Imagem de nebulosas captada por brasileiro é foto do dia da Nasa

 Registro de Gabriel Rodrigues Santos foi selecionado pelo projeto "Imagem Astronômica do Dia" e apresenta três "berçários" de estrelas localizados na constelação de Sagitário

Imagem de três nebulosas localizadas na constelação de Sagitário produzida pelo brasileiro Gabriel Rodrigues Santos foi selecionada como "Imagem Astronômica do Dia" pela Nasa (Foto: Gabriel Rodrigues Santos)

Na segunda-feira (26), o estudante de engenharia de produção e astrônomo amador Gabriel Rodrigues Santos acordou com uma grata surpresa vinda do projeto Astronomy Picture of the Day (Imagem Astronômica do Dia, em tradução livre), da Nasa, que todos os dias seleciona fotografias do espaço a afim de divulgar a astronomia. Desta vez, a fotografia "Um Trio em Sagitário", produzida por Santos, foi a escolhida. 

"É uma alegria e uma honra muito grandes", comemora o astrônomo amador. "Fotografar os objetos celestes é uma atividade inspiradora, e compartilhar essas imagens é uma forma de mostrar a beleza do Universo." 

A imagem "Um Trio em Sagitário" apresenta três nebulosas brilhantes localizadas na constelação de Sagitário, no centro da Via Láctea, a 5 mil anos-luz de distância. À direita da imagem, observa-se no topo a nebulosa M20, também chamada de Trifid, e, abaixo, a M8, conhecida como Nebulosa Laguna. Ambas foram descobertas pelo astrônomo francês Charles Messier no século 18. Já o terceiro objeto, localizado à esquerda da M8, é a nebulosa NGC 6559, ou Nebulosa Loreta, e foi desvendada no século 19 pelo matemático e astrônomo inglês John Herschel. 

Verdadeiros berçários de estrelas, elas são classificadas como nebulosas de emissão, ou seja, são nuvens de gás de alta temperatura que circundam estrelas quentes e emitem energia em forma de radiação. Sua cor predominante é a vermelha, por conta da transição atômica do hidrogênio H-alpha, principal elemento químico que forma essas nuvens de gás. Em volta da M20 (Trifid), no entanto, é possível notar tons de azul, que demarcam a luz das estrelas desse berçário refletida na poeira cósmica. 

Os bastidores do clique 

A imagem foi captada por Santos durante algumas noites de julho de 2020, no sul de Minas Gerais, enquanto o estudante estava em um sítio da família, longe das luzes da cidade — condição favorável para quem busca uma boa visão do céu. Para produzir a fotografia, foram utilizados um telescópio de 150mm de abertura e uma câmera digital semiprofissional que foi modificada para captar melhor os tons vermelhos da paisagem cósmica. Além disso, Santos também usou um equipamento chamado de montagem equatorial, que ajuda a acompanhar os astros por longas exposições. 

"Fico feliz em ter uma imagem feita com equipamentos amadores e relativamente simples divulgada como foto do dia, uma vez que o projeto frequentemente mostra fotos de observatórios profissionais, como aconteceu ontem (25), com a publicação de uma imagem do Telescópio Espacial Hubble", destaca o estudante. 

A fotografia final é resultado da junção de quatro imagens adjacentes tiradas ao longo de quatro horas de exposição nas noites frias do inverno mineiro. "A temperatura naquela época chegou a zero grau enquanto a câmera estava captando luz", lembra. "Foi um desafio, mas valeu a pena." 

Experiência e reconhecimento 

O astrônomo amador estuda engenharia de produção na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e se dedica à astrofotografia nas horas vagas há nove anos: sua primeira imagem foi tirada em abril de 2012, quando tinha apenas 13 anos.

 E esta não é a primeira vez que o jovem tem seu trabalho reconhecido pelo projeto da Nasa. Em julho de 2018, a imagem de uma nuvem escura de poeira na constelação de Lupus, também foi selecionada como "Imagem Astronômica do Dia". Para formar essa composição, captada no mesmo local em Minas Gerais, o astrônomo amador usou uma lente fotográfica de 200mm, uma câmera fotográfica DSLR e a montagem equatorial. 

Hoje em dia, o hábito de observar o céu é uma fonte de esperança e inspiração para Santos. "Em tempos de isolamento social, as noites em casa podem ganhar nova dimensão ao buscar conhecer mais sobre astronomia e olhar as estrelas", afirma. "O convite está feito!" 

Mais trabalhos do brasileiro podem ser conferidos em seu perfil no Astrobin.

Fonte: Revista Galileu

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