Um gigante no céu
Essas três estrelas, alinhadas quase que em uma reta, são umas das maiores referências para os entusiastas. Essas estrelas pertencem a um grupo maior de estrelas chamado de Constelação de Órion"
Constelação de Órion com destaque acima para Betelgeuse (estrela alaranjada) e abaixo a M42 (nebulosa avermelhada)
O fim do ano começa a se aproximar e aos poucos você vai notando uma presença famosa no céu: as Três Marias. Essas três estrelas, alinhadas quase que em uma reta, são umas das maiores referências para os entusiastas. Essas estrelas pertencem a um grupo maior de estrelas chamado de Constelação de Órion. Órion é certamente uma das constelações mais antigas de que se tem registro. Desde os homens das cavernas, o céu já era representado através de pinturas em cavernas, esculturas como no caso da escultura em pedra, de apenas 3,8 cm de comprimento, descoberta em 1974 em uma caverna perto de Blaubeuren, na Alemanha, e estudada pelo pesquisador Michael Rappenglück. Essa pequena peça de pedra tem uma idade de 32 mil anos e está esculpida em baixo relevo.
De um lado, temos o desenho de um homem e do outro, 86 furos - o mesmo tempo em dias que a estrela principal de Órion (Betelgeuse) fica visível no céu. Pelo fácil reconhecimento no céu, a figura resultante do grupamento das estrelas daquela região geralmente é associada a uma figura humana e de grande prestígio (afinal, para as culturas, o céu é o principal dos altares e não se “ia” parar lá à toa). No Egito antigo, o desenho representava o deus Osíris, que, depois de morto e esquartejado pelo seu irmão Set, teve juntados os pedaços por Isis e imortalizado no firmamento. Na mitologia grega, dentre os vários mitos que envolvem Órion, um deles conta que Órion era um gigante caçador e havia cometido alguma injúria contra Gaia que, enfurecida, enviou um escorpião enorme para matá-lo. Zeus, então, vendo a cena, para que não houvesse mais destruição, decidiu colocá-los no céu.
Essa seria a explicação também para que as constelações de Órion e Escorpião fiquem diametralmente opostas no céu. Há outra versão na qual o escorpião feriu Órion e, então, Asclépio (deus da medicina) fez um soro. Os três foram representados no céu: Asclépio portando uma serpente é uma constelação chamada Ofiuco, que está entre o escorpião e Órion. Temos registros de Órion e de suas estrelas nas mais diversas culturas: chinesas, vedas, húngaras, escandinavas e muitas outras que vão desde a gélida Sibéria até a América do Sul. A constelação de Órion tem as Três Marias como o cinto do gigante caçador. Por isso elas também são conhecidas como “cinturão de Órion”. Fazem parte desse “cinturão” as estrelas Alnitak, Alnilan e Mintaka.
A constelação tem ainda mais cinco estrelas importantes: Rigel (a mais brilhante da constelação), Betelgeuse, Belatrix, Saiph e Meisa. Além desse grupamento de fácil identificação, a constelação tem também nebulosas famosas como, por exemplo, a M42 que pode ser facilmente identificada por ser um ponto borrado embaixo das Três Marias. Por ser bastante icônica, a constelação já foi citada diversas vezes em livros e filmes. Na saga de Harry Potter, uma das bruxas que tenta destruir o protagonista leva o nome de uma das estrelas: Belatrix. Essa foi uma prática recorrente da autora em nomear os personagens, já que temos também Sírius e Regulus como nomes de personagens e são as estrelas principais das constelações de Cão Maior e Leão, respectivamente.
Já no universo de Senhor dos Anéis, o autor J.R.R. Tolkien chamou a constelação do Órion de “O Espadachin Celeste” para os habitantes da Terra-Média. A Constelação de Órion além de ser facilmente reconhecível está cercada de várias constelações de fácil visualização como as constelações do Cão Maior, Cão Menor, Gêmeos, Touro e Lebre. A sua posição no céu fica na divisa entre os hemisférios celestes norte e sul. Por isso ela pode ser visível nos dois hemisférios, diferentemente de outras constelações, como o Cruzeiro do Sul, que pode ser visto em todo o hemisfério sul e no hemisfério norte apenas para latitudes até a cidade de Miami. Para latitudes acima dela, a constelação fica abaixo da linha do horizonte.
Fonte: Victor Alves Alencar - http://www.opovo.com.br
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