Fica para a próxima
No último final de semana, partiu para Marte o mais ambicioso (e caro) equipamento para estudar o planeta vermelho. Entre seus objetivos, o jipe Curiosity deve investigar se a região da cratera de Gale (o seu local de pouso) teve condições de abrigar vida microbiana. Como objetivo geral, o Curiosity deve dar mais pistas sobre como e porque Marte se tornou inóspito para abrigar vida em uma escala de tempo geológica tão curta. Para essa investigação, o jipe conta com 10 instrumentos e tem 15 vezes mais massa que seus predecessores Opportunity e Spirit. Você pode saber tudo sobre o Curiosity aqui no G1. Na minha opinião, o fato deste jipe ser abastecido de energia por uma bateria nuclear é um marco na exploração de outros planetas. Os jipes marcianos sempre foram abastecidos por painéis solares e sofrem muito com a chegada do inverno. Eles são colocados em modo de hibernação, de modo que toda energia captada seja revertida para aquecedores que mantêm a saúde das baterias. Além disso, os jipes sofrem com a poeira marciana, que se deposita sobre os painéis diminuindo em muito a captação de energia solar. Com essa bateria nuclear, eu não me espantaria se daqui a uns 10 anos ainda estejamos falando do Curiosity. Mas eu queria falar sobre outra sonda espacial que tinha como destino Marte, a sonda russa Fobos-Grunt que foi lançada no dia 8 de novembro. Essa missão conjunta da agência espacial europeia (ESA) e da Rússia marcava um retorno à exploração de Marte pelos russos após um intervalo de 20 anos. E o projeto era bem ambicioso, com uma cápsula que pousaria em Fobus, uma das luas de Marte, e retornaria à Terra com uma amostra do seu solo. Além disso, a Fobos-Grunt carrega de carona uma pequena sonda chinesa de 115 kg , a Yinghuo-1. Essa sonda iria orbitar Marte por 2 anos estudando sua atmosfera, campo magnético e suas tempestades de areia. Iria. Após ser lançada com sucesso e inserida em uma órbita baixa de transferência, a Fobos-Grunt não respondeu aos comandos de disparar seus foguetes para colocar as duas sondas na rota para Marte. Incapazes de entender o que estava acontecendo, os técnicos russos e da ESA imediatamente mandaram um sinal para que a sonda abrisse seus painéis solares, isso para evitar que as baterias se esgotassem em 2-3 dias. Com essa estratégia, os técnicos esperavam entender o que tinha se passado e tentariam disparar os foguetes para retomar a missão. Para deixar as coisas mais dramáticas, os técnicos só podiam contar com 8-10 minutos diários de transmissão da sonda. Esse é o tempo em que ela sobrevoa a estação de rastreio em Perth, na Austrália. Nas outras estações, esse sobrevoo se dá durante a noite, o que enfraquece e muito o sinal. Além de tudo isso, havia a questão do tempo. Lançamentos para Marte podem ocorrer a qualquer tempo, mas a cada 26 meses a Terra e Marte mantêm uma posição relativa privilegiada, de modo que o tempo de viagem é muito reduzido, reduzindo também a quantidade de combustível para manobrar as sondas. Por isso de dois em dois anos a gente vê sondas sendo lançadas em direção ao planeta vermelho. A atual “janela de lançamento”, como é conhecido esse período de tempo abriu-se no dia 8 de novembro e fechou-se dia 25, ou seja, se os foguetes da Fobos-Grunt não fossem disparados até essa data, as duas sondas estariam perdidas. E os foguetes não foram disparados. As curtas transmissões da sonda não foram decifradas a tempo e os técnicos ainda não sabem o que ocasionou a falha que impediu o acionamento dos foguetes, e tampouco conseguiram acioná-los para posicionar a sonda em outra órbita. Desta maneira, a missão foi considerada oficialmente perdida no dia 26 de novembro. A luta agora é tentar descobrir o que saiu errado. Mais do que mais uma perda lamentável (a Nasa afirma que a antiga União Soviética e a Rússia falharam em todas as suas 17 tentativas de mandar uma sonda à Marte, mas os russos, é claro, não admitem), a Fobos-Grunt agora representa um grave perigo ambiental. Sua órbita é baixa e está diminuindo rapidamente por causa do arrasto da atmosfera. Ninguém sabe quando, mas é certo que ela vai reentrar na atmosfera, como fez recentemente o satélite alemão Rosat. Mas o problema é que, neste caso, os tanques da Phobos-Grunt estão cheios de hidrazina, um combustível altamente tóxico que é usado em manobras orbitais. A menos que os técnicos consigam disparar os foguetes da sonda para afastá-la da Terra, não há muito a fazer, a não ser monitorá-la continuamente. Com isso, espera-se que o local da queda possa ser previsto. Com sorte ela cairá no mar, diminuindo o estrago ambiental provocado pela hidrazina.
Créditos: Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - G1
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