A Terra pode ser engolida por um buraco negro?

Até pode, mas a probabilidade é ínfima, menor do que ganhar 100 vezes seguidas na Mega-sena. É muito mais fácil, por exemplo, o planeta ser destruído antes por um asteróide gigantesco ou ficar chamuscado na explosão do Sol, daqui a 4,5 bilhões de anos. "O fato é que não existem muitos buracos negros por aí. Ainda que houvesse 100 milhões deles vagando por nossa galáxia, eles estariam distribuídos em mais de 900 quatrilhões de quilômetros", diz o astrofísico Félix Mirabel, do Instituto de Astronomia e Física do Espaço, na Argentina. Como esses corpos não emitem nem refletem luz, é quase impossível detectá-los.

E, mesmo se um astronauta pudesse ligar um holofote perto de um buraco negro, a luz seria engolida antes que pudesse iluminar qualquer coisa. Por isso, esses objetos escuros são um dos maiores mistérios da ciência. Só sabemos que eles existem porque quando um buraco negro captura algum astro no espaço, a matéria arrebenta e solta uma infinidade de raios X, denunciando a presença do objeto. Foi assim que os astrônomos acharam o primeiro buraco negro, em 1971.

 Ao observarem a estrela Cygnus X-1, eles perceberam que parte da matéria do astro era sugada por um vizinho invisível, liberando uma incrível quantidade de raios X. Tamanha força atrativa é possível porque os buracos negros são o que há de mais denso no Universo. Eles podem ter massa bilhões de vezes maior que a do Sol, só que tudo comprimido em um ponto com volume zero, sem tamanho, algo que os cientistas chamam de singularidade. Para alguns pesquisadores, cada singularidade pode ser a semente de um novo universo - o nosso próprio teria nascido da explosão de um desses pontos minúsculos. Mas, por enquanto, a idéia é só especulação.

Do brilho às trevas
Essa estranha formação surge no espaço quando acaba a energia de uma grande estrela

1 - Geralmente, um buraco negro é o estágio final da evolução de uma estrela enorme, com massa pelo menos dez vezes maior que a do Sol. Durante a maior parte da vida do astro, seu combustível principal é a fusão nuclear do hidrogênio. No centro da estrela, onde as temperaturas são altíssimas, os átomos do gás são quebrados, gerando energia para que a estrela permaneça brilhante e consiga manter seu tamanho original

2 - Conforme a estrela envelhece, em um ciclo que pode durar bilhões de anos, o hidrogênio que serve de combustível vai se esgotando. Quando isso acontece, o astro começa a fundir átomos mais pesados, como os de hélio, produzindo muito mais energia do que antes. Com essa mudança, a estrela aumenta de tamanho: seu raio cresce pelo menos 200 vezes e ela se transforma na chamada gigante vermelha

3 - Em poucos milhões de anos, o combustível da própria gigante vermelha acaba e a estrela entra em colapso. Se ela for relativamente pequena, com massa menor que dez vezes a do Sol, provavelmente se contrairá até ficar do tamanho de um planeta. Mas, se a massa for maior que isso, a gigante vermelha sofre uma implosão fantástica, que faz seu raio aumentar novamente centenas de vezes e transforma o astro em uma supernova

4 - Poucos meses depois da implosão, a estrela se contrai. Se a massa que sobrar for pelo menos duas ou três vezes maior que a do Sol, o raio do corpo celeste diminui até chegar a zero. Ele se torna então um ponto de gravidade pura e está formado o buraco negro. Em uma distância de alguns quilômetros em volta desse ponto, toda a luz que é atraída não consegue escapar. Por isso, surge no espaço uma imensa bola preta de onde nada retorna, como representa o desenho ao lado

GRAVIDADE INFINITA - Os buracos negros foram imaginados pela primeira vez em 1916, pelo astrônomo alemão Karl Schwarzschild, que se baseou na teoria da relatividade, de Albert Einstein. Schwarzschild concluiu que se houvesse uma enorme quantidade de massa concentrada em um raio muito pequeno, como ocorre em um buraco negro, a gravidade - ou a"curvatura no tecido espaço-tempo" - tenderia ao infinito. Esses dois desenhos comparam a enorme curvatura no tecido espaço-tempo criada por um buraco negro com a criada pelo Sol

DISTÂNCIA ASTRONÔMICA - O buraco negro mais próximo da Terra é o V4641, a 1 600 anos-luz (algo em torno de 15 quatrilhões de quilômetros, ou 101 milhões de vezes mais distante da Terra do que o Sol). Parece muito, mas é bem mais próximo que a maioria das estrelas visíveis. Ele nunca vai engolir nosso planeta - há chances ínfimas disso ocorrer apenas se surgir um buraco desconhecido.
Fonte: mundoestranho.abril.com.br

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