Acelerador de antimatéria promete deixar LHC no chinelo
Simulação de um grupo de pósitrons - antimatéria do elétron
- sendo produzido e acelerado. [Imagem: Aakash A. Sahai -
10.1103/PhysRevAccelBeams.21.081301]
Mini-acelerador de antimatéria
Aakash Sahai, um físico do
Imperial College de Londres, descobriu uma maneira de acelerar a antimatéria em
um espaço de centímetros, em lugar dos quilômetros dos aceleradores atuais de
matéria, o que promete fomentar não apenas a ciência das partículas exóticas,
como também vislumbrar fenômenos de uma "nova física".
A nova técnica poderá ser usada
para investigar mistérios como as propriedades do bóson de Higgs, ou a natureza
das hipotéticas matéria escura e energia escura, além de fornecer testes mais
sensíveis para materiais usados em aviões e chips de computador.
Os aceleradores de partículas
como o LHC (Large Hadron Collider), na fronteira entre a Suíça e a França, e o
LCLS (Linac Coherent Light Source), nos Estados Unidos, aceleram partículas
elementares de matéria, como prótons e elétrons.
Essas partículas aceleradas podem
ser postas para colidir, como no LHC, para se quebrarem e produzir partículas
mais elementares, como o bóson de Higgs, que dá massa a todas as outras
partículas. Elas também podem ser usadas para gerar luz laser de raios X, como
no LCLS, luz esta que é usada para fazer imagens de processos extremamente
rápidos e pequenos, como a fotossíntese.
No entanto, para chegar às altas
velocidades necessárias, os aceleradores precisam usar equipamentos com pelo
menos dois quilômetros de extensão - o LHC tem 27 km de circunferência. Por
isso tem havido um interesse crescente na construção de mini-aceleradores de
partículas, que possam fazer o mesmo trabalho a um custo menor.
Feixes de antimatéria
Agora, Sahai inventou um método
de acelerar não partículas de matéria, mas a versão de antimatéria dos elétrons
- os pósitrons - em um sistema que teria apenas alguns centímetros de
comprimento.
A técnica de aceleração de
antimatéria usa lasers e plasma - um gás de partículas carregadas - para
produzir, concentrar e acelerar os pósitrons, criando um feixe concentrado de
antimatéria. Esse acelerador em escala centimétrica poderia usar os lasers já existentes
para acelerar feixes de pósitrons com dezenas de milhões de partículas até a
mesma faixa de energia alcançada com o acelerador LCLS, de dois quilômetros.
A colisão de feixes de elétrons e
de pósitrons pode ter implicações importantes para a física fundamental. Por
exemplo, essas colisões podem eventualmente criar uma taxa mais alta de bósons
de Higgs do que o LHC, permitindo que os físicos estudassem melhor suas
propriedades. Elas também poderão ser usadas para procurar novas partículas
propostas por uma teoria chamada "supersimetria", que preencheria
algumas lacunas no Modelo Padrão da física de partículas, mas que não deram as
caras no LHC até agora.
Os feixes de pósitrons também
teriam aplicações práticas. Atualmente, ao verificar falhas e riscos de fratura
em materiais como peças de aeronaves, lâminas de motores a jato e chips de
computador, são tipicamente usados raios X ou feixes de elétrons. Os pósitrons
interagem de maneira diferente com esses materiais, proporcionando outra
dimensão ao processo de controle de qualidade.
A técnica foi modelada usando as
propriedades dos lasers já existentes, e agora Sahai está formando uma equipe
para testá-la em experimentos reais. Se tudo funcionar como previsto, a
tecnologia poderá permitir que muitos laboratórios ao redor do mundo realizem
experimentos de aceleração de antimatéria.
Esquema do acelerador de antimatéria, que terá apenas alguns
centímetros de comprimento. [Imagem: Aakash A. Sahai -
10.1103/PhysRevAccelBeams.21.081301]
Acelerador de antimatéria
O acelerador vai exigir um tipo
de sistema de laser que atualmente cobre cerca de 25 metros quadrados, mas que
já está presente em muitos laboratórios de física em todo o mundo. As tecnologias usadas em
instalações como o LHC ou o LCLS não sofreram avanços significativos desde sua
invenção na década de 1950. Eles são caros para serem operados, e pode ser que
em breve tenhamos tudo o que é possível conseguir com eles.
"Uma nova geração de
aceleradores de partículas elusivas - compactos, de alta energia e baratos -
nos permitiria investigar a nova física - e permitir que muitos mais
laboratórios ao redor do mundo se unam ao esforço.
"Com este novo método
acelerador poderíamos reduzir drasticamente o tamanho e o custo da aceleração
de antimatéria. O que hoje só é possível fazer usando grandes instalações de
física, a custos de dezenas de milhões de dólares, pode ser possível em
laboratórios de física comuns," justificou Sahai.
Fonte: Inovação Tecnológica
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