Telescópio europeu revela novas informações sobre lua de Netuno

Com ajuda do telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), astrônomos conseguiram analisar pela primeira vez o infravermelho da atmosfera de Tritão, satélite de Netuno, corpo celeste 30 vezes mais afastado do Sol do que a Terra. “Descobrimos evidências concretas de que o Sol marca a sua presença em Tritão, mesmo encontrando-se a tão grande distância. Esta lua gelada tem estações como a Terra, mas elas variam muito mais lentamente,” diz Emmanuel Lellouch, autor principal de artigo científico na revista Astronomy & Astrophysics.
A temperatura média da superfície de Tritão ronda os - 235º Celsius. Segundo os cientistas descobriram, atualmente é verão no hemisfério sul do satélite. As estações duram pouco mais de 40 anos.
Baseando-se na quantidade de gás medido, Lelouch e colegas estimam que a pressão atmosférica de Tritão aumentou em relação às medições feitas pela sonda Voyager 2 em 1989, quando ainda era primavera no satélite gigante. A pressão atmosférica de Tritão encontra-se agora entre os 40 e os 65 microbars - 20.000 menor do que a da Terra.
Concepção artística de Tritão, uma das luas de Netuno
Já se sabia da existência de monóxido de carbono na superfície de Tritão sob a forma de gelo, mas Lellouch e a sua equipe descobriram que a camada mais superficial se encontra enriquecida por gelo de monóxido de carbono em quantidade dez vezes maior que a das camadas mais profundas. Embora a maior parte da atmosfera de Tritão seja composta por nitrogênio (tal como na Terra), o metano na atmosfera, primeiramente detectado pela Voyager 2 e só agora confirmado por este estudo feito a partir da Terra, desempenha igualmente um papel importante. “O clima e os modelos atmosféricos de Tritão terão que ser revistos, agora que descobrimos monóxido de carbono e tornamos a medir o metano,” diz a coautora Catherine de Bergh.
Dos 13 satélites de Netuno, Tritão é claramente o maior, com 2700 quilômetros de diâmetro (cerca de três quartos da Lua), sendo o sétimo maior satélite de todo o Sistema Solar.
Desde a sua descoberta em 1846, Tritão tem fascinado os astrônomos devido à sua atividade geológica, às muito diferentes superfícies de gelos, tais como o nitrogênio gelado, a água e o gelo seco (dióxido de carbono gelado), e ao seu movimento retrógrado.
Observar a atmosfera de Tritão não é fácil, por causa de sua distância. Nos anos de 1980, os astrônomos pensavam que a atmosfera deste satélite de Netuno devia ser tão espessa como a de Marte (7 milibars). Só quando a sonda Voyager 2 passou pelo planeta em 1989 é que a atmosfera de nitrogênio e metano, com uma pressão atual de 14 microbars, 70.000 vezes menos densa que a da Terra, pôde ser medida. Desde então, as observações a partir do solo têm sido escassas. Plutão, considerado muitas vezes como o primo de Tritão, tem condições similares e, por isso, a descoberta de monóxido de carbono em Tritão é importante. Este é apenas o primeiro passo para que os astrônomos compreendam a física dos corpos distantes do Sistema Solar.
Fonte:noticias.uol.com.br

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