Ondas gravitacionais confirmam lei dos buracos negros prevista por Stephen Hawking
Apesar
de sua natureza misteriosa, acredita-se que os buracos negros sigam certas
regras simples. Agora, uma das mais famosas leis dos buracos negros, prevista
pelo físico Stephen Hawking, foi confirmada através de ondas gravitacionais.
De
acordo com o teorema da área do buraco negro, desenvolvido por Hawking no
início dos anos 1970, os buracos negros não podem diminuir sua área de
superfície com o tempo. O teorema da área fascina os físicos porque reflete uma
regra da física bem conhecida de que a desordem, ou entropia, não pode diminuir
com o tempo. Em vez disso, a entropia aumenta consistentemente.
Essa
é “uma pista empolgante de que as áreas dos buracos negros são algo fundamental
e importante”, disse o astrofísico Will Farr, da Universidade Stony Brook em
Nova York e do Flatiron Institute na cidade de Nova York (EUA).
A
área da superfície de um buraco negro solitário não mudará – afinal, nada pode
escapar de seu interior. No entanto, se você jogar algo em um buraco negro, ele
ganhará mais massa, aumentando sua área de superfície. Mas o objeto que chega
também pode fazer o buraco negro girar, o que diminui a área da superfície. A
lei da área diz que o aumento na área de superfície devido à massa adicional
sempre superará a diminuição na área de superfície devido ao giro adicionado.
Para
testar esta regra da área, o astrofísico do MIT Maximiliano Isi, Farr e outros
usaram ondulações no espaço-tempo provocadas por dois buracos negros que
espiralaram um em direção ao outro e se fundiram em um buraco negro maior. A
área da superfície de um buraco negro é definida por seu horizonte de eventos –
o limite de dentro do qual é impossível escapar. De acordo com o teorema da
área, a área do horizonte de eventos do buraco negro recém-formado deve ser
pelo menos tão grande quanto as áreas dos horizontes de eventos dos dois
buracos negros originais combinados.
A
equipe analisou dados das primeiras ondas gravitacionais já detectadas, que
foram captadas pelo Observatório de Ondas Gravitacionais de Interferômetro a
Laser Avançado, o LIGO, em 2015. Os pesquisadores dividiram os dados das ondas
gravitacionais em dois segmentos de tempo, antes e depois da fusão, e
calcularam as áreas da superfície dos buracos negros em cada período. A área de
superfície do buraco negro recém-formado era maior do que a dos dois buracos
negros iniciais combinados, sustentando a lei da área com um nível de confiança
de 95 por cento, relatou a equipe em um estudo que será publicado na Physical
Review Letters.
“É
a primeira vez que podemos inferir nisso”, disse Isi.
O
teorema da área é resultado da teoria da relatividade geral, que descreve a
física dos buracos negros e ondas gravitacionais. Análises anteriores de ondas
gravitacionais concordaram com as previsões da relatividade geral e, portanto,
já sugeriram que a lei da área não pode ser totalmente errada. Mas o novo
estudo “é uma confirmação mais explícita” da lei da área, disse a física
Cecilia Chirenti, da Universidade de Maryland em College Park (EUA), que não
esteve envolvida na pesquisa.
Até
agora, a relatividade geral descreve bem os buracos negros. Mas os cientistas
não entendem completamente o que acontece nos limites onde a relatividade geral
– que normalmente se aplica a objetos grandes como buracos negros – encontra a
mecânica quântica, que descreve pequenas coisas como átomos e partículas
subatômicas. Nesse reino quântico, coisas estranhas podem acontecer.
Por
exemplo, os buracos negros podem liberar uma névoa tênue de partículas chamada
radiação Hawking, outra ideia desenvolvida por Hawking na década de 1970. Esse
efeito poderia permitir que os buracos negros encolhessem, violando a lei da
área, mas apenas por períodos extremamente longos de tempo, então não teria
afetado a fusão relativamente rápida de buracos negros que o LIGO detectou.
Os
físicos estão procurando por uma teoria melhor que combine as duas disciplinas
em uma teoria nova e aprimorada da gravidade quântica. Qualquer falha dos
buracos negros em obedecer às regras da relatividade geral poderia apontar os
físicos na direção certa para encontrar essa nova teoria.
Portanto,
os físicos tendem a ficar mal-humorados com o sucesso duradouro da relatividade
geral, disse Farr. “Nós pensamos, ‘ah, ela estava certa de novo’”.
Fonte: universoracionalista.org
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