Planeta tipo superterra pode possuir atmosfera, sugere pesquisa
Atmosferas são um elemento essencial para o surgimento de vida. Este
foi a primeira vez que se encontrou um planeta deste tipo nas proximidades do
Sistema Solar
Gliese 486b , um planeta extrasolar recém-descoberto, pode finalmente proporcionar aos cientistas a possibilidade de estudarem a atmosfera de um planeta semelhante à Terra. A descoberta foi publicada na revista Science, na última quinta (4).
O planeta orbita a estrela Gliese, uma anã-vermelha localizada a cerca de 26 anos-luz de distância. Assim como a Terra, ele é classificado como um planeta rochoso, mas de maiores proporções: tem quase três vezes mais massa e um tamanho 30% maior. Por isso, ele é chamado de “superterra”. No entanto, ele é menor do que gigantes do gelo como Netuno e Urano.
A temperatura em sua superfície é de cerca de 430ºC. Isso é calor suficiente para permitir que o planeta abrigue rios de lava quentes o suficiente para derreter chumbo, o que afasta a possibilidade de existência de vida humana. As superterras não são raras, mas Glieseb tem algumas características especiais. O primeiro é que o calor faz com que sua atmosfera fique “inchada”, o que facilita os astrônomos a fazer observações atmosféricas. O segundo é que o planeta pode ser visto quando ocorrem trânsitos – isto é, quando ele se interpõe entre a Terra e a estrela Gliese, o que permite aos cientistas realizarem análises mais aprofundadas de sua atmosfera.
As atmosferas são um elemento crucial para a possibilidade de desenvolvimento de vida num planeta. A falta de atmosfera, por exemplo, pode sugerir que a estrela próxima ao planeta é volátil e mais propensa à atividade estelar, tornando improvável que a vida tenha a chance de se desenvolver. Já uma atmosfera saudável e que dure bastante, por sua vez, pode sinalizar condições suficientes para sustentação da vida. “Achamos que Gliese 486b pode ter mantido uma parte de sua atmosfera original, apesar de estar tão perto de sua estrela anã-vermelha”, diz o astrônomo Ben Montet, da Universidade da Nova Gales do Sul, principal autor do artigo.
Os trânsitos de Gliese 486b dão aos cientistas duas vias para estudar a sua atmosfera. Primeiro, quando o planeta passa na frente da estrela, uma fração da luz estelar passa através da camada atmosférica (uma técnica chamada “espectroscopia de transmissão”). Depois, quando a luz da estrela ilumina a superfície do planeta, o que ocorre quando a orbita passa ao redor e atrás da estrela (chamada de “espectroscopia de emissão”).
Nesses casos, os cientistas usam um espectrógrafo — uma ferramenta que divide a luz de acordo com seus comprimentos de onda — para decodificar a composição química da atmosfera. Segundo Monet, Gliese 486b é o melhor, dentre todos os planetas rochosos já conhecidos, para se empregar a espectroscopia de emissão, e o segundo melhor para a realização de estudos de espectroscopia de transmissão.
Há muito tempo sabemos, os astrônomos acreditavam na existência de superterras rochosas em torno das estrelas mais próximas do Sol. Porém, até recentemente, não dispúnhamos da tecnologia para procurá-las. “Essa descoberta tem o potencial de transformar nossa compreensão das atmosferas planetárias”, diz Montet. “Qualquer coisa que aprendermos sobre a atmosfera nos ajudará a entender melhor como os planetas rochosos se formam”, explica.
Fonte: Sciam.com.br
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