Astrônomos buscam vida inteligente no meio da Via Láctea (e não acham nada)
Em mais uma tentativa de encontrar vida inteligente fora do nosso sistema solar, pesquisadores do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) concluíram uma busca por sinais de “tecnoassinaturas” no centro da Via Láctea. Mas, assim como outros estudos antes deste, nada foi identificado em nossa galáxia.
“Tecnoassinatura” é o nome dado a eventos decorrentes do uso da tecnologia. Se há tecnologia, há o controle por trás dela. Se há tal controle, há inteligência. Em termos bem resumidos, “tecnoassinatura” é diametralmente oposta à “bioassinatura” (produzida por processos biológicos), mas ambas podem apontar para o mesmo destino: a presença de vida.
O foco da nova pesquisa foi em Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo que fica bem no centro da Via Láctea. A busca se concentrou em procurar ondas de rádio em uma frequência de 150 megahertz (MHz) e contemplou 144 sistemas exoplanetários.
É importante ressaltar que “não termos encontrado” nenhum sinal é diferente de “não há nenhum sinal a ser encontrado”. Existe um debate na comunidade científica sobre o que exatamente é uma “tecnoassinatura” — especialmente porque estudos normalmente se baseiam em emissões de rádio.
E embora seja verdade que ondas de rádio possam ser produzidas pelo uso tecnológico, também é fato que elas podem ser produzidas naturalmente: na Terra, relâmpagos são conhecidos por essa emissão, enquanto o espaço tem vários exemplos: o Sol emite ondas na frequência de 300 MHz, por exemplo. Júpiter e sua maior lua (Ganimedes) também têm suas emissões.
Tudo isso pode ser detectado por sensores previamente ajustados e gerar confusão na percepção científica — resultados chamados “falsos positivos” existem por um motivo, afinal. Mesmo assim, boa parte dos cientistas apostam em emissões de rádio por serem a coisa mais prática a se procurar, devido à sua abundância e facilidade de identificação.
A escolha de Sagittarius A* como o foco também se deu pela praticidade: há mais estrelas naquela região. Como não existe um padrão de onde procurar (ou não procurar), faz sentido que nós façamos nossas apostas em uma grande área. “A existência de poderosos transmissores e receptores bastante sensíveis a menores frequências — ambos nascendo no começo da história da engenharia de rádio — motiva as buscas por tecnoassinaturas de baixa frequência ao oferecer um exemplo de classe de sinais artificialmente produzidos, e os instrumentos para fazê-lo”, diz trecho do estudo.
Por esse ponto, faz sentido olhar para onde há mais estrelas. Afinal,
quanto maior a quantidade de astros, maior a possibilidade de exoplanetas e,
consequentemente, mais chances de encontro com alguma vida inteligente no
centro da Via Láctea.
Entretanto, isso também tem seu lado ruim: mais estrelas aumentam a probabilidade de eventos cataclísmicos — a ocorrência de supernovas ou pulsações de grande porte de magnetares são apenas dois exemplos que, ocorridos, varreriam qualquer civilização da superfície de qualquer planeta em suas imediações.
Ainda assim, o histórico favorece esse método: vários estudos comprovam que maiores densidades de planetas foram encontradas em pontos com maior número de estrelas. Por associação, se formos encontrar algo remotamente inteligente (e não humano), então esse seria o ponto mais indicado para começarmos a procurar.
Em outras palavras: não foi o caso dessa vez, mas nossos olhos estão voltados ao lugar certo. Se houver vida inteligente na direção do centro da Via Láctea, pode ser uma questão de ajuste de instrumentos até que possamos detectá-la.
Fonte: Olhar Digital
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