Rochas revelam que água de Marte correu profunda
A grande cratera com 25 km de diâmetro no pano da frente desta perspectiva tem rochas escavadas alteradas por água na crosta antes do impacto. Os cientistas identificaram minerais hidratados no monte central da cratera, nas paredes e nos detritos expelidos em torno da cratera. Os minerais hidratados foram descobertos em 175 locais associados com outras crateras vizinhas na região Tyrrhena Terra de Marte. Crédito: Mars Express HRSC, ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum); NASA/Equipa Científica MOLA; D. Loizeau et al.
Ao estudar rochas expelidas por crateras de impacto, a sonda Mars Express da ESA descobriu evidências de que a água subterrânea persistiu durante períodos prolongados nos primeiros mil milhões de anos do Planeta Vermelho. As crateras de impacto são janelas naturais para a história das superfícies naturais - quanto mais profunda é a cratera, mais longe no tempo conseguimos estudar. Em adição, as rochas expelidas durante o impacto fornecem uma hipótese de estudar material que esteve escondido por baixo da superfície. Num novo estudo, a sonda Mars Express da ESA e a Mars Reconnaissance Orbiter da NASA estudaram crateras numa região com 1000 x 2000 km das antigas terras altas do hemisfério Sul, com o nome de Tyrrhena Terra, para aprender mais sobre a história da água nesta região. Focando-se na química das rochas embebidas nas paredes, limites e elevações centrais das crateras, bem como o material em redor, os cientistas identificaram 175 locais com minerais formados na presença de água. "A grande variedade no tamanho das crateras estudadas, entre menos de 1 km e até 84 km em diâmetro, indica que estes silicatos hidratados foram escavados entre profundidades de algumas dezenas de metros até quilómetros," afirma Damien Loizeau, autor principal do estudo.
A área com 1000 x 2000 km da região Tyrrhena Terra (realçada com a linha branca na imagem mais pequena à direita) situa-se entre duas regiões de baixa altitude - Hellas Planitia e Isidis Planitia - no hemisfério Sul de Marte, vista aqui neste mapa da topografia global. Os minerais hidratados foram descobertos em 175 locais associados com outras crateras vizinhas na região Tyrrhena Terra de Marte. As análises sugerem que estes minerais formaram-se na presença de água que persistiu a profundidade durante um longo período de tempo.Crédito: NASA/Equipa Científica MOLA/D. Loizeau et al.
"A composição das rochas indica que a água subterrânea deve ter estado presente durante um longo período de tempo em ordem a alterar a sua química." Embora o material escavado pelos impactos pareça ter estado em contacto íntimo com a água, há poucas evidências de rochas à superfície entre as crateras em Tyrrhena Terra que pareçam ter sido alteradas por água. "A circulação de água ocorreu a vários quilómetros de profundidade na crosta há cerca de 3,7 mil milhões de anos, antes da maioria das crateras desta região se terem formado," afirma o co-autor Nicolas Mangold. "A água gerou uma diversidade de mudanças químicas nas rochas, que reflectiram as baixas temperaturas perto da superfície até altas temperaturas nas profundezas, mas sem uma relação directa com as condições superfíciais dessa altura."
Por comparação, Mawrth Ballis, uma das maiores regiões identificada como rica em argila, de Marte, mostra uma mineralogia aquosa mais uniforme que indica uma ligação mais próxima com os processos superficiais. "O papel da água líquida em Marte é muito importante para a sua habitabilidade e este estudo levado a cabo com a Mars Express descreve uma enorme zona onde a água subterrânea esteve presente durante muito tempo," afirma Olivier Witasse, cientista do projecto Mars Express da ESA.
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