Anéis de poeira podem não significar planetas

Concepção de artista da estrela Fomalhaut e do planeta tipo-Júpiter que o Hubble observou. Um anel de detritos parecem rodear a estrela. O planeta, chamado Fomalhaut b, orbita a estrela com 200 milhões de anos aproximadamente a cada 800 anos.Crédito: ESA, NASA, e L. Calcada (ESO para o STScI)
Pode haver fumo sem fogo. Os anéis penetrantes de poeira em torno das estrelas não são sempre escavados por planetas mas podem formar-se sozinhos - más notícias para aqueles que usam as estruturas para os guiarem em busca de estrelas que possam conter planetas. A descoberta também tem implicações para a existência de um controverso candidato a planeta. Os discos de poeira e os detritos gasosos que rodeiam as estrelas por vezes produzem anéis alongados bem definidos. Assumiu-se que estes eram cartões-de-visita de planetas ocultos, esculpidos pelos corpos à medida que viajam pelo disco. "Eu chamo-o de argumento de matéria escura," afirma Wladimir Lyra do JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia. "Existe algo que estamos a ver mas que não conseguimos explicar, e culpamos a gravidade por algo invisível." Agora Lyra e Marc Kuchner do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano do Maryland, mostraram que as interacções entre apenas a poeira e o gás podem explicar os anéis.
Imagem registada pelo Hubble do anel em torno de Fomalhaut e do planeta b.Crédito: NASA, ESA, P. Kalas e J. Graham (Universidade da Califórnia, Berkeley) e M. Clampin (NASA/GSFC)
 
A poeira concentra-se em regiões de gás de alta pressão. À medida que a estrela aquece a poeira, esta por sua vez faz com que o gás aqueça e se expanda, criando uma maior pressão que concentra ainda mais poeira. Lyra e Kuchner simularam este processo de feedback e, com nenhuns planetas no seu modelo, criaram vários tipos de estruturas, incluindo anéis alongados e amontoados de detritos. O trabalho sugere que um ponto brilhante no disco em torno da estrela Fomalhaut poderá não ser um planeta. Em 2004, o Telescópio Espacial Hubble avistou este ponto dentro de um intervalo no disco de poeira em torno de Fomalhaut. Alguns astrónomos pensaram que o ponto era um planeta gigante que tinha escavado esta divisão. Isto fez com que o objecto, denominado Fomalhaut b, seja um dos poucos exoplanetas observados directamente.

Mas observações subsequentes não detectaram o objecto em comprimentos de onda infravermelhos, sugerindo que o ponto não era um planeta tipo-Júpiter, cujo brilho infravermelho deveria ter sido observado. Ao invés, alguns cientistas propuseram a ideia de que era uma nuvem de poeira criada pela colisão de asteróides e que um ou mais planetas demasiado pequenos para serem detectados poderiam ter esculpido as fronteiras penetrantes do disco de poeira. Markus Janson da Universidade de Princeton no estado americano de New Jersey, que estudou o sistema de Fomalhaut, diz que é ainda demasiado cedo para afirmar com certeza qual a natureza do ponto brilhante e o porquê do anel de poeira parecer tão bem esculpido. Mas encontra-se interessado em saber como estas estruturas se podem formar devido à hidrodinâmica da poeira e do gás: "Estou agora mais aberto à ideia que talvez não existam quaisquer planetas [em torno de Fomalhaut]."

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