Diretamente de um planeta distante: Pistas espectrais de intrigante paradoxo
Impressão de artista de vários planetas gigantes gasosos em órbita de uma jovem estrela que tem um disco protoplanetário remanescente. Dado que o disco remanescente de CI Tau está ligeiramente inclinado, mais ou menos idêntico ao que vemos na imagem, os astrónomos conseguiram medir diretamente a luz tanto da estrela quanto do seu íntimo planeta CI Tau b.Crédito: NASA/JPL-Caltech/T. Pyle
CI
Tau b é um planeta paradoxal, mas uma nova investigação sobre a sua massa,
brilho e monóxido de carbono na sua atmosfera está a começar a responder a
perguntas sobre como um planeta tão grande pode ter-se formado em torno de uma
estrela com apenas 2 milhões de anos.
Num
encontro da Sociedade Astronómica Americana que decorreu na passada
segunda-feira em St. Louis, EUA, os astrónomos Christopher Johns-Krull da
Universidade Rice e Lisa Prato do Observatório Lowell apresentaram descobertas
de uma análise espectroscópica no infravermelho próximo, ao longo de quatro
anos, de CI Tau b, um exoplaneta gigante, um "Júpiter quente", numa
órbita íntima de nove dias em torno da sua estrela hospedeira, situada a cerca
de 450 anos-luz da Terra na direção da constelação de Touro.
"A
coisa mais emocionante é que somos capazes de detetar luz diretamente do
planeta, e é a primeira vez que tal foi feito para um planeta tão perto de uma
estrela tão jovem," disse Johns-Krull, professor de física e astronomia e
coautor de um artigo que será publicado na revista Astrophysical Journal
Letters da Sociedade Astronómica Americana. "A maneira mais valiosa de
aprender como os planetas se formam é estudando planetas, como CI Tau b, que
ainda estão a formar-se ou que acabaram de se formar."
Durante
décadas, a maioria dos astrónomos acreditava que planetas gigantes como Júpiter
e Saturno formavam-se longe das suas estrelas ao longo de períodos de 10
milhões de anos ou mais. Mas a descoberta de dúzias de "Júpiteres
quentes" levou a novos modelos teóricos que descrevem como esses planetas
se podem formar.
Johns-Krull
disse que a idade de CI Tau b fez dele o candidato perfeito para observação com
o IGRINS (Immersion Grating Infrared Spectrograph), o instrumento único de alta
resolução usado durante observações de CI Tau b com o Telescópio Harlan J.
Smith de 2,7 metros do Observatório McDonald e com o Telescópio do Discovery
Channel de 4,3 metros do Observatório Lowell.
Dado
que cada elemento atómico e molécula numa estrela emite luz de um conjunto único
de comprimentos de onda, os astrónomos podem procurar assinaturas específicas,
ou linhas espectrais, para ver se um elemento está presente numa estrela ou em
planetas distantes. As linhas espectrais também podem revelar a temperatura, a
densidade de uma estrela e a velocidade a que se está a deslocar.
Prato
disse que a equipa de investigação usou as linhas espectrais do monóxido de
carbono para distinguir entre a luz emitida pelo planeta e a luz emitida pela
estrela próxima.
"Muitas
das linhas espectrais que estão no planeta também estão na estrela,"
explicou Prato. "Se tanto o planeta quanto a estrela estivessem
estacionários, as suas linhas espectrais juntavam-se e nós não saberíamos dizer
quais as que eram da estrela e quais as que eram do planeta. Mas dado que o
planeta orbita rapidamente a sua estrela, as suas linhas desviam-se para a
frente e para trás dramaticamente. Podemos subtrair as linhas da estrela e ver
apenas as linhas do planeta. E, a partir daí, podemos determinar quão brilhante
é o planeta, em relação à estrela, o que nos diz algo sobre como foi
formado."
Isto
porque o brilho de uma estrela ou planeta depende do tamanho e da temperatura.
"As
evidências diretas observacionais da massa e do brilho de CI Tau b são
particularmente úteis porque sabemos que orbita uma estrela muito jovem,"
disse a estudante de doutoramento Laura Flagg, da Universidade Rice, autora
principal do estudo. "A maioria dos Júpiteres quentes que encontramos
estão em órbita de estrelas de meia-idade. A idade de CI Tau b coloca uma forte
restrição para testar os modelos: será que podem produzir um planeta tão
brilhante e tão massivo em tão pouco tempo?"
A
análise de Flagg das linhas espectrais do monóxido de carbono mostraram que CI
Tau b tem uma massa de 11,6 Júpiteres e é aproximadamente 134 vezes mais ténue
do que a sua estrela-mãe. Prato disse que isto fornece fortes evidências de que
se formou através de um "início quente", um modelo teórico que
descreve como as instabilidades gravitacionais podem formar planetas gigantes
mais depressa do que os modelos tradicionais.
Prato
salientou que o novo estudo fornece um padrão empírico único para medir as
atuais teorias concorrentes.
"Com
cerca de 2 milhões de anos, CI Tau b é de longe o Júpiter quente mais jovem já
detetado diretamente," explicou. "Temos agora dados sobre a sua massa
e sobre o seu brilho - a única massa e o único brilho medidos diretamente para
um jovem Júpiter quente - e isso fornece testes muito fortes para os modelos de
formação planetária."
O
IGRINS, que foi desenhado pelo coautor do estudo Daniel Jaffe da Universidade
do Texas em Austin, usa uma grade de difração com base no silício para melhorar
tanto a resolução quanto o número de bandas espectrais no infravermelho próximo
que podem ser observadas em objetos distantes como CI Tau b e como a sua
estrela-mãe. O IGRINS foi transferido do Observatório McDonald para o
Observatório Lowell durante o estudo.
Fonte: Astronomia OnLine
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