Simulações de bolhas na estrela Betelgeuse revelam efeito "falso"
Cientistas criaram um
modelo de simulação da estrela Betelgeuse, na tentativa de compreender o
comportamento da supergigante vermelha. Os resultados vão ajudar a entender as
dinâmicas em sua superfície e, talvez, a história de sua evolução.
Imagem: Jing-Ze Ma et
al/ApJL
Recentemente, astrônomos
observaram Betelgeuse com imagens do observatório ALMA, e descobriram que
metade da estrela parece se aproximar da Terra, enquanto a outra metade parece
se afastar. A interpretação que parece mais óbvia é que o objeto está girando
rapidamente.
Se essa interpretação
estiver correta, significa que a estrela está girando a 5 km/s, muito mais
rápido do que o esperado para seu tamanho. O problema é que as melhores imagens
que se pode obter não permitem distinguir a superfície da supergigante, e menos
ainda confirmar essas medições.
Agora, um novo estudo
inseriu os dados coletados em uma simulação computacional de estrelas
semelhante para testar outras hipóteses que não incluam uma velocidade de
rotação fora do normal. O palpite da equipe é que a Betelgeuse não é exatamente
uma esfera perfeita, mas um aglomerado de bolhas em ebulição.
Essas bolhas seriam
alimentadas por convecção, ou seja, enquanto o plasma quente do interior da
estrela sobre, o material resfriado na superfície afunda. A velocidade desses
movimentos seriam de até 30 km/s, com algumas bolhas quase do tamanho da órbita
da Terra ao redor do Sol. Quando uma bolha quente sobe até a superfície da
estrela, as imagens do telescópio dão a impressão de que o material está se
aproximando da Terra, enquanto as bolhas que afundam parecem se afastar. Essa é
a dinâmica que teria confundido os autores do estudo anterior, que concluiu que
a estrela estava apenas rotacionando em alta velocidade.
Além disso, ao desenvolver
um novo software para simular imagens do ALMA e compará-las com simulações de
estrelas supergigantes vermelhas não rotativas, a equipe descobriu que a
ebulição cria padrões semelhantes à rápida rotação. Em cerca de 90% das simulações,
o fenômeno da convecção de bolhas gigantes criou imagens facilmente
confundíveis com rotação extrema.
Por outro lado, caso a
hipótese da convecção esteja errada, ainda há boas explicações para uma rotação
de alta velocidade. Uma delas é a possível canibalização — no passado,
Betelgeuse poderia ter devorado uma estrela companheira, processo que
geralmente aumenta a velocidade do objeto devido à lei de conservação de
momento.
O próximo passo dos
autores do estudo será usar novas observações da Betelgeuse para entender
melhor sua velocidade de rotação, além de investigar como os movimentos de
convecção podem efetivamente afetar as medições.
A pesquisa foi publicada
no Astrophysical Journal Letters.
Fonte: canaltech.com.br
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