As superespirais giram superdepressa
A linha
superior deste mosaico apresenta imagens do Hubble de três galáxias espirais,
cada um com várias vezes a massa da Via Láctea. A linha inferior mostra três
galáxia espirais ainda mais massivas que se qualificam como
"superespirais", que foram observadas pelo SDSS. As superespirais têm
normalmente 10 a 20 vezes a massa da Via Láctea. A galáxia no canto inferior
direito, 2MFGC 08638, é a superespiral mais massiva conhecida, com um halo de
matéria escura equivalente a 40 biliões de sóis. Crédito: linha superior -
NASA, ESA, P. Ogle e J. DePasquale (STScI); linha inferior - SDSSS, P. Ogle e
J. DePasquale (STScI)
Provavelmente
nunca notou, mas o nosso Sistema Solar está a mover-se rapidamente. As estrelas
na nossa vizinhança, incluindo o Sol, orbitam a Via Láctea a uma velocidade
média de 210 km/s. Mas isto não é nada em comparação com as galáxias espirais
mais massivas. As "superespirais", que são maiores, mais brilhantes e
mais massivas do que a Via Láctea, giram ainda mais depressa do que o esperado
para a sua massa, a velocidades de até 570 km/s.
A
sua rápida rotação é o resultado de estarem dentro de uma nuvem
extraordinariamente massiva, ou halo, de matéria escura - matéria invisível
detetável apenas graças à sua gravidade. A maior "superespiral"
estudada aqui reside num halo de matéria escura com pelo menos 40 biliões de
vezes a massa do nosso Sol. A existência de superespirais fornece mais
evidências de que uma teoria alternativa da gravidade conhecida como MOND
(Modified Newtonian Dynamics) está incorreta.
Quando
se trata de galáxias, quão rápido é rápido? A Via Láctea, uma galáxia espiral
média, gira a uma velocidade de 210 km/s na vizinhança do nosso Sol. Uma nova
investigação descobriu que as galáxias espirais mais massivas giram mais
depressa do que o esperado. Estas "superespirais", a maior das quais
tem cerca de 20 vezes mais massa do que a Via Láctea, gira a uma velocidade de
até 570 km/s.
As
superespirais são excecionais em quase todos os aspetos. Além de serem muito
mais massivas do que a Via Láctea, são também mais brilhantes e maiores em
tamanho físico. As maiores atingem 450.000 anos-luz em comparação com a Via
Láctea, que tem "apenas" 100.000 anos-luz em diâmetro. Só conhecemos,
até ao momento, cerca de 100 superespirais. As superespirais foram descobertas
como uma nova classe importante de galáxias enquanto se estudavam dados do SDSS
(Sloan Digital Sky Survey) bem como do NED (NASA/IPAC Extragalactic Database).
"As
superespirais são, em muitos aspetos, extremas," disse Patrick Ogle do
STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, no estado
norte-americano de Maryland. "Quebram os recordes de velocidade de
rotação."
Ogle
é o primeiro autor de um artigo publicado dia 10 de outubro na revista The
Astrophycial Journal Letters. O artigo apresenta novos dados sobre as
velocidades de rotação de superespirais recolhidos com o SALT (Southern African
Large Telescope), o maior telescópio ótico do hemisfério sul. Os dados
adicionais foram obtidos com o telescópio Hale de 5 metros do Observatório
Palomar, operado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia. Os dados da missão
WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) da NASA foram cruciais para medir as
massas das galáxias em estrelas e os seus ritmos de formação estelar.
Referindo-se
ao novo estudo, Tom Jarrett da Universidade da Cidade do Cabo, na África do
Sul, comentou: "Este trabalho ilustra muito bem a poderosa sinergia entre
as observações óticas e infravermelhas de galáxias, revelando movimentos
estelares com espectroscopia do SDSS e do SALT e outras propriedades estelares
- mais concretamente a massa estelar ou "espinha dorsal" das galáxias
hospedeiras - através das imagens infravermelhas do WISE".
A
teoria sugere que as superespirais giram depressa porque estão localizadas
dentro de nuvens incrivelmente grandes, ou halos, de matéria escura. Há décadas
que sabemos que a matéria escura está relacionada com a rotação das galáxias. A
astrónoma Vera Rubin foi pioneira no trabalho sobre as rotações galácticas,
mostrando que as galáxias espirais giram mais depressa do que se a sua
gravidade fosse exclusivamente devida às estrelas e ao gás constituintes. Uma
substância invisível adicional, conhecida como matéria escura, deverá
influenciar a rotação de uma galáxia. Espera-se que uma galáxia espiral com uma
determinada massa estelar gire a uma determinada velocidade. A equipa de Ogle
descobriu que as superespirais excedem significativamente esta rotação
esperada.
As
superespirais também residem em halos de matéria escura maiores do que a média.
O halo mais massivo que Ogle mediu contém matéria escura equivalente a 40
biliões de vezes a massa do nosso Sol. Essa quantidade de matéria escura
normalmente continha um grupo de galáxias em vez de uma única galáxia.
"Parece
que a rotação de uma galáxia é definida pela massa do seu halo de matéria
escura," explicou Ogle.
O
facto das superespirais quebrarem a relação normal entre massa da galáxia em
estrelas e a taxa de rotação é uma nova evidência contra uma teoria alternativa
da gravidade conhecida como MOND (Modified Newtonian Dynamics). A teoria MOND
propõe que às maiores escalas, como galáxias ou enxames de galáxias, a
gravidade é ligeiramente mais forte do que previsto por Newton ou Einstein.
Isto faria com que as regiões externas de uma galáxia espiral, por exemplo,
girassem mais depressa do que o esperado com base no seu conteúdo estelar. A
MOND foi estabelecida para reproduzir a relação padrão da rotação das espirais
e, portanto, não pode explicar valores extremos como os das superespirais. As
observações das superespirais sugerem que não é necessária nenhuma dinâmica não
newtoniana.
Apesar
de serem as galáxias espirais mais massivas do Universo, as superespirais na
verdade estão abaixo da massa, termos de conteúdo estelar, do que seria de
esperar para a quantidade de matéria escura que contêm. Isto sugere que a
grande quantidade de matéria escura inibe a formação estelar. Existem duas
causas possíveis: 1) Qualquer gás adicional que é puxado para dentro da galáxia
colide e aquece, impedindo que arrefeça e forme estrelas, ou 2) A rápida
rotação da galáxia dificulta o colapso das nuvens de gás contra a influência da
força centrífuga.
"Esta
é a primeira vez que encontrámos galáxias espirais tão grandes quanto
possível," comentou Ogle.
Apesar
destas influências perturbadoras, as superespirais ainda são capazes de formar
estrelas. Embora as maiores galáxias elípticas tenham formado todas ou a maior
parte das suas estrelas há mais de 10 mil milhões de anos, as superespirais
ainda estão a formar estrelas hoje. Elas convertem cerca de 30 vezes a massa do
Sol em estrelas todos os anos, o que é normal para uma galáxia deste tamanho.
Em comparação, a nossa Via Láctea transforma o equivalente a uma massa solar em
estrelas por ano.
Ogle
e a sua equipa propuseram observações adicionais para ajudar a responder
perguntas importantes sobre as superespirais, incluindo observações projetadas
para estudar melhor o movimento do gás e das estrelas dentro dos seus discos.
Depois do seu lançamento em 2021, o Telescópio Espacial James Webb da NASA
poderá estudar superespirais a distâncias maiores e idades correspondentemente
mais jovens para aprender como evoluem ao longo do tempo. E a missão WFIRST da
NASA pode ajudar a localizar mais superespirais, que são extremamente raras,
graças ao seu amplo campo de visão.
Fonte: Astronomia OnLine
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