A descoberta, baseada
em um evento incomum apelidado de "a vaca", pode oferecer aos
astrônomos uma nova maneira de localizar objetos compactos infantis.
A impressão de um artista sobre a misteriosa explosão AT2018cow.Crédito: Observatório Astronômico Nacional do Japão
Um objeto surpreendente detectado em 2018 a 200 milhões de anos-luz de
distância é uma estrela dando origem a um buraco negro ou a uma estrela de
nêutrons, descobriram os cientistas do MIT. A explosão, que inicialmente
parecia uma supernova, é conhecida como “The Cow” (A Vaca, em inglês), e pode
ser uma estrela sendo “devorada” por dentro.
Uma explosão estelar excepcional
Tudo começou quando uma equipe de astrônomos estava procurando por
explosões transientes, isto é, que surgem de repente e logo desaparecem. Esses
fenômenos são mais rápidos que uma supernova, por exemplo — o pico de seu
brilho aconteceu em apenas dois dias.
Além disso, a explosão emitiu uma luz de 10 a 100 vezes mais intensa do
que explosões de supernovas, o que já indicava que algo diferente estava
acontecendo. Era algo muito mais rápido e brilhante do que qualquer explosão
estelar que os cientistas já tinham visto. O sinal foi catalogado como
AT2018cow, daí o apelido de The Cow.
The Cow, avistado pelo Observatório Keck (Foto: Raffaella
Margutti/Northwestern University)
O objeto foi considerado um transiente óptico azul rápido (FBOT, da
sigla em inglês), ou seja, um evento brilhante e de curta duração de origem
desconhecida. Os pesquisadores já suspeitavam que se tratava do nascimento de
um buraco negro ou uma estrela de nêutrons, mas havia poucas informações que
pudessem ser confirmadas.
Agora, o novo estudo localiza a fonte do sinal, faz estimativa da massa
e tamanho do novo objeto e demonstra que as análises de raios-X de eventos
semelhantes podem ser uma nova ferramenta para estudar buracos negros
recém-nascidos.
Uma estrela devorada por dentro
O evento, detectado por diversos telescópios ao redor do mundo,
apareceu como um flash azul brilhante no braço espiral de uma galáxia, mas é
difícil determinar o local exato da explosão. No entanto, a equipe liderada
pelo MIT encontrou fortes evidências da fonte do sinal, ou seja, do objeto que
emitiu a luminosidade.
Além de um flash brilhante, os cientistas detectaram uma pulsação
precisa como um relógio a cada 4,4 milissegundos, em um período de 60 dias. Com
base nessa frequência dos pulsos, a equipe calculou que os raios X devem ter
vindo de um objeto medindo apenas mil quilômetros de largura, aproximadamente,
com massa menor que 800 sóis.
Para os padrões astrofísicos, esse é um objeto pequeno e compacto,
provavelmente um pequeno buraco negro ou uma estrela de nêutrons. O estudo
sugere que o AT2018cow era provavelmente uma estrela no fim de sua vida que
entrou em colapso e deu origem a um objeto compacto, que começou a devorar a
estrela por dentro.
Esse processo de engolir o material da estrela de dentro para fora foi
o que liberou a enorme explosão de energia, concluíram os cientistas. De acordo
com o autor principal do estudo, Dheeraj “DJ” Pasham, do Instituto Kavli de
Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT, “isso acontece em supernovas normais,
mas não vimos antes porque é um processo muito confuso”.
Os dados foram coletados pelo Neutron Star Interior Composition
Explorer (NICER) da NASA, um telescópio de monitoramento de raios-X a bordo da
Estação Espacial Internacional. A equipe então analisou os dados, disponíveis
para o público, e confirmou que as emissões não eram ruídos de outros objetos.
Ainda segundo Pasham, “essa nova evidência abre possibilidades para
encontrar buracos negros bebês ou estrelas de nêutrons bebês”. O estudo foi
publicado na revista Nature Astronomy.
Fontes: Canaltech
MIT
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!