MRO ajuda a descobrir nova cratera em Marte
A nova cratera marciana mede cerca de metade de um campo de futebol, capturada aqui nesta imagem obtida pela câmara de mais alta-resolução da MRO, a HiRISE. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
Cientistas descobriram no Planeta Vermelho a maior e mais nova cratera de impacto, já firmemente documentada com imagens "antes e depois". As imagens foram obtidas pela sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA. A cratera mede cerca de metade do tamanho de um campo de futebol e apareceu pela primeira vez em Março de 2012. O impacto que a criou foi provavelmente precedido por uma explosão no céu marciano que provocou um intenso atrito entre um asteróide e a atmosfera do planeta. Esta série de eventos pode ser comparada à explosão do meteoro que quebrou janelas em Chelyabinsk, Rússia, no ano passado. A explosão de ar e o impacto no chão escureceu uma área da superfície marciana com cerca de 8 km de diâmetro.
Desde que a sonda começou a sua observação sistemática de Marte em 2006, que o cientista Bruce Cantor estuda a cobertura global diária do MARCI (Mars Color Imager), procurando evidências de tempestades de poeira e outros eventos climáticos observáveis nas imagens. Cantor é o vice investigador principal desta câmara no MSSS (Malin Space Science Systems), a companhia que construiu e opera o instrumento MARCI e o CTX (Context Camera) da sonda. Através de uma análise cuidada das imagens, ele ajuda os operadores do rover a energia solar, Opportunity, a planear eventos climáticos que possam diminuir a sua energia. Ele também publica boletins meteorológicos semanais de Marte.
Há cerca de dois meses atrás, Cantor notou um discreto ponto escuro perto do equador numa das imagens. Não era o que estava procurando," afirma Cantor. "Estava fazendo o meu monitoramento climático habitual e algo chamou-me a atenção. Parecia normal, com raios que emanavam de um ponto central."
Começou a examinar as imagens anteriores, retrocedendo para trás no tempo um mês ou mais de cada vez. As imagens revelaram que a mancha escura estava presente há um ano atrás, mas não há cinco anos. Continuou a procurar, verificando imagens de cerca de 40 datas diferentes, e determinou a data em que o evento ocorreu; a mancha não estava lá até dia 27 de Março de 2012, e apareceu de seguida nas imagens diárias de 28 de Março de 2012.
Esta imagem de 6 de Abril de 2014, obtida pela HiRISE a bordo da MRO, mostra inúmeros deslizamentos de terra na vizinhança do local onde foi criada uma nova cratera de impacto, em Março de 2012. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
Assim que a mancha escura foi verificada como nova, foi observada o mês passado pelo CTX e pela câmara de mais alta-resolução da sonda, a HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment). Dos cerca de 400 novos impactos que produziram crateras em Marte, já documentados com imagens "antes e depois", esta é a única já descoberta usando uma imagem do MARCI, ao invés de uma imagem obtida com a câmara de alta-resolução. O CTX fotografou quase toda a superfície de Marte pelo menos uma vez durante os mais de sete anos de observações da sonda. Fotografou o local desta nova cratera em Janeiro de 2012, antes do impacto.
Aparecem duas crateras na imagem de Abril de 2014 pelo CTX, que não estavam presentes na anterior, confirmando que a mancha escura revelada pelo MARCI está relacionada com uma nova cratera de impacto. O HiRISE revela mais de uma dúzia de crateras mais pequenas perto das duas maiores vistas na imagem do CTX, possivelmente criadas por pedaços de asteróide ou impactos secundários de material ejectado pelas crateras principais durante o impacto. Também revela muitos deslizamentos de terra que escureceram as encostas da área envolvente com 8 km. Uma segunda imagem do instrumento HiRISE, obtida em Maio de 2014, acrescentou informações tridimensionais.
"A cratera maior é invulgar, bastante superficial em comparação com outras crateras novas que já observámos," afirma Alfred McEwen, investigador principal da câmara HiRISE da Universidade do Arizona, em Tucson. EUA. A maior cratera é ligeiramente alongada e cobre 48,5 por 43,5 metros.
McEwen estima que o objecto de impacto media cerca de 3 a 5 metros de diâmetro, o que é menos de um-terço do tamanho estimado do asteróide que atingiu a atmosfera da Terra perto de Chelyabinsk. Dado que a atmosfera de Marte é muito mais fina que a da Terra, as rochas espaciais de tamanho comparável são mais propensas a penetrar até à superfície de Marte e provocar crateras maiores.
Estas duas imagens, capturadas com um dia de diferença com a câmara MARCI da MRO, revelam um impacto de asteróide à direita. A imagem da esquerda foi obtida durante a tarde marciana de 27 de Março de 2012, a direita à tarde do dia 28 de Março de 2012. Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
Os estudos de crateras de impacto recentes em Marte fornecem informações valiosas acerca das taxas de impacto e acerca do material do subsolo exposto," afirma Leslie Tamppari, cientista do projecto MRO no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia. "Esta combinação do HiRISE com o CTX ajudou-nos a descobrir e a examinar muitas crateras, e agora a cobertura diária do MARCI dá-nos uma grande precisão sobre a ocorrência de um impacto importante."
A NASA está a desenvolver conceitos para a sua iniciativa de redireccionar um asteróide próximo da Terra - possivelmente do mesmo tamanho da rocha que atingiu Marte dia 27 ou 28 de Março de 2012 - mas para muito mais perto do nosso planeta. O projecto envolveria uma nave movida a energia solar, que capturaria um asteróide pequeno ou um pedaço de um asteróide maior, redireccionando-o para uma órbita estável em torno da Lua.
Os astronautas viajariam até ao asteróide a bordo da nave Orion da NASA, lançada com o novo SLS da agência. Aí, recolheriam amostras para estudo na Terra. Esta experiência de voos tripulados perto de órbita terrestre ajudaria a NASA a testar novos sistemas e capacidades necessárias para enviar astronautas até Marte na década de 2030.
Fonte: Astronomia On-Line
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