Cientistas descobrem possível novo planeta anão que pode desafiar a ideia do planeta nove
Cientistas encontraram um
possível novo planeta anão nos confins do sistema solar, e essa descoberta pode
trazer más notícias para quem acredita na existência de um misterioso “Planeta
Nove”
Uma nova descoberta pode significar o cancelamento do Planeta Nove. (Crédito da imagem: nagualdesign; Tom Ruen, fundo retirado de File:ESO – Milky Way.jpg/Wikimedia Commons)
O objeto, chamado 2017 OF201, tem
uma órbita muito diferente do comum, o que o torna especial e raro.
Uma descoberta inesperada
“Ficamos muito animados com a
descoberta do 2017 OF201, pois não esperávamos encontrá-lo”, disse Sihao Cheng,
líder do estudo e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados em Princeton,
em entrevista ao site Space.com. “É muito raro encontrar um objeto que seja ao
mesmo tempo grande e com uma órbita tão incomum.”
A órbita do 2017 OF201 é
extremamente alongada. Em seu ponto mais distante do Sol (chamado afélio), ele
fica a mais de 1.600 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Já no ponto mais
próximo (periélio), ele se aproxima a cerca de 44,5 vezes essa distância,
semelhante à órbita de Plutão.
O que sabemos sobre o
sistema solar externo
O sistema solar externo, além de
Netuno, é uma região fascinante e cheia de mistérios. Lá encontramos o Cinturão
de Kuiper, uma área com muitos objetos gelados, como cometas e planetesimais,
onde Plutão e sua lua Caronte são os mais conhecidos. Esse cinturão começa a
cerca de 30 unidades astronômicas (UA) do Sol – sendo 1 UA a distância da Terra
ao Sol – e vai até cerca de 50 UA. A sonda New Horizons, da NASA, está
explorando essa região.
Mais além, existe a chamada
“Disco Disperso”, uma área que pode se estender por mais de 1.000 UA. Nela,
objetos têm órbitas muito alongadas e inclinadas, moldadas por interações
gravitacionais com Netuno e influenciadas por estrelas distantes ou pela “maré
galáctica” (a força gravitacional da Via Láctea). Ainda mais longe, acredita-se
que exista a Nuvem de Oort, uma região imensa que pode chegar a um ano-luz do
Sol e que seria a origem de cometas de longo período. No entanto, nunca vimos
diretamente um objeto da Nuvem de Oort, pois estão muito distantes e são
pequenos.
Por isso, cada descoberta de um
objeto transnetuniano (TNO), como o 2017 OF201, é importante para entender
melhor essa parte distante do sistema solar.
Detalhes do novo planeta
anão
Cerca de 5.000 TNOs já foram
descobertos, mas o 2017 OF201 é especial. Ele está atualmente a 90,5 UA do Sol,
mas sua órbita o leva a apenas 6,66 bilhões de quilômetros do Sol (no periélio)
e a incríveis 244 bilhões de quilômetros no ponto mais distante. Sua órbita
completa leva 24.256 anos, e ele só foi visto porque passou pelo periélio em
1930, estando ainda “relativamente” perto de nós.
Em 1930, ano em que Plutão foi
descoberto por Clyde Tombaugh com um telescópio de 33 cm, seria quase
impossível detectar o 2017 OF201, pois ele é muito mais fraco que Plutão. Hoje,
com telescópios modernos, como os usados no Dark Energy Survey (DES) e no Dark
Energy Camera Legacy Survey (DECaLS), foi possível encontrá-lo em dados de 2017
e até em observações antigas de 2011 e 2012, feitas por telescópios no Chile e
no Havaí.
Com base em seu brilho e na
quantidade de luz que reflete (cerca de 15%), os cientistas estimam que o 2017
OF201 tenha cerca de 700 km de diâmetro. Isso o torna o segundo maior objeto
com uma órbita tão alongada, menor que Plutão (2.377 km), mas grande o
suficiente para ser considerado um planeta anão.
Problemas para o Planeta
Nove
A descoberta do 2017 OF201 cria
dúvidas sobre a existência do Planeta Nove, uma ideia proposta em 2016 pelos
astrônomos Michael Brown e Konstantin Batygin. Eles sugeriram que um planeta
grande, talvez do tamanho de uma “super-Terra” ou um pequeno gigante gelado,
estaria influenciando as órbitas de vários TNOs extremos, que parecem se
agrupar em certas direções. No entanto, a órbita do 2017 OF201 não segue esse
padrão.
“Muitos TNOs extremos têm órbitas
que parecem se alinhar de forma específica, mas o 2017 OF201 foge disso”,
explicou Jiaxuan Li, um dos pesquisadores.
Segundo Sihao Cheng, a órbita do
2017 OF201 seria instável se o Planeta Nove existisse, pois a gravidade desse
planeta poderia expulsá-lo do sistema solar em cerca de 100 milhões de anos. No
entanto, a formação da órbita do 2017 OF201, influenciada por Netuno e pela
maré galáctica, levaria bilhões de anos. Uma possibilidade é que o 2017 OF201
tenha chegado a essa órbita recentemente, antes que o suposto Planeta Nove
pudesse afetá-lo.
“Precisamos investigar se a
órbita desse objeto é estável”, disse Cheng. “Ela está no limite entre estável
e instável, então mais simulações detalhadas são necessárias para descartar de
vez a hipótese do Planeta Nove.”
Conclusão
A descoberta do 2017 OF201 é um
passo importante para entender o sistema solar externo, mas também levanta
questões sobre o Planeta Nove. Mais estudos e observações serão necessários
para confirmar se esse novo planeta anão realmente desafia a existência de um
nono planeta ou se ele é apenas uma peça a mais no grande quebra-cabeça
cósmico.
Terrarara.com.br

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