Como um pulsar de milissegundos enganou os astrônomos por anos?
Estrelas de nêutrons, esses cadáveres estelares ultradensos, continuam a surpreender os cientistas. Uma equipe internacional utilizou o telescópio espacial IXPE da NASA para estudar PSR J1023+0038, um pulsar de milissegundos interagindo com uma estrela companheira. Contrariando as expectativas, os raios X não vêm do disco de acreção, mas de um vento de partículas ejetado pelo próprio pulsar.
Impressão artística do sistema
binário PSR J1023+0038, mostrando o pulsar, seu disco de acreção e o vento de
partículas. Créditos: Marco Maria Messa, Universidade de Milão/INAF-OAB; Maria
Cristina Baglio, INAF-OAB
Este pulsar em particular alterna
entre dois estados distintos, ora atraindo matéria de sua estrela vizinha, ora
emitindo ondas de rádio. Essa dualidade o torna um objeto de estudo
privilegiado para a compreensão da evolução de estrelas de nêutrons em sistemas
binários. As observações polarimétricas do IXPE determinaram que os raios X e a
luz visível compartilham a mesma polarização , indicando uma origem comum.
Os pesquisadores compararam os
dados do IXPE com os do Very Large Telescope do ESO , no Chile. Essa
colaboração revelou que o vento do pulsar, uma mistura de partículas aceleradas
a velocidades próximas à da luz , é responsável pelas emissões de raios X. Essa
descoberta desafia modelos anteriores que atribuíam essas radiações ao disco de
acreção.
Este estudo abre novas
perspectivas para a compreensão dos mecanismos físicos em ação em sistemas
binários contendo pulsares. Estrelas de nêutrons, embora nascidas de estrelas
mortas, continuam a iluminar o Universo de maneiras inesperadas. Observações futuras
do IXPE prometem novas revelações sobre esses objetos cósmicos extremos.
O que é um pulsar de
milissegundos?
Um pulsar de milissegundo é uma
estrela de nêutrons que gira centenas de vezes por segundo. Esses objetos são
frequentemente encontrados em sistemas binários, onde roubam material de uma
estrela companheira.
Esse material, ao cair sobre o
pulsar, transfere energia e acelera sua rotação. O processo pode durar bilhões
de anos, até que o pulsar atinja velocidades de rotação incrivelmente altas.
Pulsares de milissegundos emitem
feixes de radiação de seus polos magnéticos. Como um farol cósmico, esses
feixes percorrem o espaço e podem ser detectados da Terra como pulsos
regulares.
Esses objetos são laboratórios
naturais para o estudo da física em condições extremas, impossíveis de recriar
na Terra.
Como a polarização da luz
é medida?
A polarização da luz é uma
propriedade que descreve a orientação das vibrações em suas ondas
eletromagnéticas. Ela pode revelar informações sobre os campos magnéticos e os
processos físicos que causam a emissão de luz.
Telescópios como o IXPE utilizam
detectores especiais para medir essa polarização. Esses instrumentos são
capazes de determinar em que direção as ondas de luz oscilam após passarem por
diferentes meios.
No caso dos raios X, medir a polarização é particularmente difícil. Isso requer tecnologias avançadas, pois esses raios de alta energia interagem com a matéria de forma diferente da luz visível. Os dados de polarização permitem aos astrônomos mapear campos magnéticos e compreender os mecanismos de aceleração de partículas no Universo.
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