Os Exoplanetas habitáveis podem ser classificados em quatro tipos, quais são
Concepção artística de um exoplaneta. Dividir mundos potencialmente habitáveis em quatro categorias poderá ajudar os astrônomos a estabelecer prioridades em suas pesquisas. Crédito: NASA/JPL-Caltech
A origem da vida e a capacidade de sustentação da mesma (habitabilidade) em outros mundos são dois dos maiores mistérios que a Ciência enfrenta hoje. Muitas pesquisas têm sido dedicadas a estes temas, mas ainda permanecem várias lacunas a serem preenchidas com respostas definitivas. Um exemplo disso é Jan Hendrik Bredehöft da Open University no Reino Unido. Bredehöft tem estudado a habitabilidade em outros mundos. “Eu sou um daqueles sujeitos que pega um pedaço de meteorito, tritura-o e descobre qual química orgânica está presente ali”, disse Bredehöft.
Baseando-se nesses tipos de estudos, Bredehöft sugere que os mundos habitáveis podem ser classificados em quatro categorias, cada uma com distintas potencialidades para hospedar organismos extraterrestres. Este estudo tem um bom potencial de servir de ajuda na busca da vida no Universo, em especial à medida que a tecnologia progride para um nível onde a observação direta de imagens de exoplanetas se torna possível. Bredehöft apresentou as suas idéias no último Congresso de Ciência Planetária da Europlanet.
Os quatro grupos de mundos habitáveis propostos por Bredehöft são:
1.Tipo – Terra
2.Tipo – Marte
3.Tipo – Europa
4.Mundo aquático (ou oceânico)
1. Exoplanetas ‘classe A’
Em cada um deles, considerou o seu potencial para abrigar vida complexa. Os mundos tipo-Terra são os da ‘primeira classe’ ou ‘mundos classe A’ e também o nosso ‘controle de qualidade’, uma vez que já sabemos que tais mundos são plenamente capazes de sustentar vida complexa. Os mundos tipo-Terra têm uma atmosfera apropriada, água líquida, largas regiões com temperatura amena e climas estáveis.
2. Exoplanetas telúricos fora da Zona de Habitação
A visão tradicional da zona habitável do nosso Sistema Solar pode ser injustamente restritiva. Este pode também ser o caso para outros sistemas estelares. Crédito: NASA
A segunda classe de planetas trata daqueles que foram em seu passado remoto bem semelhantes à Terra, tais como Marte ou Vênus. “Por alguma razão estes planetas deixaram a zona habitável”, disse Bredehöft. “Marte tornou-se demasiado seco, resta lá muito pouca água e ausência de água líquida. Vênus tornou-se imensamente quente devido ao seu efeito estufa [descontrolado]”. No entanto, Bredehöft acredita que existe uma probabilidade da vida existir neste tipo de mundos. Ele argumenta que os organismos possam ter-se desenvolvido quando o planeta era bem mais hospitaleiro e algumas espécies de seres extremófilos podem ter sobrevivido, mesmo em épocas mais difíceis. “Quando a vida se estabelece é realmente difícil extinguí-la”, afirma Bredehöft. “Já ocorreram eventos cataclísmicos devastadores na história da Terra que podiam muito bem ter dizimado todas as formas de vida, mas em geral estes serviram para reforçar a biodiversidade, ao invés de destruí-la.”
3. Uma existência gelada?
Os corpos que possuam água líquida, mas que fica embaixo de uma camada de gelo ao invés da sua superfície, constituem a terceira classe dos mundos. A lua de Júpiter, Europa, é um exemplo clássico desse tipo de mundo em nossa vizinhança cósmica. Será que existe vida em locais como este? As idéias de Bredehöft são particularmente pertinentes, pois estes mundos normalmente não se encaixam muito bem na nossa visão tradicional de zonas habitáveis. Europa, por exemplo, situa-se bem além da zona de temperatura amena do Sistema Solar onde a água pode permanecer líquida na superfície de um planeta ou lua.
Mesmo assim, a lua Europa tem um bom potencial para a vida. A visão tradicional das zonas habitáveis aplica-se a uma estrela local como sendo a principal fonte de energia. Mas em mundos gelados como a lua Europa, outros fatores entram em jogo, tais como a energia das marés provocadas pela atração gravitacional de Júpiter. Mundos com água líquida escondida por baixo de camadas geladas podem potencialmente ser habitados por organismos simples, mesmo estando longe da zona de habitação convencional, enquanto energia estiver sendo fornecida de outras formas que não a radiação solar.
Uma noite na lua Europa (Júpiter) por ©Mark A. Garlick
4. Os mundos oceânicos
O quarto tipo de planetas habitáveis é composto quase exclusivamente por água. Estes mundos hipotéticos teriam um tamanho entre o de Mercúrio e a Terra e teriam enormes oceanos. Ao contrário dos oceanos na Terra, a água neste tipo de planetas não estaria em contacto com silicatos ou outras rochas. “Estes planetas podem ou ser compostos totalmente por água com gelo a grandes pressões no núcleo, ou podem ter corpos de água líquida separados por um núcleo de silicatos ou por uma espessa camada de gelo a grandes pressões,” afirma Bredehöft. Uma das principais teorias para a origem da vida na Terra diz que o material orgânico foi originalmente coletado e agrupado em lagos rasos e depois concentrou-se ao se agarrar à superfície das rochas.
Eventualmente, este início de vida espalhou-se depois entre os oceanos, com suas quantidades imensas de água. Outra teoria da origem da vida argumenta que a química necessária à vida teve lugar em chaminés hidrotermais de origem vulcânica. Nos mundos estritamente oceânicos, estes cenários aparentemente são impossíveis. Por isso, Bredehöft pensa que a vida não tem grandes chances de surgir em mundos eminentemente aquáticos. “A quantidade de água em um planeta oceânico genérico seria tão grande, que precisaríamos de um montante inacreditável de componentes de carbono concentrados para haver uma ligeira chance de a vida desabrochar por lá. É fortemente improvável,” disse Bredehöft.
Opiniões e considerações
HR8799 e seus planetas extrasolares observados diretamente. Crédito: Bruce Macintosh
Após considerar todos estes fatos, Bredehöft afirma que a melhor aposta para encontrarmos ecossistemas extraterrestres é continuar na caça de planetas tipo-Terra. No entanto, ele não acha que os mundos tipo-Terra terão necessariamente a vida avançada. “Nós não sabemos se o nível de complexidade ou o tamanho dos organismos que vivem na Terra é essencialmente um resultado lógico da evolução ou se é apenas um feliz acaso. Será que seres inteligentes à superfície de um planeta é o pináculo da evolução? Só assumimos isto porque gostamos de nos ver como algo especial.”
Com o rápido desenvolvimento da tecnologia de caça aos exoplanetas, agora é apenas uma questão de tempo até que venhamos a conhecer muito mais sobre planetas extrasolares exóticos e suas luas e até que sejamos capazes de recolher informações vitais sobre suas propriedades. Até lá, contudo, os cientistas como Bredehöft irão continuar a elaborar teorias em cima destas descobertas.Por isso, em sua opinião cuidadosamente refletida, que tipo de organismos provavelmente nós iremos encontrar? “Provavelmente serão seres viscosos,” concluiu Bredehöft.
Fonte e Créditos: Eternos Aprendizes
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