Conheça a sonda espacial Psyche, que irá estudar asteroide metálico
Asteroide metálico
A
primeira missão para estudar um asteroide rico em metais, a sonda espacial
Psique deverá ser lançada nesta quinta-feira (12 de Outubro) para tentar
aprender mais sobre a formação de corpos rochosos no nosso Sistema Solar.
Se
o asteroide 16 Psique for realmente como vislumbrado nesta ilustração artística
da NASA, seu interesse científico aumentará enormemente. [Imagem:
NASA/JPL-Caltech/ASU]
A
espaçonave viajará 3,5 bilhões de quilômetros até um asteroide rico em metais,
localizado nos confins do Cinturão Principal de Asteroides, entre Marte e
Júpiter.
Esse
asteroide, chamada 16 Psique, já rendeu minutos de fama a alguns cientistas
mais oportunistas, que decidiram calcular seu valor se ele fosse de fato
composto totalmente por metais, passando a chamá-lo de "asteroide
bilionário" - esses cálculos presumem que o asteroide pudesse ser colocado
na superfície da Terra, algo impossível com a tecnologia atual, que esse
impossível fosse feito sem custos e que a repentina oferta dos metais de que
ele fosse composto não afetaria os preços dessas commodities.
Pseudociências
à parte, aprender mais sobre o asteroide Psique pode nos dar informações
importantes sobre as origens do nosso Sistema Solar e sobre a formação
planetária em geral. Também será uma novidade se finalmente chegarmos próximo a
um asteroide ao menos parcialmente "mais metálico", de consistência
mais homogênea, já que todos os asteroides visitados até agora, para surpresa
geral e contra todas as expectativas, são mais parecidos com rochas
sedimentares, formados pela aglomeração de inúmeros fragmentos - algo para o
quê ainda não temos boas explicações.
Jogo de ganha-ganha
Com base em dados obtidos por radares e telescópios, os cientistas assumem a hipótese de que o asteroide Psique poderia fazer parte do interior rico em metais de um planetesimal, um bloco de construção de um planeta rochoso que nunca chegou a se formar - ele pode ter colidido com outros corpos grandes durante sua formação inicial e perdido sua concha rochosa externa.
Como não
conseguimos ainda abrir caminho até o núcleo metálico da Terra, visitar Psique
pode fornecer uma janela única para o interior do nosso próprio planeta, além
de ilustrar a história de colisões violentas, como a que se acredita ter
formado a Lua, e da acumulação de matéria que criou planetas como o nosso.
Mas
a história pode ter sido outra. Embora as rochas de Marte, Vênus e Terra
estejam repletas de óxidos de ferro, a superfície de Psique não parece
apresentar muitos desses compostos químicos. Isto sugere que a história do
asteroide difere das histórias padrão de formação planetária no Sistema Solar.
E
isso é bom, porque forma um jogo de ganha-ganha científico: Se os dados
comprovarem que Psique é constituído por restos de material do núcleo de um
bloco de construção planetário, aprenderemos como a sua história se assemelha e
diverge da dos planetas rochosos; e, se os dados mostrarem que Psique não é um
núcleo exposto, ele poderá revelar-se um tipo de objeto primordial do Sistema
Solar nunca antes visto.
Instrumentos científicos
Três
instrumentos científicos e uma investigação da força gravidade deverão ajudar a
dizer qual dessas hipóteses é a mais plausível.
Um
magnetômetro procurará evidências de um antigo campo magnético no asteroide -
um campo magnético residual seria um forte indício de que Psique se formou a
partir do núcleo de um corpo planetário.
Um
espectrômetro de raios gama e nêutrons ajudará a determinar os elementos
químicos que compõem o asteroide e, por decorrência, a entender melhor como ele
se formou.
Finalmente,
um gerador de imagens multiespectral fornecerá informações sobre a composição
mineral do asteroide, bem como sua topografia.
A
equipe científica da missão também tirará proveito do sistema de
telecomunicações da sonda espacial para estudar a gravidade. Ao analisar as
ondas de rádio com as quais a nave se comunica, os cientistas poderão medir
como o asteroide Psique afeta a órbita da espaçonave. Essa informação permitirá
determinar a rotação, a massa e o campo gravitacional do asteroide, oferecendo
informações adicionais sobre a composição e estrutura do seu interior.
Propulsão mais eficiente
Composto
por quatro propulsores de efeito Hall - mais conhecidos como motores iônicos -
o sistema de propulsão elétrica-solar da sonda Psique aproveita a energia
elétrica gerada por grandes painéis solares para criar campos elétricos e
magnéticos. Estes, por sua vez, aceleram e expelem átomos eletricamente
carregados, ou íons, de um propelente que nada mais é do que o gás nobre
xenônio, o mesmo usado em faróis de carros e TVs de plasma. Saindo em alta
velocidade pelo bocal, os íons produzem impulso.
Fica
bonito, porque o gás ionizado emite um brilho azul semelhante ao visto nas
naves dos filmes de ficção científica, embora cada um dos quatro propulsores da
sonda vá operar isoladamente, um de cada vez. A força parece pequena,
comparável à força que você precisa fazer para segurar três moedas na palma da
mão; mas, no vazio quase sem atrito do espaço, a sonda espacial acelerará lenta
e continuamente.
Esse
sistema de propulsão baseia-se em tecnologias semelhantes usadas pela sonda
espacial Dawn (Aurora), que estudou o asteroide Vesta, mas a Psique será a
primeira missão da NASA a usar propulsores de efeito Hall no espaço profundo.
Comunicações a laser no espaço
Também
irá a bordo da sonda espacial um demonstrador de tecnologia chamado DSOC, sigla
em inglês para Comunicações Ópticas no Espaço Profundo. O objetivo é testar
comunicações a laser de alta velocidade - no espaço a taxa de dados não é
exatamente "alta" - que possam ser usadas em futuras missões.
O
teste virá se somar ao demonstrador de comunicação a laser lunar, ao LCRD (relé
de demonstração de comunicações a laser), na ISS desde 2021, e ao módulo de
comunicação a laser ILLUMA-T, que foi ao espaço em Agosto último.
Cerca
de dois meses após o lançamento, a equipe realizará uma verificação inicial da
sonda espacial e dos instrumentos científicos, quando então serão capturadas
suas primeiras imagens. A sonda espacial chegará ao asteroide em 2029, como uma
missão primária prevista para durar 26 meses em órbita de 16 Psique.
Fonte:
Inovação Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!