Risco de asteroides atingirem a Terra pode ser maior do que se pensa
É possível que os vestígios deixados por impactos de grandes asteroides na Terra nos últimos milhões de anos tenham sido interpretados equivocadamente. Se este for o caso, o risco de algum deles atingir a Terra pode ser maior do que pensamos.
Reprodução/CoolVid-Shows/Pixabay
A conclusão é de um estudo
liderado por James Garvin, cientista chefe do Centro de Voos Espaciais Goddard,
da NASA, que trabalhou com imagens de satélite e apresentou os resultados
durante a 54ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, realizada na última
semana.
Com um catálogo de imagens de satélite em
alta resolução, Garvin e seus colegas criaram mapas tridimensionais de quatro
crateras e usaram um algoritmo para procurar padrões circulares no relevo.
Assim, eles descobriram grandes anéis ao redor de três crateras de impacto,
junto de um que parece ter um milhão de anos ou menos.
Para ele, os anéis implicam que as crateras
são, na verdade, dezenas de quilômetros maiores, e que talvez indiquem eventos
mais violentos do que se pensava. Como a água e o vento apagam rapidamente a
maioria das crateras na Terra, os pesquisadores costumam estimar as taxas de
impacto a partir do tamanho e idade de crateras na Lua, onde não há atmosfera e
nem erosão causada por fenômenos do tipo. Ainda, eles estudam também o tamanho
dos asteroides próximos do nosso planeta, com potencial para atingi-lo no
futuro.
Representação dos objetos próximos da Terra descobertos até 2018 (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech)
Com base nestes dois métodos, os
pesquisadores estimam que asteroides e cometas com pelo menos um quilômetro de
diâmetro atingem a Terra a cada 600 ou 700 mil anos. Entretanto, o novo estudo
sugere que, somente nos últimos milhões de anos, objetos com quatro quilômetros
de extensão mergulharam nos continentes — e, se considerarmos que a maior parte
da Terra é coberta por água, isso indica que até uma dúzia deles atingiu nosso
planeta.
Se eles estiverem corretos, isso significa
que cada impacto causou uma explosão pelo menos 10 vezes mais violenta que a
maior bomba nuclear da história. Estes eventos poderiam ter expelido para da
atmosfera terrestre ao espaço e, embora não sejam tão destrutivos quanto o
impacto que dizimou os dinossauros, poderiam afetar o clima e causar extinções
locais.
Anna Łosiak, pesquisadora de crateras na
Academia Polonesa de Ciências, duvida que as formações em anéis identificadas
pela equipe sejam realmente bordas de crateras. “Mas, se forem, isso seria
muito assustador, porque iria significar que realmente não entendemos o que
está acontecendo e que há muitas rochas espaciais que podem vir e fazer uma
bagunça”, alertou.
O estudo sugere que a cratera Zhamanshin tem 30 km de diâmetro (linha vermelha), ao invés dos 13 km (linha preta) estimados atualmente (Imagem: Reprodução/J. Garvin, C. Tucker, C. Anderson, D. Slayback, And D. Mcclain/nasa Goddard Space Flight Center; Maxar Worldview; Earthdem; NASA Planetary Defense Coordination Office)
Mas muita calma nessa hora, já que até
Garvin reconhece que o estudo trouxe resultados extraordinários, que exigem
comprovações igualmente extraordinárias. “Não provamos nada”, disse ele.
Devido à ausência de trabalho em campo para
apoiar as conclusões, os cientistas que estudam impactos estão céticos, já que
elas se desviam bastante de outras taxas de impacto. “Quero ver muito mais
antes de acreditar nisso”, observou Bill Bottke, dinamicista planetário no Instituto
de Pesquisa Sudoeste, em Colorado, nos Estados Unidos.
Brandon Johnson, cientista planetário da
Universidade de Purdue, acredita que os autores precisam de mais evidências
para seus resultados terem mais força. Primeiro, caso as mudanças climáticas causadas
por impactos desta proporção tenham ocorrido, elas devem ter deixado marcas em
núcleos rochosos ou sedimentos no oceano. Além disso, os pesquisadores precisam
visitar os locais dos anéis para procurar rochas deformadas e variações
gravitacionais que indiquem que realmente há crateras deixadas por impactos de
rochas espaciais ali.
O artigo com os resultados do estudo foi
disponibilizado no site da conferência.
Fonte: canaltech.com.br
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