Descoberto o buraco negro mais próximo da Terra
Os astrônomos ainda não compreendem como a estrela companheira pode ter sobrevivido à formação do buraco negro. [Imagem: Gemini/NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani]
Buraco negro adormecido
O
buraco negro conhecido mais próximo da Terra está a apenas 1.600 anos-luz de
distância, na constelação Ofiúco, ou Serpentário. Batizado de Gaia BH1, o
buraco negro acaba de ser descoberto por uma equipe liderada por Kareem
El-Badry, que usou o Observatório Internacional Gemini, no Havaí.
Essa
grande proximidade da Terra oferece um novo alvo para aprofundar nosso
conhecimento sobre esses corpos celestes ainda muito pouco compreendidos - ele
está três vezes mais próximo de nós do que o recordista anterior, que fica na
constelação do Unicórnio.
Recentemente
houve outro anúncio de um buraco negro muito mais próximo, mas a seguir outra
equipe mostrou que aquele "buraco negro mais perto de nós" não
existia.
Estima-se
que haja 100 milhões de buracos negros de massa estelar apenas na Via Láctea.
Ao contrário dos gigantescos buracos negros que residem no centro das galáxias,
os estelares pesam de cinco a 100 vezes a massa do Sol. No entanto, apenas um
punhado deles foi confirmado até o momento, e quase todos são ativos, o que
significa que brilham intensamente em raios X enquanto consomem material de uma
companheira estelar próxima, com quem formam um sistema binário.
O
Gaia BH1 é diferente: Ele é considerado um buraco negro dormente, ou
adormecido, com cerca de 10 vezes a massa do Sol, não emitindo esse brilho em
raios X. Por isso, sua descoberta só foi possível graças a observações do
movimento da sua companheira, uma estrela parecida com o Sol que orbita o
buraco negro aproximadamente à mesma distância que a Terra orbita o Sol.
"Pegue
o Sistema Solar, coloque um buraco negro onde está o Sol e o Sol onde está a
Terra, e você tem esse sistema," comparou El-Badry. "Embora tenha
havido muitas reivindicações de detecções de sistemas como este, quase todas
essas descobertas foram posteriormente refutadas. Esta é a primeira detecção
inequívoca de uma estrela semelhante ao Sol em uma órbita ampla em torno de um
buraco negro de massa estelar em nossa galáxia."
Lacunas no conhecimento
Não
está claro como a estrela de massa solar que forma o binário pode ter
sobrevivido à formação do buraco negro, provavelmente a partir de uma estrela
muito massiva.
Os
modelos atuais estabelecem que essa grande estrela teria rapidamente se
transformado em uma supergigante, inchando e engolindo a outra estrela antes
que ela tivesse tempo de se tornar uma estrela da sequência principal,
queimando hidrogênio, como o nosso Sol, terminando como a estrela aparentemente
normal que ela é hoje.
Todos
os modelos teóricos que permitem a sobrevivência da estrela de massa solar
preveem que ela deveria ter terminado em uma órbita muito mais estreita do que
a que ela está hoje. Isso mostra que existem lacunas importantes em nossa
compreensão de como os buracos negros se formam e evoluem em sistemas binários,
o que também sugere a existência de uma população ainda inexplorada de buracos
negros adormecidos em sistemas binários.
Fonte:
Inovação Tecnológica
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