Cassini Captura Spray Oceânico Em Lua De Saturno

Plumas dramáticas, tanto pequenas quanto grandes, espalham água gelada a partir de muitos locais ao longo das famosas 'listas de tigre' perto do pólo sul da lua de Saturno, Encelado. As listas de tigre são fissuras que espalham partículas geladas, vapor de água e compostos orgânicos.
 
A sonda Cassini da NASA descobriu a melhor prova, até agora, de um reservatório de água salgada a larga-escala por baixo da crosta gelada da lua de Saturno, Encelado. Os dados vêm da análise directa de grãos de gelo ricos em sal, perto dos jactos expelidos da lua. Os dados do instrumento que analisa poeira cósmica mostram que os grãos expelidos das fissuras, conhecidas como listas de tigre, são relativamente pequenos e predominantemente baixos em sal quando longe da lua. Mas mais perto da superfície, a Cassini descobriu que as plumas são dominadas por grãos relativamente grandes com sódio e potássio.

As partículas ricas em sal têm uma composição "oceânica" e indicam que a maioria, se não o todo do gelo e vapor de água expelidos, vêm da evaporação de água líquida salgada. As descobertas são detalhadas na edição desta semana da revista Nature.  "Actualmente não há nenhum modo plausível de produzir um fluxo constante de partículas ricas em sal a partir de gelo sólido nas listas de tigre, a não ser de água salgada por baixo da superfície gelada de Encelado," afirma Frank Postberg, cientista da equipa da Cassini da Universidade de Heidelberg, Alemanha, e o autor principal do artigo. Quando a água congela, o sal é espremido, deixando para trás gelo de água pura. Se as plumas emanaram do gelo, não deveriam ter quase nenhum sal.

 A missão Cassini descobriu vapor de água e jactos gelados em Encelado em 2005. Em 2009, os cientistas que trabalhavam com o instrumento que estuda poeira cósmica examinaram alguns sais de sódio descobertos em grãos de gelo no anel E de Saturno, o anel mais exterior que recebe material principalmente dos jactos de Encelado. Mas a ligação com a água salgada subsuperficial não era definitiva.
Observando uma pluma numa lista de tigre. Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute

O novo artigo analisa três passagens rasantes por Encelado em 2008 e 2009 com o mesmo instrumento, focando-se na composição de grãos recém-expelidos nas plumas. As partículas de gelo atingem o detector a velocidades entre 23.000 e 63.000 km/h, vaporizando-se instantaneamente. Campos eléctricos dentro do instrumento que analisa poeira cósmica separaram os vários constituintes da nuvem de impacto. Os dados sugerem uma camada de água entre o núcleo rochoso da lua e o seu manto gelado, possivelmente até 80 km por baixo da superfície. À medida que esta água vai contra as rochas, dissolve elementos salgados e sobe através de fissuras no gelo para formar reservatórios próximos da superfície.

Se a camada mais exterior abre, o decréscimo na pressão destas reservas para o espaço provoca a libertação de uma pluma. Aproximadamente 200 quilogramas de vapor de água são expelidos nas plumas por segundo, com quantidades menores de grãos de gelo. A equipa calcula que os reservatórios de água devem ter grandes superfícies de evaporação, ou então congelavam facilmente e as plumas cessavam.  "Este achado é crucial e mostra que as condições ambientais favoráveis à vida podem ser mantidas em corpos gelados em órbita de planetas gigantes gasosos," afirma Nicolas Altobelli, cientista do projecto Cassini da ESA.

O espectrógrafo ultravioleta da Cassini também recentemente obteve resultados complementares que suportam a presença de um oceano subsuperficial. Uma equipa de investigadores da Cassini, liderada por Candice Hansen do Instituto de Ciências Planetárias em Tucson, Arizona, EUA, mediu gás que era expelido por jactos distintos oriundos da região polar sul da lua, com cinco a oito vezes a velocidade do som, várias vezes a velocidade medida anteriormente. Estas observações de jactos distintos, a partir de um "flyby" de 2010, são consistentes com resultados que mostram uma diferença na composição de grãos de gelo perto da superfície da lua e aqueles que constituem o anel E.

O artigo foi publicado na edição de 9 de Junho da Geophysical Research Letters.  "Sem uma sonda como a Cassini para passar perto de Saturno e da suas luas -- para 'provar' sal e sentir o bombardeamento de grãos gelados -- os cientistas nunca tinham descoberto quão interessantes são estes mundos do Sistema Solar exterior," acrescenta Linda Spilker, cientista do projecto Cassini da NASA no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia.
Fonte: http://www.ccvalg.pt/astronomia/

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