Astrônomos confirmam sistema em que planeta orbita uma estrela morta

 Exoplaneta similar a Júpiter com estrela anã branca hospedeira traz indícios do que ocorrerá com o Sistema Solar após a morte do Sol daqui a 5 bilhões de anos, segundo cientistas

Ilustração de um exoplaneta semelhante a Júpiter orbitando uma estrelamorta (anã branca) (Foto: W. M. Keck Observatory/Adam Makarenko)

Um sistema planetário no qual um planeta orbita uma estrela morta foi detectado por astrônomos com dados do Observatório WM Keck, no Havaí. Por estar em um contexto parecido, o arranjo em questão traz pistas sobre o trágico destino do Sistema Solar daqui a cerca de 5 bilhões de anos – quando o Sol irá parar de brilhar. Esse cenário apocalíptico foi estudado por uma equipe internacional de cientistas que publicou seus achados nesta quarta-feira (13), na revista Nature. Eles observaram que o planeta em questão é semelhante a Júpiter, tendo uma órbita parecida com a do gigante gasoso. 

Além disso, o astro orbita uma estrela anã branca no centro da Via Láctea. Isso significa que essa estrela passou por seus últimos estágios de vida, nos quais queimou todo o hidrogênio em seu núcleo até se tornar uma gigante vermelha. Depois, já sem esse combustível nuclear, ela se encolheu no que é hoje, restando apenas um núcleo quente e denso. 

Normalmente, as anãs brancas são pequenas e não têm combustível o suficiente para brilharem, sendo mais difíceis de detectar. Porém, os astrônomos conseguiram realizar a observação utilizando imagens de infravermelho de alta resolução, descobrindo que a estrela tem cerca de 60% da massa do Sol. Já o planeta que a orbita é aproximadamente 40% mais massivo que Júpiter. 

Para detectarem o astro, os cientistas usaram uma técnica chamada microlente gravitacional, que aproveita quando uma estrela próxima à Terra se alinha com uma outra mais distante. Assim, a gravidade da primeira estrela serve como lente para ampliar a luz da estrela de fundo. 

Se há um planeta orbitando a estrela mais próxima, ele distorce a luminosidade ampliada. Porém, os pesquisadores notaram pela luz que a estrela não era comum, e sim uma anã branca. O fato de haver um mundo distante orbitando-a é sinal de que outros planetas também podem sobreviver após mortes estelares – até mesmo no Sistema Solar. 

“Dado que esse sistema é análogo ao nosso próprio Sistema Solar, isso sugere que Júpiter e Saturno podem sobreviver à fase gigante vermelha do Sol, quando ele fica sem combustível nuclear e se autodestrói”, explica Joshua Blackman, principal autor do estudo, em comunicado. 

Por outro lado, David Bennett, pesquisador que colaborou com o artigo, conta que na fase supergigante vermelha do Sol o destino da Terra não será tão promissor, pois ela está muito próxima da estrela e poderá ser "fritada" pelo calor. A humanidade teria que se mudar para uma lua de Júpiter ou Saturno antes disso. 

Diante desses achados, os autores do estudo querem estimar quantas anãs brancas sobrevivem em sistemas planetários. Eles esperam que o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, que será lançado pela Nasa ainda nesta década, possa ajudá-los a obter imagens de planetas gigantes orbitando estrelas mortas no centro da nossa galáxia.

Fonte: GALILEU

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