Descoberto um exoplaneta com fusão nuclear em seu núcleo
Planeta com fusão nuclear
A
fronteira que estabelece uma divisão entre o que é uma estrela e o que é um planeta
é bem mais difusa do que parece.
O exoplaneta foi descoberto pelo telescópio GAIA usando uma técnica inusitada, que consiste em medir movimentos muito sutis de uma estrela. [Imagem: S. Hinkley et al. - 10.48550/arXiv.2208.04867]
Além
das relativamente bem conhecidas anãs marrons, hoje já encontramos várias
estrelas tão frias quanto planetas - há até uma estrela tão fria quanto o Polo
Norte da Terra - e também alguns superplanetas muito parecidos com estrelas.
O
conceito típico de estrela é um corpo celeste com massa - e, por decorrência,
gravidade - grande o suficiente para manter um processo sustentado de fusão
nuclear, que faz com que o corpo celeste seja responsável por sua própria
emissão de energia.
Agora,
contudo, o professor Sasha Hinkley, da Universidade de Exeter, no Reino Unido,
liderou uma grande equipe internacional de astrônomos que chegou a uma
conclusão inusitada ao observar um novo exoplaneta, chamado HD206893c,
orbitando sua estrela a cerca de 480 milhões quilômetros e com uma massa maior
que a de Júpiter.
Segundo
a interpretação da equipe, o exoplaneta está apresentando sinais de fusão
nuclear em seu núcleo.
Fronteira entre superplanetas e estrelas
Os
pesquisadores confirmaram a existência do exoplaneta
O exoplaneta gigante apresenta o que os astrônomos chamam de "um brilho próprio óbvio".[Imagem: S. Hinkley et al. - 10.48550/arXiv.2208.04867]
usando
o instrumento Gravity, montado no VLT, no Chile, que funciona usando
interferometria óptica para sincronizar os quatro telescópios principais do
Observatório Europeu do Sul para que eles funcionem como um telescópio muito
maior.
Essa técnica permite medir a posição do planeta em sua órbita com extrema precisão, bem como medir o espectro de luz sendo emitido pelo planeta - o que, de quebra, permite caracterizar sua atmosfera. Foi esta análise que revelou que o planeta apresenta claramente um "brilho" próprio. E, concluiu a equipe, isto só pode se dever à fusão nuclear pela queima de deutério, ou hidrogênio pesado, em seu núcleo.
"O
que distingue um planeta gigante extrassolar de uma anã marrom ainda é uma
questão de debate. A definição atual da União Astronômica Internacional para um
planeta é um objeto que está abaixo da massa necessária para a fusão
termonuclear do deutério, que atualmente acreditamos ocorrer a 13 massas de
Júpiter. A identificação de objetos próximos a esse limite de massa esclarecerá
quão clara é a fronteira entre planetas massivos e anãs marrons.
"No
entanto, o que qualifica um objeto como um exoplaneta pode estar mais
relacionado ao seu mecanismo de formação do que apenas à sua massa. Sistemas
exoplanetários híbridos, contendo tanto uma anã marrom quanto um exoplaneta,
que presumivelmente se formaram ao mesmo tempo a partir do mesmo disco
protoplanetário, são, portanto, sistemas ideais para estudar diferentes
caminhos de formação possíveis usando diagnósticos como proporções atômicas
atmosféricas," escreveu a equipe.
Fonte: Inovação Tecnológica
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