A matéria escura é formada por pequenos buracos negros?
Uma sonda caçadora de planetas da NASA não detectou nenhum sinal de buracos negros do tamanho da lua na Via Láctea, limitando as chances de tais objetos serem formados essencialmente pela “matéria escura”, que tem intrigado os cientistas há décadas. A matéria escura é um dos maiores mistérios científicos conhecidos – uma substância invisível pensada para constituir até 5/6 de toda a matéria no universo. Ela continua tão misteriosa que os cientistas ainda estão incertos se a matéria escura é feita de partículas microscópicas ou de objetos muito maiores. O consenso atual é que a matéria escura é composta por um novo tipo de partícula, que interage muito fracamente com as forças conhecidas do universo, exceto a gravidade.
A matéria escura é invisível e intangível, e sua presença apenas é detectável pela atração gravitacional que exerce sobre a matéria comum. No entanto, apesar da pesquisa de milhares de cientistas que trabalham nos mais poderosos aceleradores de partículas da Terra e laboratórios enterrados no subsolo, ninguém ainda conseguiu detectar ou criar qualquer partícula que pode ser a matéria escura. Isso levou Kim Griest, astrofísico da Universidade da Califórnia, nos EUA, e seus colegas a investigar buracos negros como potenciais candidatos a matéria escura.
Pesquisas anteriores descobriram buracos negros supermassivos com milhões ou bilhões de vezes a massa do Sol, no centro de galáxias, mas somente estes são detectáveis facilmente, pois são tão grandes que formam um brilhante disco de matéria ao seu redor. Em teoria, buracos negros muito menores poderiam ter se formado no início do universo. Esses chamados buracos negros primordiais seriam muito mais difíceis de detectar, e poderiam existir em número suficiente para compensar toda a matéria escura. Mas o novo estudo não encontrou provas para apoiar esta teoria. Usando o telescópio espacial Kepler, da NASA, lançado em março de 2009 para caçar planetas como a Terra em torno de outras estrelas, Griest e seus colegas não detectaram nenhum sinal de buracos negros primordiais.
Ao longo de quatro anos, o Kepler monitorou o brilho de mais de 150.000 estrelas na Via Láctea para detectar regularmente o escurecimento causado por planetas que cruzam na frente delas. Se um buraco negro primordial passasse na frente de uma dessas estrelas, a estrela iria se tornar temporariamente mais brilhante. Isso porque os buracos negros dobram a luz ao seu redor com seus fortes campos gravitacionais – um fenômeno conhecido como lente gravitacional.
“Pesquisas de matéria escura são normalmente muito difíceis, envolvendo experimentos que levam milhões de dólares e décadas para serem construídos”, disse Griest. “O que é legal e divertido sobre este trabalho é que podemos usar uma experiência que foi construída para fins completamente diferentes para tentar olhar para a matéria escura. Até agora, os pesquisadores eliminaram as chances de que os buracos negros que tem aproximadamente a massa da Lua poderiam compõem a matéria escura. Dados do Kepler não mostram evidências de buracos negros entre 5 e 80% da massa da lua, sugerindo que estes buracos negros não podiam constituir a maior parte da matéria escura.
No entanto, mesmo os buracos negros primordiais menores ainda poderiam compor a totalidade da matéria escura, Griest disse. Futuras missões espaciais – como a Euclides, da Agência Espacial Europeia, poderiam procurar buracos negros com apenas 0,0001% a massa da Lua. Nós já descartamos uma série de buracos negros primordiais para a matéria escura, mas não descartamos todos eles completamente”, disse Griest. “Eles ainda são um candidato viável para a matéria escura.”
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