Astrônomos brasileiros descobre 3 novos aglomerados globulares que podem contar a história da Via Láctea
Três
aglomerados globulares de estrelas, velhos e pobres em metal foram registrados
no bulbo galáctico. Os aglomerados recém-descobertos são designados de Camargo
1107, 1108 e 1109, e podem oferecer pistas sobre a estrutura e a natureza da
região central da nossa galáxia. As descobertas foram publicadas num artigo no
renomado periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e foi
escrito por um brasileiro, o grande Denilson Camargo, um especialista na
detecção e estudo dos aglomerados globulares.
Os
aglomerados globulares são coleções de estrelas bem empacotadas e que possuem
uma forma globular. Os astrônomos usam os aglomerados globulares como
laboratórios naturais para estudar a evolução das estrelas e das galáxias. Dado
que os aglomerados globulares são relativamente raros, para você ter uma ideia
existem cerca de 200 identificados na Via Láctea, a busca para identificar
novos objetos desse tipo é essencial para melhorar o nosso entendimento da
galáxia.
Recentemente,
Denilson Camargo, que é do Colégio Militar de Porto Alegre, no Brasil, e Dante
Minniti, da Universidad Andrés Bello, em Santiago no Chile, revelaram a
descoberta de um trio de novos aglomerados globulares galácticos. Esses
aglomerados estão entre os mais velhos e os mais pobres em metal conhecidos no
bulbo central da Via Láctea, até o momento. E eles podem fornecer ideias
importantes sobre a formação dessa região da nossa galáxia.
“Essa
nova descoberta pode jogar uma luz sobre como o bulbo galáctico se formou, já
que eles mostram que a região interna da Via Láctea abriga uma sub-população de
aglomerados globulares primordiais. Contudo, eles são os mais velhos e os mais
pobres em metal entre os aglomerados globulares já identificados na Via Láctea
até o momento. Isso, então, nos sugere que esses aglomerados globulares podem
ser parte de um bulbo antigo clássico Gerado pela fusão na história primordial
da Via Láctea”, disse Camargo.
Ele
ainda adicionou que esses aglomerados globulares primordiais podem revelar como
a matéria bariônica colapsou para formar as galáxias logo depois do Big Bang,
no universo bem jovem.
De
acordo com o estudo, o Camargo 1107 e o 1108 têm cerca de 13.5 bilhões de anos
de vida, enquanto que a idade do Camargo 1109 é estimada em aproximadamente 12
bilhões de anos de vida. Com uma metalicidade no nível de -2.2 dex, o Camargo
1107 é um caso especial, já que as suas propriedades sugerem que ele tenha se
formado logo depois do Big Bang.
“Como
esse aglomerado globular, basicamente testemunhou toda a história da nossa
galáxia e a história do próprio universo, ele pode permitir que nós possamos
reconstruir a cadeia de processos físicos experimentados pela Via Láctea desde
a sua origem até os dias de hoje”, disse Camargo.
Os
astrônomos notaram que os aglomerados como o trio recém-descoberto podem ser
remanescentes de uma classe primordial de aglomerados globulares que foram
destruídos principalmente pelos processos dinâmicos e são a fonte de antigos
campos de estrelas que habitavam o bulbo galáctico e o halo interno.
Camargo
e Minniti também destacaram a importância de futuras pesquisas por novos
aglomerados globulares na região central da nossa galáxia. Qualquer nova
descoberta seria fundamental para avançar o nosso conhecimento sobre a formação
e a evolução da Via Láctea. Contudo, essas observações não são fáceis de serem
feitas já que muitos aglomerados globulares apagados permanecem indetectáveis
até agora devido a alta taxa de extinção e ao campo estelar tumultuado que se
encontra no bulbo galáctico.
Fonte: SPACE TODAY
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