Urano recebeu a sua inclinação devido a múltiplos impactos
Um novo estudo sugere que o planeta gigante Úrano foi inclinado para um lado por uma sucessão de "murros" em vez de um único KO como se pensava anteriormente. O achado lança luz sobre a história de Úrano e das suas muitas luas. Pode também forçar os astrónomos a repensar as suas ideias acerca da formação e evolução dos planetas gigantes do Sistema Solar.
Observações de Urano perto do infravermelho revelam o seu ténue sistema de anéis, realçando a grande inclinação do planeta.Crédito: Lawrence Sromovky, Univ. Wisconsin-Madison, Observatório Keck
Observações de Urano perto do infravermelho revelam o seu ténue sistema de anéis, realçando a grande inclinação do planeta.Crédito: Lawrence Sromovky, Univ. Wisconsin-Madison, Observatório Keck
"A teoria padrão da formação planetária assume que Úrano, Neptuno e os núcleos de Júpiter e Saturno foram formados por acreção de pequenos objectos no disco protoplanetário," afirma Alessandro Morbidelli, líder do estudo do Observatório da Riviera Francesa em Nice. "Não devem ter sofrido colisões gigantes. O facto de Úrano ter sido atingido pelo menos duas vezes sugere que os impactos eram comuns na formação dos planetas gigantes," acrescenta Morbidelli. "Por isso, a teoria padrão tem que ser revista." Úrano é um planeta invulgar. O seu eixo de rotação está inclinado uns incríveis 98 graus, o que significa que essencialmente roda de lado. Nenhum outro planeta tem uma inclinação parecida. Júpiter está inclinado 3 graus, e a Terra 23 graus. Os cientistas há muito que suspeitam que um impacto violento deve ter inclinado Úrano. O conhecimento aceite é que um único objecto, com várias vezes a massa da Terra, fez esse estrago, colidindo há muito tempo atrás com Úrano, realçaram os investigadores. Após levarem a cabo uma série de simulações computacionais, Morbidelli e a sua equipa podem ter descoberto uma explicação melhor. A pesquisa foi apresentada no passado dia 6 de Outubro numa reunião do Congresso Europeu de Ciências Planetárias e da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Astronómica Americana, que teve lugar em Nantes, França. Os investigadores começaram por modelar o cenário de impacto único. Descobriram que a colisão provavelmente ocorreu nos primeiros tempos do Sistema Solar, quando Úrano estava ainda rodeado pelo disco de gás e poeira que iria eventualmente formar as suas luas. Após esta monstruosa colisão, o disco teria sido reformado em torno do novo plano equatorial, altamente inclinado, de Úrano. As luas assim partilhariam da inclinação de Úrano, como fazem. Até agora, tudo bem, mas depois as simulações proporcionaram uma surpresa, dizem os cientistas. Se tivesse havido apenas uma colisão, as luas de Úrano teriam ficado com movimento retrógrado, orbitando na direcção oposta da que os astrónomos observam actualmente. Para corresponder à discrepância, os investigadores ajustaram um pouco os parâmetros da sua simulação. Descobriram que uma série de pelo menos duas colisões mais pequenas conseguem explicar os movimentos das luas muito melhor do que um único impacto gigante. Concluem por isso que o Sistema Solar primitivo deve ter sido muito mais volátil e violento do que se pensava.
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