Encontradas quase 500 explosões em núcleos galácticos


Impressão de artista de um evento de ruptura de marés que acontece quando uma estrela passa fatalmente perto de um buraco negro supermassivo, que reage lançando um jato relativista.Crédito: Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF, NASA, STScI

Além das mil milhões de estrelas da Via Láctea, o observatório espacial Gaia da ESA também observa objetos extragaláticos. O seu sistema automatizado de alerta avisa os astrónomos sempre que é detetado um evento transitório. Uma equipe de astrónomos descobriu que, ao ajustar o sistema automatizado existente, a nave Gaia pode ser usada para detetar centenas de transientes peculiares nos centros de galáxias. 

Encontraram cerca de 480 transientes ao longo de um período de cerca de um ano. O seu novo método será implementado no sistema o mais rápido possível, permitindo que os astrónomos determinem a natureza desses eventos. Os resultados serão publicados na edição de novembro da revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.


Em 2013, a ESA lançou a sua nave Gaia para medir a localização de mil milhões de estrelas na nossa Galáxia e dezenas de milhões de galáxias. Cada posição no céu entra na visão da sonda uma vez por mês, num total de aproximadamente setenta vezes durante a missão. Isto permite que a espaçonave identifique eventos transitórios, como buracos negros supermassivos que rasgam estrelas ou estrelas que explodem como supernovas. 

O observatório Gaia nota uma diferença no brilho quando volta à mesma zona do céu um mês depois. Uma equipe de astrónomos do Instituto SRON para Pesquisas Espaciais da Holanda, da Universidade de Radboud e da Universidade de Cambridge encontrou agora quase quinhentos transientes ocorrendo nos centros de galáxias ao longo de um ano.

Os astrónomos Zuzanna Kostrzewa-Rutkowska, Peter Jonker, Simon Hodgkin e outros procuraram na base de dados do Gaia eventos transitórios em torno dos núcleos de galáxias entre julho de 2016 e junho de 2017. Usaram um catálogo de galáxias - a versão 12 do SDSS (Sloan Digitized Sky Survey) - e uma ferramenta matemática personalizada. A nova ferramenta permite que os investigadores identifiquem eventos luminosos e raros oriundos dos centros galácticos. Identificaram 480 eventos, dos quais apenas cinco foram captados antes pelo sistema de alerta.

Alertar rapidamente a comunidade astronómica é fundamental para muitos dos eventos descobertos. Para cerca de cem destes eventos, nada fora do comum foi observado pelo observatório Gaia no mês anterior e no mês após a deteção, indicando que o evento que levou à emissão de luz foi curto. 

"Estes eventos têm um grande valor porque permitem que os astrónomos estudem por um breve período buracos negros supermassivos anteriormente invisíveis," explica Jonker. "Especialmente os eventos de curta duração, que podem indicar a localização dos até agora elusivos buracos negros de massa intermédia que destroem as estrelas."

A explicação principal para a maioria dos eventos é que os buracos negros supermassivos que residem nos núcleos das galáxias tornam-se repentinamente muito mais ativos à medida que a quantidade de gás que cai para o buraco negro aumenta e ilumina o ambiente próximo do buraco negro. Este novo combustível pode ser extraído de uma estrela rasgada pela enorme atração gravitacional do buraco negro.

Peter Jonker, com Zuzanna Kostrzewa-Rutkowska e outros do seu grupo, iniciaram recentemente uma campanha para decifrar a natureza dos 480 novos transientes usando o Telescópio William Herschel situado em La Palma, Ilhas Canárias.
Fontes: http://www.ccvalg.pt/astronomia

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Espiral de lado

Um rejuvenescimento galáctico

Planeta Mercúrio

Lua eclipsa Saturno

Alpha Camelopardalis: Estrela Veloz Cria Uma Onda de Choque

Messier 2

Foto do James Webb prova que teoria astronômica sobre planetas está errada

Ou a energia escura não é constante ou uma segunda força desconhecida está em ação...

Nosso Sistema Solar pode capturar um planeta? Cientistas dizem que sim

Como intensas explosões estelares forjaram os gigantes galácticos do universo