Chang'e 5 faz a primeira deteção "in situ" de água na Lua
Uma equipe de investigação liderada pelos pelo Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências observou sinais de água em dados espectrais de refletância da superfície lunar obtidos pelo "lander" Chang'e 5, fornecendo as primeiras evidências da deteção "in situ" de água na Lua.
O estudo foi publicado no passado dia 7 de janeiro na revista Science Advances e também envolveu cientistas da Universidade do Hawaii em Manoa, do Instituto de Física Técnica de Shangai e da Universidade de Nanjing.
Muitas observações orbitais e medições de amostras ao longo da última década apresentaram evidências da presença de água (como hidroxilo e/ou H2O) na Lua. No entanto, nunca tinham sido realizadas medições "in situ" na superfície lunar.
A nave espacial Chang'e 5 pousou num dos mares basálticos mais jovens, localizado a uma latitude média-alta da Lua, e enviou 1731 gramas de amostras. Contudo, antes de recolher as amostras e de as enviar para a Terra, o instrumento LMS (Lunar Mineralogical Spectrometer) a bordo do "lander" realizou medições de refletância espectral do rególito e de uma rocha, proporcionando assim a oportunidade sem precedentes de detetar água na superfície lunar.
A água (OH/H2O) pode ser detetada usando características espectrais a ~3 μm. No entanto, acima de 2 μm, a emissão térmica da quente superfície lunar irá modificar e mascarar significativamente as características espectrais.
Por conseguinte, os investigadores usaram um modelo de correção térmica para corrigir os espectros do LMS. Após esta correção, foram observadas no local de aterragem do Chang'e 5 indubitáveis absorções espectrais a 2,85 μm.
A análise espectral quantitativa indica que o solo lunar no local de pouso contém menos de 120 ppm de água, o que é principalmente atribuído à implantação do vento solar. Isto é consistente com a análise preliminar das amostras enviadas pelo Chang'e 5.
Em contraste, uma rocha leve e vesicular que também foi analisada mostrou uma absorção muito mais forte a 2,85 μm, o que corresponde a uma estimativa de ~180 ppm de água, sugerindo assim uma fonte de água adicional do interior lunar.
Os resultados das análises de deteção composicional e remota (orbital) mostram que a rocha pode ter sido escavada de uma unidade basáltica mais antiga e ejetada para o local de aterragem do Chang'e 5. Portanto, o menor conteúdo de água do solo, em comparação com o maior conteúdo de água do fragmento rochoso, sugere que teve lugar uma desgaseificação do reservatório do manto, sob o local de pouso do Chang'e 5.
Esta descoberta é consistente com as erupções vulcânicas prolongadas na região Procellarum (Oceano das Tempestades) e também fornece um contexto geológico vital para a análise das amostras enviadas pelo Chang'e 5.
Fonte: Astronomia OnLine
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