Fim do mundo: Seria possível desviar um asteroide catastrófico usando tinta?
Atire nele com uma arma de paintball. Pode parecer um exercício de futilidade, mas se os cálculos de Sung Wook Paek estiverem corretos, então o esporte de correr pelas florestas atirando manchas de tinta nas pessoas aos fins de semana pode ganhar muito mais respeito. Sung, um estudante universitário do Departamento de Aeronáutica e Astronáutica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, foi campeão do Concurso de Estudos Técnicos “Mova um Asteróide” de 2012, patrocinado pelo Conselho Consultivo de Geração do Espaço da ONU. O objetivo da competição era encontrar ideias para desviar um asteroide ou outros objetos próximos a Terra e o projeto de Sung entra para a crescente lista de soluções antiasteroides que vão de ogivas nucleares a tratores gravitacionais.
Desviar asteroides antes que eles atinjam a Terra é mais do que um enredo para filmes de ficção. É uma ameaça bastante real que pode ter causado a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos e os astrônomos rastreiam regularmente asteroides que possam nos atingir. Um deles é o Apophis – um naco de pedra com 451 metros de diâmetro e 20 milhões de toneladas. Está previsto para passar perto da Terra em 2029 quando haverá uma chance bem pequena de que ele passe por uma “fenda de ressonância gravitacional”. Isto é, um ponto com cerca de meia-milha de largura onde forças gravitacionais o colocariam em rota de colisão com a Terra quando ele retornasse em 2036. Apophis é o asteroide que Sung usou em seus cálculos.
A ideia é notoriamente simples. Sung propõe que enviemos espaçonaves para Apophis. Uma vez estacionadas, eles atirariam duas rajadas de tiros de paintball no asteroide, pesando cinco toneladas no total. A primeira rajada atingiria a frente de Apophis e conforme o asteroide girasse, a segunda rajada iria atingir a parte traseira. Ser atingido por cinco toneladas de “tinta” deslocaria o Apophis levemente, mas esse não é o objetivo. Isso porque os tiros de paintball iriam revestir o asteroide com uma camada de cinco micrômetros de espessura de pó de tinta, o que duplicaria seu albedo ou refletividade. Isso transformaria o asteroide em uma vela solar gigante.
Velas solares são uma forma de propulsão que são exatamente o que seus nomes dizem. São velas que usam o Sol em vez do vento para tomar impulso. A luz do sol que incide em uma espaçonave não parece exercer muita pressão, mas no vácuo espacial sem atrito ele pode ser incrivelmente poderoso. Sabe-se que ele move satélites geoestacionários e a sonda espacial Messenger usa velas solares como parte de seu controle de altitude.
Geralmente, designs de velas solares envolvem velas feitas com filme PET espalhadas por uma gigantesca área. A ideia de Sung é fazer o asteroide refletivo o suficiente para que sua superfície faça o trabalho de empurrá-lo usando a pressão da radiação solar. Para um observador, o efeito seria imperceptível, mas num período de vinte anos a radiação solar tiraria o Apophis de sua trajetória. É uma abordagem original e bastante simples com a vantagem de não ter que assistir o Bruce Willis detonar uma explosão atômica.
Fonte: Jornal Ciência
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