Um radiotelescópio no lado afastado da Lua poderia descobrir muitos exoplanetas
Observar o universo a partir da Terra tem algumas vantagens, como a
viabilidade em construir um grande radiotelescópio. No entanto, justamente por
estar na superfície do planeta, parte dos sinais que estes observatórios
recebem lá de fora sofre interferência da atmosfera terrestre, e para alguns
comprimentos de onda, como os sinais de rádio, até mesmo nos lugares mais
remotos e de céu limpo, a camada atmosférica pode absorver ou espalhar esses
sinais. Pensando em superar este desafio, astrônomos propõem a construção de um
radiotelescópio no lado mais distante da Lua — pode parecer um exagero, mas os
benefícios são muitos.
Além de o lado mais distante da Lua estar protegido do grande volume de
sinais de rádio que a Terra emite, o nosso satélite natural não possui uma
atmosfera. Um radiotelescópio construído em alguma cratera lunar, seria o
instrumento deste tipo mais sensível já construído. Tão sensível que seria
capaz de descobrir os sinais de exoplanetas. Vale lembrar que a NASA tem
avaliado qual o melhor projeto para tornar este tipo de observação possível.
Boa parte do nosso conhecimento sobre exoplanetas vem das observações
feitas pela luz visível, normalmente quando um planeta passa em frente a sua
estrela hospedeira — a partir da nossa perspectiva —, o chamado método do
trânsito. Também é possível observar estes mundos alienígenas de maneira
direta, através do comprimento de luz infravermelha. Em alguns casos, grandes
planetas gasosos ou anãs marrons também podem emitir sinais de rádio produzidos
por seu forte campo magnético e intensa aurora, forte o suficiente para
observarmos daqui.
Na ilustração, as manchas coloridas são as intensas emissões, a maioria vinda do lado noturno do exoplaneta (Imagem: Reprodução/Anthony Sciola/Rice University)
No entanto, mundos distantes com o tamanho da Terra podem não ser
brilhantes o suficiente nas ondas de rádio para serem vistos de observatórios
localizados na superfície terrestre, mas um radiotelescópio no lado mais
afastado da Lua poderia superar essa barreira. Em um novo estudo publicado na
Astrophysical Journal, cientistas simularam os efeitos de uma magnetosfera de
um exoplaneta a partir dos comprimentos de rádio que ele emite, especificamente
pela aurora provocada por períodos de grande atividade de sua estrela
hospedeira.
A partir da simulação, a equipe descobriu que as auroras de luz visível
tendem a se concentrar em seus polos magnéticos, enquanto as auroras de rádio
ocorrem distantes dos polos, de maneira mais espalhada pelo exoplaneta. Aqui da
Terra, fica difícil observar essas faixas de rádio, porque a atmosfera bloqueia
qualquer sinal vindo de um planeta com tamanho do nosso. Um radiotelescópio lunar,
segundo o estudo, seria capaz de capturar a aurora de mundos distantes a partir
dos sinais de rádio — mesmo em lados escuros.
Simulações como esta são fundamentais para entender a força e
estabilidade da magnetosfera de um planeta, especialmente aqueles que orbitam
suas estrelas hospedeiras na chamada zona habitável (onde a água pode ser
encontrada em seu estado líquido). Graças ao campo magnético da Terra, sua rica
atmosfera é protegida. Os cientistas acreditam que ao estudar a magnetosfera de
exoplanetas, é possível compreender se ele tem uma atmosfera rica como a nossa.
De qualquer maneira, se a NASA realmente conseguir montar um
radiotelescópio no lado mais distante da Lua nos próximos anos, poderemos
observar o brilho de uma aurora em um mundo distante e de tamanho parecido com
o da Terra. O estudo foi publicado em 15 de junho deste ano, no periódico
científico Astrophysical Journal.
Fonte: Universe Today
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