Notícias de Marte

Essas últimas semanas foram recheadas de novidades vindas de Marte, ou de perto do planeta vermelho. Algumas dessas notícias não são muito boas. Vamos a elas.

O jipe Opportunity, em solo marciano desde 2004 teve problemas de comunicação com o controle da missão na Terra. Primeiro, ele não conseguiu contatar a sonda Odissey, em órbita de Marte, que, além de fazer sua própria pesquisa, serve de repetidora de sinais entre a Terra e o jipe. Isso por que uma das rodas de reação do satélite ficou emperrada durante alguns minutos, o que o colocou em modo de segurança. Neste modo, as atividades da sonda são reduzidas ao mínimo possível e os seus painéis solares são apontados para receber o máximo de luz possível para garantir que as baterias fiquem plenamente carregadas. Essas rodas têm a função de manter o satélite apontado na direção correta por meio de sua rotação. Cada vez que é necessário mudar a posição do satélite, as rodas – são três no total, cada uma orientada de 90 graus em relação a outra – giram para determinada direção e o satélite reage na direção contrária. Esse método é muito mais preciso que disparar retrofoguetes e tem a vantagem de usar eletricidade, abundante e renovável, em vez de combustível, que tem uma carga finita.

A Odissey possui uma roda extra para caso de necessidade. Logo, assim que ocorreu a falha, esse estepe foi posto em funcionamento, girando a 5 mil rotações por minuto pela primeira vez desde que a sonda foi lançada, em 7 de abril de 2001. Agora, os engenheiros da Nasa estão caracterizando a sonda nessa nova configuração para que ela possa retomar suas atividades de rotina. Para complicar a situação, uma conexão alternativa com outro satélite em órbita de Marte, o Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, em inglês) também falhou. Nesse caso, aparentemente um problema de alinhamento das antenas do jipe e do MRO impediram uma comunicação adequada. Esse desalinhamento também está sendo investigado, pois não deveria ter acontecido.

Restou ao pessoal da NASA fazer uma “chamada direta” da Terra, usando a rede de antenas destinada a rastrear todas as sondas lançadas no espaço. Apesar das dificuldades inerentes a esta forma de comunicação, o jipe parece estar ainda em plena forma. Os dados recebidos indicam que a produção de eletricidade está bastante adequada, mesmo com os painéis solares cobertos por poeira. O odômetro da Opportunity marca mais de 35 km percorridos no solo marciano. Finalmente, a equipe que controla a viagem do próximo jipe marciano, o Curiosity, anunciou que conseguiu reduzir as estimativas da área prevista para o seu pouso. Isso é de fundamental importância, pois a área escolhida fica ao sopé de uma montanha, que tem uma depressão no terreno. Se o jipe pousar em algum desses lugares, pode capotar ou nunca conseguir sair dessa vala, jogando toda a missão literalmente no buraco. E por que essa região tão complicada foi escolhida para o pouso? Por que ela é interessante do ponto de vista científico, e vale a pena arriscar. Por enquanto é isso.
Créditos: Cássio Barbosa - Observatório - G1

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