Alcançando Marte
Desde tempos imemoriais, o homem observa o astro vermelho no céu noturno. Os romanos, acreditando que o sangue dos soldados tingia o planeta, lhe deram o nome de seu deus da guerra: Marte. No entanto, as sondas enviadas não encontraram sangue, soldados ou sinais de uma civilização avançada. Os canais que alguns observadores acreditavam ter visto não se materializaram. Em 1971, a sonda Mariner localizou alguns vales de mais de seis quilômetros de profundidade, mas estes eram fruto de falhas geológicas e da erosão causada pelo vento, e não de homens verdes. Cinco anos mais tarde, a sonda Viking encontrou uma atmosfera respirável de dióxido de carbono e evidências de água, talvez suficiente para sustentar exploradores humanos durante algum tempo. Ainda assim, Marte continua sendo nosso mais próximo vizinho potencialmente habitável. Mas chegar lá não será tarefa fácil, considerando seus números: Lua está situada a apenas 386.000 quilômetros; é como atravessar uma cidade. Marte, por outro lado, está a 64 milhões de quilômetros de seu ponto mais próximo e 402 milhões de quilômetros do mais distante. Seria como dirigir um automóvel partindo do estado do Colorado, nos Estados Unidos, até o ponto mais distante da Argentina. Um viagem de proporções tão épicas apresenta muitos obstáculos. O primeiro deles é a gravidade. Escapar da atração da enorme massa da Terra requer uma força igualmente imensa, que se traduz em ao menos 40.000 quilômetros por hora. Desde o amanhecer da era espacial, o homem utiliza foguetes de múltiplas fases para se afastar da Terra e da atmosfera. O combustível constitui 80% do peso de um foguete de múltiplas fases. Uma vez livre da atmosfera e da gravidade da Terra, os foguetes auxiliares, agora vazios, podem ser descartados, deixando propulsores menores e mais rápidos para o trabalho de deslocar a nave até o espaço. Em teoria, a missão para Marte poderia ocorrer em um único passo: da superfície da Terra à de Marte de uma só vez. Atualmente, os únicos que possuem um foguete suficientemente potente para nos lançar à Marte são os russos.
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