O Sol está mais perto do buraco negro no centro da Via Láctea do que se pensava
Parece que estamos um pouco
mais próximos do buraco negro supermassivo central da Via Láctea do que os
cientistas imaginavam — pelo menos é o que diz o novo estudo de uma equipe de
cientistas no Japão. De acordo com a pesquisa, o Sol está mais próximo do
centro galáctico do que os cálculos realizados anteriormente. Além disso, nossa
estrela é mais rápida do que se pensava.
Os novos cálculos foram
realizados com uma técnica chamada radioastrometria, que usa ondas de rádio
para medir as distâncias aos objetos. E para observar a posição e movimento do
Sol e das demais estrelas da Via Láctea, eles usaram o paralaxe — um método que
analisa a diferença na posição aparente de um objeto em relação a um plano de
fundo. O vídeo abaixo nos dá uma boa noção de como funciona o paralaxe.
Bem, a medição mais recente
da distância entre o Sol e o centro de nossa galáxia resultou em algo próximo
de 26.600 anos-luz. Ou seja, nosso “bairro cósmico” (o Sistema Solar), fica
realmente longe do centro da “cidade cósmica” (a Via Láctea), mas não chega a
ser na periferia. Contudo, de acordo com a nova medição, a distância real seria
de 25.800 anos-luz de distância.
Isso nos coloca perto demais
do buraco negro supermassivo (chamado Sagitário A*) no coração galáctico? De
jeito nenhum! A diferença é de apenas cerca de 3% mais próximo, mas ainda
distante o suficiente para sequer sermos afetados por ele. São 260 quatrilhões
de quilômetros, não há nenhum perigo. Entretanto, o novo estudo traz uma nova
perspectiva desde que a medição anterior foi estabelecida como padrão pela
International Astronomical Union, em 1985. Outras medições foram feitas desde
então, mas essa é a primeira vez que a diferença foi realmente significativa.
Em 1985, também foi calculada
a velocidade com que o Sol se move em seu movimento orbital ao redor do centro
galáctico: 232 km/s. O novo estudo dos pesquisadores japoneses também reavaliou
essa medição e concluiu que nossa estrela viaja, na verdade, a 239 km/s. Uma
diferença pequena para um objeto tão rápido, mas que faz alguma diferença. Isso
significa que o Sol leva 219 milhões de anos para dar uma volta completa na
galáxia.
O reajuste dos cálculos de
velocidade fazem sentido quando você tem uma nova distância. É que se o Sol
está mais próximo do centro do que havia sido calculado antes, o círculo
orbital é menor, a influência da gravidade exercida pelo buraco negro
supermassivo é ligeiramente maior e, assim, a velocidade aumenta relativamente.
Para obter esse resultado, a
equipe do Japão precisou de equipamentos de altíssima resolução. Neste caso,
eles usaram o Very Long Baseline Interferometry, um instrumento japonês
apelidado de “VERA”. São quatro antenas parabólicas de 20 metros espalhadas em
todo o Japão, usando uma técnica sofisticada para combinar a potência de cada
um, somando-as como se fossem um único telescópio. Assim, eles puderam observar
os masers — a sigla de Microwave Amplification by Stimulated Emission of
Radiation, uma amplificação de micro-ondas estimulada de radiação.
Esses masers são produzidos
em nuvens de gás onde as estrelas nascem e podem ser detectados em toda a
galáxia, por isso são tão muito úteis para a radioastrometria. Com suas novas
observações e alguns dados antigos, os astrônomos somaram 224 objetos espaciais
para fazer um mapa de localizações e velocidades ao redor do núcleo galáctico.
São números interessantes
para conhecer melhor a história do Sistema Solar e a própria evolução da Via
Láctea. Por exemplo, já parou para pensar que na época em que os dinossauros
nominaram a Terra, o Sistema Solar estava em uma posição bem diferente da
atual? A animação abaixo nos dá uma boa dimensão do quão pouco o Sol se moveu
durante a era dos mamíferos, após a extinção dos nossos queridos dinos!
Olhar para os eventos
cósmicos em comparação com a experiência da vida na Terra nos dá uma nova
perspectiva. Pode ser que a humanidade nem esteja mais por aqui quando o Sol
completar outra volta ao redor do centro galáctico e, mesmo assim, ainda
haveria muitas e muitas gerações para aprender cada vez mais sobre o universo e
deixar a nossa marca nesse cantinho do cosmos.
Fonte: Canaltech.com.br
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