Bilhões de anos atrás, a Lua virou do avesso
Acredite ou não, a a Lua virou do
avesso bilhões de anos atrás. Entretanto, isso não ocorreu simplesmente de uma
hora para outra. A Lua possui um passado geológico bastante conturbado,
conforme os pesquisadores estão descobrindo ultimamente, e novas surpresas
sobre esse passado estão sendo descobertas.
Imagem: NASA/Adrien Broquet/University of Arizona & Audrey Lasbordes
A história mais aceita sobre a criação da Lua é quando um pequeno planeta se chocou com a Terra, cerca de 4,5 bilhões de anos, quando o nosso planeta ainda era um jovem objeto, sem a complexa vida que vive aqui hoje. Com o choque, detritos da Terra foram jogados ao espaço, e com o passar do tempo se aglutinaram para formar o que hoje conhecemos como Lua.
Os detritos se juntaram
rapidamente para formar a Lua, e ainda estavam quentes. Assim, no início, havia
um oceano de magma cobrindo a Lua quase por inteira. Quando esse magma se
solidificou, formaram-se muitos minerais pesados na superfície, mais densos do
que estavam por baixo.
“Como esses minerais pesados são
mais densos do que o manto embaixo, isso cria uma instabilidade gravitacional,
e você esperaria que essa camada afundasse mais profundamente no interior da
Lua”, disse em um comunicado Weigang Liang, líder da pesquisa.
O material mais denso correu para
o interior da Lua e se misturou com o manto, derretendo. Assim, o material
gradualmente retornou a superfície conforme esse magma tornava-se lava.
O estudo foi publicado na revista
Nature Geoscience.
Como a Lua virou do
avesso?
“Nossa lua literalmente se virou
do avesso. Mas houve poucas evidências físicas para lançar luz sobre a
sequência exata de eventos durante esta fase crítica da história lunar, e há
muita discordância nos detalhes do que aconteceu – literalmente”, disse o
professor associado da LPL (Lunar and Planetary Laboratory), da Universidade do
Arizona, Jeff Andrews-Hanna, que é co-autor do estudo.
A Lua virou do avesso. Imagem: Adrien Broquet/University of Arizona & Audrey Lasbordes.
Entretanto, os pesquisadores
ainda não sabem, entretanto, exatamente como ocorreu. Não se sabe em que
velocidade ocorreu, de que forma foi. Não há detalhes.
“Sem provas, você pode escolher
seu modelo favorito. Cada modelo tem implicações profundas para a evolução
geológica de nossa lua”, disse Adrien Broquet, do Centro Aeroespacial Alemão em
Berlim, um dos coautores.
Entretanto, embora não saibam os
detalhes, há fortes evidência de que a lua virou do avesso. Há padrões nas
anomalias do campo gravitacional da Lua.
“Quando vimos essas previsões do
modelo, foi como se uma lâmpada acendesse, porque vemos exatamente o mesmo
padrão quando olhamos para variações sutis no campo gravitacional da lua,
revelando uma rede de material denso à espreita abaixo da crosta”, explica
Andrews-Hanna.
Com dados da missão GRAIL, da
Nasa, os pesquisadores puderam observar que as anomalias assinadas
gravitacionalmente podem clarear um possível mapeamento dos restos de ilmenita
(um mineral composto por ferro e titânio) deixados com o afundamento dos materiais
densos.
“Analisar essas variações no
campo gravitacional da Lua nos permitiu espiar sob a superfície da Lua e ver o
que está embaixo”, explica Broquet.
Por meio dessa e outras análises,
os pesquisadores puderam buscar relações que permitiram até mesmo aproximar a
época em que essa troca de materiais ocorreu – cerca de 4,22 bilhões de anos
atrás, logo após o choque que gerou a Lua. Então, tudo isso ocorreu de maneira
geologicamente rápida.
“Nossas análises mostram que os
modelos e dados estão contando uma história notavelmente consistente”, explica
Liang. “Os materiais ilmenitas migraram para o lado próximo e afundaram no
interior em cascatas semelhantes a lençóis, deixando para trás um vestígio que
causa anomalias no campo gravitacional da Lua, como visto pelo Graal.”
Os pesquisadores estão animados
com as novas descobertas, pois isso pode clarear muito sobre o início da
história de nosso satélite natural, e logo podemos entender melhor sobre como a
Lua virou do avesso.
“Pela primeira vez temos
evidências físicas nos mostrando o que estava acontecendo no interior da Lua
durante este estágio crítico de sua evolução, e isso é realmente empolgante”,
disse Andrews-Hanna. “Acontece que a história mais antiga da Lua está escrita
abaixo da superfície, e foi preciso a combinação certa de modelos e dados para
desvendar essa história.”
Fonte: Socientifica.com.br
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