Os Detalhes Da Fusão de Duas Estrelas de Nêutrons
Uma
inovação significativa foi alcançada no campo da astrofísica. Pesquisadores
desenvolveram uma simulação computacional tridimensional (3D) avançada que
imita a luz emitida após a fusão de duas estrelas de nêutrons. Esta simulação
produziu resultados que se alinham estreitamente com uma kilonova observada,
nomeada AT2017gfo.
Luke J. Shingles, o principal autor da publicação no renomado “The Astrophysical Journal Letters”, destacou a concordância sem precedentes entre a simulação e a observação. Este alinhamento sugere que os cientistas agora têm uma compreensão ampla dos eventos que ocorrem durante e após a explosão de uma kilonova.
Recentes
observações combinando ondas gravitacionais e luz visível apontaram para fusões
de estrelas de nêutrons como o principal local de produção de certos elementos.
Esta pesquisa foi uma colaboração entre o GSI Helmholtzzentrum für
Schwerionenforschung e a Queen’s University Belfast.
A
luz que observamos através de telescópios é determinada pelas interações entre
elétrons, íons e fótons no material ejetado de uma fusão de estrelas de
nêutrons. Estes processos complexos e a luz emitida podem ser modelados através
de simulações computacionais de transferência radiativa.
O
que torna esta pesquisa particularmente notável é que, pela primeira vez, foi
produzida uma simulação 3D que segue de forma autônoma a fusão da estrela de
nêutrons, a nucleossíntese de captura de nêutrons, a energia depositada pela
decadência radioativa e a transferência radiativa com dezenas de milhões de
transições atômicas de elementos pesados.
A
capacidade tridimensional desta simulação permite que os pesquisadores prevejam
a luz observada de qualquer direção de visualização. Quando observada quase
perpendicularmente ao plano orbital das duas estrelas de nêutrons, a simulação
prevê uma sequência de distribuições espectrais que se assemelham notavelmente
ao que foi observado para a kilonova AT2017gfo.
Shingles
ressaltou a importância desta pesquisa, afirmando que ela nos ajudará a
entender as origens dos elementos mais pesados que o ferro, como o platino e o
ouro. Estes elementos são principalmente produzidos pelo processo de captura
rápida de nêutrons em fusões de estrelas de nêutrons.
É
fascinante considerar que cerca de metade dos elementos mais pesados que o
ferro são produzidos em ambientes de temperaturas e densidades de nêutrons
extremas. Estas condições são alcançadas quando duas estrelas de nêutrons se
fundem.
À
medida que espiralam uma em direção à outra e coalescem, a explosão resultante
leva à ejeção de matéria com as condições adequadas para produzir núcleos
pesados ricos em nêutrons através de uma sequência de capturas de nêutrons e
beta-decaimentos.
Estes
núcleos eventualmente decaem para a estabilidade, liberando energia que
alimenta uma explosiva kilonova, uma emissão luminosa que desaparece
rapidamente em cerca de uma semana. A simulação 3D é uma maravilha da
integração interdisciplinar, combinando várias áreas da física. Ela abrange
desde o comportamento da matéria em altas densidades até as propriedades de
núcleos pesados instáveis e interações átomo-luz de elementos pesados.
No
entanto, desafios ainda permanecem. Por exemplo, contabilizar a taxa na qual a
distribuição espectral muda e descrever o material ejetado em momentos
posteriores são áreas que exigem mais investigação.
O
progresso futuro nesta área aumentará a precisão com que podemos prever e
entender características nos espectros e aprofundará nosso entendimento das
condições sob as quais os elementos pesados foram sintetizados. Um ingrediente
fundamental para esses modelos é a obtenção de dados experimentais atômicos e
nucleares de alta qualidade, como os que serão fornecidos pela instalação FAIR.
Em conclusão, esta pesquisa representa um passo significativo na compreensão das fusões de estrelas de nêutrons e kilonovas. A combinação de simulações teóricas com observações do mundo real está pavimentando o caminho para descobertas ainda mais profundas no domínio da astrofísica.
A colaboração entre instituições de renome e a integração de múltiplas disciplinas da física garantem que continuaremos a elucidar os mistérios das fusões de estrelas de nêutrons e kilonovas nos próximos anos.
Fonte: spacetoday.com.br
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