SNR 0519-69.0: acertando o relógio de uma explosão estelar

 Composição de SNR 0519 em raios-X, pelo Chandra, e no ótico pelo Hubble. Veja as imagens de raios-X a energias baixas (0,4-0,7 keV), médias (0,7-0,8 keV) e altas (3-6 keV); e somente a imagem ótica. Crédito: raios-X - NASA/CXC/GSFC/B. J. Williams et al.; ótico - NASA/ESA/STScI 

Embora os astrónomos tenham visto os destroços de muitas estrelas que explodiram na Via Láctea e galáxias próximas, é muitas vezes difícil de determinar a linha temporal do desaparecimento da estrela. Ao estudar os espetaculares remanescentes de uma supernova numa galáxia vizinha usando telescópios da NASA, uma equipa de astrónomos encontrou pistas suficientes para ajudar a voltar atrás no tempo.

O remanescente de supernova chamado SNR 0519-69.0 (SNR 0519 para abreviar) são os escombros da explosão de uma estrela anã branca. Depois de atingir uma massa crítica, quer puxando matéria de uma estrela companheira, quer fundindo-se com outra anã branca, a estrela sofreu uma explosão termonuclear e foi destruída. Os cientistas utilizam este tipo de supernova, chamado Tipo Ia, para uma vasta gama de estudos científicos, desde estudos de explosões termonucleares até à medição de distâncias a galáxias ao longo de milhares de milhões de anos-luz.

SNR 0519 está localizada na Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia a 160.000 anos-luz da Terra. Esta composição mostra dados de raios-X do Observatório Chandra da NASA e dados óticos do Telescópio Espacial Hubble da NASA. Os raios-X de SNR 0519 com energias baixas, médias e altas são vistos a verde, azul e roxo respetivamente, com algumas destas cores sobrepostas para parecerem brancas. Os dados óticos mostram o perímetro do remanescente em vermelho e estrelas em torno do remanescente em branco.

Os astrónomos combinaram os dados do Chandra e do Hubble com dados do aposentado telescópio espacial Spitzer da NASA para determinar há quanto tempo a estrela em SNR 0519 explodiu e para aprender mais sobre o ambiente em que a supernova ocorreu. Estes dados proporcionam aos cientistas uma oportunidade de "rebobinar" o filme da evolução estelar que tem sido reproduzido desde então e descobrir quando é que começou.

Os investigadores compararam imagens do Hubble de 2010, 2011 e 2020 para medir as velocidades do material na onda de explosão, que varia entre cerca de 6 e 9 milhões de quilómetros por hora. Se a velocidade estiver perto do limite superior dessas velocidades estimadas, os astrónomos determinaram que a luz da explosão teria chegado à Terra há cerca de 670 anos, durante a Guerra dos Cem Anos entre a Inglaterra e a França, ou no auge da dinastia Ming na China.

No entanto, é provável que o material tenha abrandado desde a explosão inicial e que a explosão tenha ocorrido mais recentemente do que há 670 anos. Os dados do Chandra e do Spitzer fornecem pistas de que este é o caso. Os astrónomos descobriram que as regiões mais brilhantes do remanescente, em raios-X, são onde o material se move mais devagar, e nenhuma emissão de raios-X está associada ao material que se move mais depressa.

Estes resultados implicam que uma parte da onda de explosão embateu no gás denso à volta do remanescente, causando a sua desaceleração à medida que viajava. Os astrónomos podem utilizar observações adicionais com o Hubble para determinar com maior precisão o momento do desaparecimento da estrela.

Fonte: Astronomia OnLine

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