Hubble confirma mistério da taxa de expansão do Universo
Discrepância na expansão do
Universo
Reunindo dados de 30 anos de observações do telescópio espacial Hubble,
astrônomos acabam de aprofundar a chamada "tensão de Hubble", um
mistério que vem abalando os fundamentos das teorias mais aceitas hoje para
explicar o Universo.
Essa tensão tem a ver com a chamada constante de Hubble, que mede a
taxa de expansão do Universo - a constante e o telescópio foram nomeados em
homenagem ao mesmo Edwin Hubble, que, juntamente com Georges Lemaitre,
descobriu a expansão do Universo.
O problema é que tem persistido uma discrepância nessa velocidade de
expansão conforme ela é medida usando as observações do Universo inicial, muito
antigo, e as observações do Universo atual.
No início da existência do Universo, a luz se movia através do plasma -
não havia estrelas ainda - e de oscilações semelhantes às ondas sonoras. A
constante de Hubble calculada a partir dessa radiação cósmica de fundo chega a
um resultado de 67 quilômetros por segundo por megaparsec (km/s/Mpc ), o que
significa que o Universo se expandia cerca de 67 km/s mais rápido a cada 3,26
milhões de anos-luz (um parsec).
Mas o resultado é diferente quando se observa o Universo depois que as
estrelas nasceram, as galáxias se formaram e apareceram explosões chamadas
supernovas, eventos extremos relacionados ao fim da vida de uma estrela. Com
base nessas observações, a constante de Hubble fica em torno de 74 km/s/Mpc.
Essa teimosa discrepância é conhecida hoje como "tensão de Hubble".
Sempre houve a esperança de que fosse descoberto algum erro de medição ou de interpretação em alguma das medições. Contudo, pelo menos o resultado das medições feitas no Universo atual acaba de ser confirmado pela análise de mais de três décadas de observações do telescópio Hubble.
Taxa de expansão do Universo
atual
O professor Adam Riess, ganhador do Nobel de Física por seus estudos
envolvendo a aceleração da expansão do Universo, chefiou uma grande equipe para
investigar a taxa de expansão do universo chamada SHOES, uma sigla em inglês
para "Supernova, H0, Equação do Estado da Energia Escura".
"É para isso que o Telescópio Espacial Hubble foi construído,
usando as melhores técnicas que conhecemos para fazê-lo. Esta é provavelmente a
obra-prima do Hubble, porque levaria mais 30 anos de vida do Hubble para dobrar
o tamanho da amostra," disse Riess. Com tantos dados, agora está
praticamente descartada a ideia de que o valor da expansão medida na Universo
atual tenha algum erro derivado de anomalias nos dados.
Para fazer sua medição, os astrônomos calibraram 42 variáveis cefeidas
e supernovas. Como elas são vistas explodindo a uma taxa de cerca de uma por
ano, o Hubble, para todos os propósitos práticos, registrou o maior número
possível de supernovas para medir a expansão do Universo.
A conclusão é que a taxa de expansão do Universo é mais lenta do que o
Hubble realmente vê. Ao combinar o Modelo Cosmológico Padrão do Universo e as
medições do Telescópio Planck, que observou o fundo de micro-ondas cósmico, os
astrônomos calcularam um valor para a constante de Hubble de 67,5 km/s/Mpc, com
margem de erro de 0,5 quilômetro para mais ou para menos , em comparação com a
estimativa da equipe SHOES, de 73 km/s/Mpc.
Portas para uma nova física
Dado o grande tamanho da amostra do telescópio Hubble, há apenas uma
chance em um milhão de os cálculos estarem errados devido a problemas nos
dados. Os astrônomos estão em busca de uma explicação da desconexão entre a
taxa de expansão do universo local versus o universo primitivo, mas a resposta
pode envolver uma nova física - como um universo-espelho, como recentemente
sugerido.
"Você pode achar que isso frustraria os astrônomos, mas, em vez
disso, isso abre a porta para descobrir uma nova física e confrontar questões
imprevistas sobre o funcionamento subjacente do Universo. E, por fim, isso nos
lembra que temos muito mais a aprender entre as estrelas," escreveu a
equipe.
Fonte: Inovação Tecnológica
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