Antimatéria não revela segredos sobre por que o Universo existe
O experimento
foi feito em uma instalação chamada "Desacelerador de Antiprótons".[Imagem:
CERN]
Estávamos
certos... infelizmente
Os físicos bem que poderiam
estar comemorando mais um sucesso das suas teorias, mas o que se vê é um monte
deles se entreolhando meio sem-graça, tentando disfarçar um quê de decepção. Primeiro o fato: Um experimento mostrou que a
antimatéria comporta-se exatamente igual à matéria no tocante à simetria CPT
(carga-paridade-tempo), como previsto há mais de 70 anos pela mecânica
quântica.
A Colaboração Alpha, no CERN,
realizou as mais precisas medições espectroscópicas do anti-hidrogênio, um
átomo formado por um antipróton e um pósitron (a antipartícula de um elétron) -
bem mais precisas do que as realizadas em 2016, quando já se mostrava que a
antimatéria brilha exatamente igual à matéria.
Os resultados indicam que as
diferenças entre os níveis de energia no anti-hidrogênio estão em excelente
concordância com as medições feitas anteriormente no hidrogênio comum,
colocando fortes restrições à possível violação da CPT e, por decorrência,
reforçando as teorias da física quântica.
Há
algo que não estamos vendo
Ocorre que resultados como
este estão sendo encarados cada vez mais como um problema do que como algo para
se comemorar: Se essa simetria se mantém, não há como explicar porque o
Universo existe, uma vez que o modelo do Big Bang estabelece que a grande
explosão criou quantidades iguais de matéria e antimatéria, o que teria
fatalmente levada à aniquilação recíproca.
Como o Universo existe, ou o
modelo do Big Bang não expressa o que ocorreu, ou deve haver alguma assimetria
entre matéria e antimatéria que explique para onde a antimatéria foi. Isso sem
contar que é consenso entre os físicos que há necessidade de novas teorias -
uma "Nova Física" - porque as atuais não se ajustam umas às outras
quando se lida com dimensões cósmicas (Teoria da Relatividade) e dimensões
atômicas (Mecânica Quântica).
E as novas medições não nos
colocam nem um passo mais próximos de entender as diferenças entre matéria e
antimatéria ou o porquê de sua assimetria no Universo.
É claro que novas ideias têm
surgido, como a possibilidade de que o Big Bang poderia ter dado origem a um
Antiuniverso, para onde a antimatéria teria ido e onde tudo funciona ao
contrário, mas cada reforço da teoria atual acaba desencorajando um pouco as novas
ideias.
Desacelerador
de antimatéria
Para entender o experimento,
é preciso voltar um pouco no tempo.
Em 1947, físicos liderados
por Willis Lamb observaram uma mudança incrivelmente pequena nos níveis de
energia do átomo de hidrogênio, à medida que o elétron e o próton do átomo
interagiam com o vácuo.
Sob as teorias da física da
época, o chamado desvio de Lamb não deveria ter ocorrido porque o
"nada" do vácuo não deveria influenciar o comportamento atômico do
hidrogênio. A descoberta estimulou o desenvolvimento de uma nova teoria,
conhecida agora como eletrodinâmica quântica, para explicar a discrepância, o
que valeu a Lamb o Prêmio Nobel de Física em 1955.
Agora, a equipe do CERN
detectou e mediu o desvio de Lamb no anti-hidrogênio - a contraparte da
antimatéria do hidrogênio - e a desvio de Lamb do anti-hidrogênio é idêntico ao
de um átomo de hidrogênio comum.
O desvio de Lamb é uma
manifestação experimental direta de que o vácuo não é feito de
"nada", mas flutua dinamicamente com partículas virtuais que nascem e
são destruídas continuamente. No caso do hidrogênio, essas flutuações de vácuo
empurram o elétron ligeiramente para longe do próton, e é esse empurrão que os
físicos mediram.
O experimento foi feito em
uma instalação chamada "Desacelerador de Antiprótons", que fornece os
antiprótons, enquanto uma fonte de sódio radioativo fornece os pósitrons. A
cada poucos minutos, 90.000 antiprótons e 3 milhões de pósitrons são misturados
em um reservatório de partículas eletricamente carregadas.
Essa mistura produz cerca de
20 átomos de anti-hidrogênio, que são então confinados, como antimatéria fria,
em uma armadilha de antimatéria feita de ímãs supercondutores. Esses átomos de
anti-hidrogênio podem ser armazenados por pelo menos 60 horas, e os ciclos de
produção podem ser repetidos para obter centenas desses átomos, viabilizando o
processo de medição.
Fonte: Inovação Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!