Bombardeio regular

Já é consenso que um impacto de larga escala dizimou os dinossauros há uns 65 milhões de anos. Evidências geológicas apontam para a presença de uma fina camada de material que indica que, nessa época, um grande cometa se chocou com a Terra. Com esse impacto violento, uma camada de poeira se ergueu na alta atmosfera, bloqueando a luz solar. Assim, a temperatura e a irradiação solar diminuíram, o que levou à morte os grandes animais que dependiam de mais calor e muita comida. Pesquisas mostram que provavelmente esse impacto formou o golfo do México. Bom, até aí não há muitas novidades, mas uma pesquisa feita no Centro de Astrobiologia de Cardiff, no Reino Unido, sugere agora uma origem para esse bombardeio fatal.

A idéia geral é a de que no passado, o Sistema Solar era cheio de asteróides que ficavam vagando como restos da formação dos planetas. Havia uma quantidade pequena de grandes asteróides e uma grande quantidade de pequenos. Os grandes foram caindo, principalmente nos grandes planetas, como Júpiter e Saturno, que ajudaram a limpar nosso Sistema Solar. Aliás, uma das teorias de surgimento da vida em planetas diz que é necessário que um sistema planetário possua planetas gigantes para que eles limpem o sistema dessas pedras espaciais. Sem eles, o bombardeio em planetas com potencial para o desenvolvimento da vida seria tão grande que não haveria condições para que ela surgisse. Em casos extremos o planeta até poderia ser destruído.

Aconteceu por aqui

Esse bombardeio certamente aconteceu com a Terra no início dos tempos. Aliás, a melhor teoria para a formação da Lua diz que um grande cometa, do tamanho aproximado de Marte, teria se chocado com a Terra, e os destroços dessa colisão teriam formado a Lua. No local do impacto teria se formado o oceano Pacífico. Mas isso é outra história. O que os pesquisadores em Cardiff estão sugerindo, através de modelos computacionais, é que esde bombardeio de asteróides e cometas acontece periodicamente. O Sol se move em nossa Via Láctea e arrasta com ele todo o Sistema Solar.

Em um desses movimentos ele atravessa o plano da nossa galáxia a cada 30-40 milhões de anos. Nessas passagens o nosso Sistema Solar sente a presença das nuvens de gás que estão concentradas nessa faixa estreita. Essa interação é suficiente para “soltar” asteróides e/ou cometas que estão na nuvem de Oort, uma região bem mais distante que a órbita de Plutão, onde estão vagando os restos da formação do Sistema Solar. Essa nuvem é um verdadeiro reservatório de cometas. Dessa maneira, a cada 30 ou 40 milhões de anos, vários desses cometas se desgrudam dessa nuvem e mergulham no interior do Sistema Solar. Alguns deles sobrevivem à ação limpadora dos gigantes gasosos e fatalmente atingem a Terra.

Os resultados chamam a atenção porque a cada 30 milhões de anos, aproximadamente, existem registros de extinção em massa na Terra, e isso não seria mera coincidência. Tal período de intenso bombardeio também coincide com a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Outro resultado da pesquisa mostra que nosso Sistema Solar está bem próximo de sofrer um novo bombardeio. O que deve ter sido uma péssima notícia para os dinossauros, principalmente, é uma boa notícia para a vida. Com um bombardeio intenso assim, as chances de algum destroço “contaminado” com microrganismos ter escapado da Terra é bem grande, e isso deve ter ajudado a espalhar a vida pelo espaço. Falta só encontrá-la!
Créditos: Cássio Barbosa - G1

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