcionamento
nesses ambientes cósmicos, estabelecendo-os como fábricas de eventos que, de
outra forma, seriam considerados impossíveis”, afirma Giacomo Fragione,
astrofísico da Universidade do Noroeste, coautor do estudo, em comunicado.
Até
então, os cientistas acreditavam que a maioria das estrelas podia morrer de
três modos. No primeiro cenário, astros de massa relativamente baixa, como o
nosso Sol, atingem a “velhice” e perdem suas camadas externas, tornando-se anãs
brancas. Em um segundo caso, estrelas mais massivas originam supernovas que
formam estrelas de nêutrons e buracos negros. Já em uma terceira opção, dois
remanescentes estelares formam um sistema binário e, eventualmente, colidem.
Mas
o novo estudo descobriu que pode haver uma quarta possibilidade: as estrelas
podem morrer ao colidirem em algumas das regiões mais densas do universo. “Isso
é empolgante para entender como as estrelas morrem e para responder a outras
perguntas, como quais fontes inesperadas podem criar ondas gravitacionais que
poderíamos detectar na Terra”, explica Andrew Levan, principal autor do estudo.
A
primeira evidência dessa quarta hipótese foi obtida em 19 de outubro de 2019,
quando o Observatório Neil Gehrels Swift, da Nasa, detectou um flash brilhante
de raios gama que durou pouco mais de um minuto — o que é bastante,
considerando-se que qualquer GRB com mais de 2 segundos já é considerado
“longo”.
Então,
os pesquisadores fizeram observações de longo prazo do brilho residual da
explosão de raios gama utilizando o telescópio Gemini South no Chile, que faz
parte do Observatório Internacional Gemini. Isso permitiu aos especialistas
encontrar a explosão a menos de 100 anos-luz do núcleo de uma galáxia antiga,
muito perto do buraco negro supermassivo dela.
"A
falta de uma supernova acompanhando a longa GRB 191019A nos diz que esta
explosão não é um típico colapso massivo de estrela", considera Jillian
Rastinejad, doutoranda de astronomia que faz parte da equipe.
Já
a doutoranda Anya Nugent nota que o evento supera expectativas tanto para os
ambientes de GRBs curtas quanto longas. As explosões mais duradouras nunca
foram observadas em galáxias tão velhas e mortas quanto a que abriga a GRB
191019A, enquanto aquelas erupções mais breves nunca foram detectadas tão perto
dos núcleos de suas galáxias.
Uma
possível razão para a obscuridade desses fenômenos é que os centros galácticos
estão repletos de poeira e gás, o que pode obscurecer tanto o flash inicial da
GRB quanto o seu brilho resultante. "Embora este evento seja o primeiro de
seu tipo a ser descoberto, é possível que haja outros como ele escondidos pelas
grandes quantidades de poeira perto de suas galáxias", avalia Wen-fai
Fong, coautor da pesquisa.
Fonte:
Galileu
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