Marte: o que aprendemos nos últimos 5 anos
Marte é o planeta do nosso
sistema solar que mais desperta a curiosidade das pessoas e dos cientistas –
tanto que esse é o nome dado à última nave da NASA enviada ao astro
avermelhado. Quarto planeta a partir do sol, Marte, nome dado em homenagem ao
deus romano da guerra, de fato lutou contra a maioria dos nossos avanços
científicos por bastante tempo: mais da metade das naves espaciais enviadas
para estudá-lo fracassaram, se perderam no espaço ou desmoronaram na superfície
do planeta.
E o que tanto queríamos saber
sobre o planeta vermelho que continuamos insistindo? Um dos mistérios mais
intrigantes do universo hoje: se existe vida extraterreste. Não há como falar
sobre Marte sem levantar a questão da vida. Muitos cientistas o consideram o lugar
mais provável em nosso sistema solar em que a vida extraterrestre poderia ter
se desenvolvido uma vez – ou mesmo ainda existir. Sendo assim, nos propusemos a
responder se o planeta já abrigou vida; mas essa questão ainda está em aberto.
O que sabemos, de fato, até agora?
Phoenix
No mês passado, no dia 25, fez
cinco anos desde que a nave espacial Phoenix, da NASA, pousou no polo norte de
Marte. Segundo o Dr. Tom Pike, um dos cientistas da missão Phoenix, só agora é
possível julgar o que a nave realmente alcançou em termos de progressos
científicos. Phoenix adicionou muito ao nosso conhecimento do planeta vermelho.
Talvez sua conquista de maior destaque tenha sido cavar uma camada de gelo logo
abaixo da superfície de Marte. O material branco desenterrado parecia
desaparecer lentamente. Esta foi a prova definitiva de que os cientistas haviam
encontrado água congelada. Conforme um exame posterior de crateras de
meteoritos frescos mostrou, essa camada de gelo não estava apenas onde Phoenix
havia pousado, mas se estendia à direita mais ao norte do planeta.
Phoenix certamente foi a
primeira missão a entrar diretamente em contato com o gelo, e derretê-lo. No
entanto, já era conhecido há décadas que havia água na forma de gelo no
planeta. Apesar de menos divulgada, a mais importante descoberta de Phoenix
foi, provavelmente, a presença de percloratos no solo marciano. Estes compostos
químicos, ironicamente, haviam sido detectados pela adição de água trazida da
Terra. Um dos instrumentos de Phoenix, MECA, foi capaz de olhar para
assinaturas químicas fundamentais na sopa barrenta resultante, e a presença de
perclorato ficou bastante clara.
O problema com o perclorato na
Terra é que é muito solúvel em água. Encontrá-lo em abundância na superfície de
Marte sugeria fortemente que não havia muita água líquida por lá há algum
tempo, ou ela teria “lavado” os percloratos. Dois microscópios de Phoenix
contaram uma história similar. Os cientistas foram capazes de aumentar o zoom
para uma resolução sem precedentes e ainda não conseguiram encontrar qualquer
sinal de argila, a assinatura de água líquida. Alguns anos depois, os
pesquisadores concluíram que Marte deveria ser seco. A evidência química e
microscópica de MECA apontava que não havia água líquida (fator essencial para
a vida) na superfície de Marte.
Phoenix também foi capaz de olhar para a atmosfera acima do planeta, onde os cientistas viram pela primeira vez neve caindo do céu marciano. Água por toda parte, mas apenas na forma de gelo – certamente nada para beber. Após cinco meses de operações da missão, Phoenix falhou durante o inverno do norte, com temperaturas abaixo de menos 100 graus Celsius e sem luz solar. Quando as sondas marcianas circulando o planeta foram mais uma vez capazes de observar Phoenix, ficou claro que o gelo havia condenado a nave – seus painéis solares tinham sido arrancados pelo peso da queda de neve no inverno.
Curiosity
Em agosto passado, a nave
Curiosity chegou em Marte, pousando na cratera Gale, perto do equador do
planeta. O rover carrega muito mais poder instrumental do que Phoenix, como
seria de se esperar por cinco vezes mais o preço. Os pesquisadores depositam bastante esperança
no poderoso Laboratório Científico de Marte a bordo da Curiosity. Nos últimos
nove meses, no entanto, apesar da nave ter progressivamente implantado toda a
sua capacidade instrumental para analisar o solo marciano, Curiosity ainda não
deixou Phoenix no chinelo. A nave também
encontrou perclorato no solo – é provável que a substância cubra o planeta – e
a presença do mineral forsterita sugere que a água líquida ali é muito
limitada.
Como os microscópios de
Phoenix, Curiosity não conseguiu encontrar argila no solo. O solo no equador
parece ser tão seco quanto o solo das planícies do norte de Marte. Phoenix deu
a imagem mais conclusiva de inospitalidade da superfície de Marte até hoje.
Curiosity produziu a mesma imagem, a partir de um local muito diferente do
planeta. Mas Curiosity, ao contrário de Phoenix, pode estudar rochas antigas,
uma vez que é capaz de “caminhar” e atravessar a cratera Gale. E, para alegria
dos cientistas, a nave já coletou evidências mais úmidas e quentes a partir de
antigas formações rochosas que mostram que o planeta pode ter sido muito
diferente bilhões de anos atrás.
Até o momento, Curiosity não
encontrou qualquer um dos compostos orgânicos que indicam a possibilidade de
vida no planeta. Phoenix já havia dado mais do que um forte indício de que,
mesmo se houvesse vida em Marte, ela não seria encontrada perto da superfície.
Se Curiosity, ou qualquer outra missão, encontrar ou não sinais de que houve
uma vez, há muito tempo, vida em Marte, Phoenix pelo menos merecerá um elogio
por ter indicado a direção da pesquisa.
Fonte:Hypescience.com
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