Astrônomos descobrem primeiro passo para a formação de planetas
Entender
a formação de planetas é crucial para desvendar a origem da vida.
Tradicionalmente, acredita-se que os planetas se formam a partir de poeira e
gás interestelares em um disco protoplanetário. No entanto, o início exato
desse processo tem sido um mistério.
Uma
imagem da intensidade da emissão de ondas de rádio do disco em torno de DG
Taurus, observada com o ALMA. Os anéis ainda não se formaram no disco,
sugerindo que isso ocorreu pouco antes da formação do planeta. Crédito: ALMA
(ESO/NAOJ/NRAO), S. Ohashi et al.
A
presença de um planeta em formação em um disco é indicada por padrões em forma
de anel, criados pela gravidade do planeta. Observações realizadas com o ALMA
identificaram essas estruturas em vários discos, sugerindo a existência de
planetas. No entanto, para estudar a formação planetária em detalhes, é
essencial observar discos onde ainda não existem planetas. Esta tarefa é
desafiadora, dada a dificuldade em encontrar tais discos e estudá-los em
detalhe.
Um
estudo recente, intitulado “Dust Enrichment and Grain Growth in a Smooth Disk
around the DG Tau Protostar”, publicado no The Astrophysical Journal, trouxe
novas perspectivas sobre o assunto. A pesquisa se concentrou na jovem
protoestrela DG Taurus (DG Tau). Utilizando o ALMA, os pesquisadores estudaram
o disco ao redor de DG Tau com uma resolução espacial impressionante de 0,04
arcsec.
As
observações revelaram que o disco ao redor de DG Tau é suave, sem os padrões em
forma de anel vistos em protoestrelas mais antigos. Isso sugere que ainda não
há planetas no disco de DG Tau, e a imagem pode representar o início da
formação planetária.
Para
aprofundar a análise, o disco foi observado em diferentes comprimentos de onda.
Estas observações, combinadas com simulações, permitiram estimar o tamanho e a
densidade da poeira. Os resultados indicam que a poeira no disco está
crescendo, especialmente na parte externa. Contrariamente às teorias
tradicionais que sugerem que a formação planetária começa na parte interna do
disco, este estudo indica que pode começar na parte externa.
(Topo) Mapas de intensidade de ondas de rádio do disco DG Tau em comprimentos de onda de 0,87 mm, 1,3 mm e 3,1 mm observados com o ALMA e mapas de intensidade de polarização de ondas de rádio espalhadas pela poeira em comprimentos de onda de 0,87 mm e 3,1 mm. (Inferior) A simulação que fornece a melhor concordância com as observações acima. Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), S. Ohashi et al
Além
disso, foi observado que a proporção de poeira para gás na região interna é dez
vezes maior do que o normal, embora o tamanho da poeira seja menor. Estas
partículas de poeira estão bem assentadas no plano médio do disco, indicando
que o disco está acumulando material, possivelmente prenunciando a formação de
planetas no futuro.
As
observações de alta resolução do ALMA, juntamente com a observação de ondas de
rádio emitidas pela poeira em três diferentes comprimentos de onda, foram
fundamentais para essas descobertas. Esta é a primeira vez que o tamanho e a
densidade da poeira em um disco suave, sem sinais de formação planetária, foram
revelados.
Estas
descobertas fornecem informações inéditas sobre os locais de formação
planetária, que não poderiam ser previstas por estudos teóricos anteriores ou
observações de discos com sinais de formação planetária.
Satoshi
Ohashi, comentando sobre a importância desta pesquisa, destacou que, embora o
ALMA tenha capturado uma variedade de estruturas de disco e revelado a
existência de planetas, para responder à pergunta “Como começa a formação
planetária?”, é essencial observar um disco suave sem sinais de formação
planetária. Este estudo, portanto, é de grande relevância, pois lança luz sobre
as condições iniciais para a formação planetária.
Em
resumo, este estudo representa um avanço significativo na astrofísica,
desafiando teorias tradicionais e destacando a necessidade de ferramentas
observacionais avançadas. As descobertas abrem novos caminhos para estudos
futuros sobre a formação planetária, reforçando a importância de estudar
protoestrelas jovens e fornecendo uma visão única das primeiras etapas da
formação planetária.
Fonte: Phys.org
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