Motor de dobra é possível, mas vai consumir muita energia
Viagem por dobras espaciais
Os motores de dobra nasceram na
ficção científica, ficando famosos ao impulsionar as naves da série Jornadas
nas Estrelas.
As viagens por dobras espaciais não têm aceleração, já que é o tecido do espaço-tempo que se dobra. [Imagem: Gerado por IA/Designer]
A teoria da relatividade
estabelece que nada pode viajar mais rápido do que a velocidade da luz. Mas ela
não impõe nenhum limite para a velocidade com que o tecido do espaço-tempo pode
se contrair ou expandir. O truque então consiste em criar um modo de contrair o
espaço-tempo à frente da nave e expandi-lo logo atrás - a espaçonave vai
literalmente surfar pelo espaço-tempo, sem nenhuma aceleração.
Em 1994, o físico mexicano Miguel
Alcubierre lançou um modelo de como um motor de dobra poderia fazer isso na
vida real, mas a solução envolve uma exótica "energia negativa". Isto
é no mínimo problemático, uma vez que essa forma de energia nunca foi
observada, e ainda entra em conflito com propriedades da matéria que
conhecemos.
Depois disso, outros
pesquisadores argumentaram que a velocidade de dobra é mais factível do que se
imaginava, surgindo até mesmo propostas de como construir um motor de dobra sem
quebrar as leis da Física.
Agora, Jared Fuchs e colegas da
Universidade do Alabama em Huntsville, nos EUA, identificaram uma nova maneira
pela qual a tecnologia de dobra poderá vir a ser possível.
Em azul está a densidade de energia (positiva) da bolha de dobra de velocidade constante, enquanto em preto estão as linhas de fluxo de momento da matéria dentro da bolha.[Imagem: Jared Fuchs et al. - 10.1088/1361-6382/ad26aa]
Motor de dobra factível
Para ficar dentro dos princípios
da Relatividade Geral, a equipe introduziu o conceito de um "motor de
dobra subluminal de velocidade constante" - ou seja, você poderá viajar
muito rápido, mas não irá superar a velocidade da luz.
A grande vantagem está na
eliminação da necessidade da problemática energia negativa, utilizando em seu
lugar uma mistura sofisticada de técnicas gravitacionais para criar uma bolha
de dobra, dentro da qual objetos poderão ser transportados em altas velocidades,
tudo dentro dos limites da física conhecida.
"Este estudo muda a conversa
sobre motores de dobra," disse Fuchs. "Ao demonstrar um modelo
inédito, mostramos que os motores de dobra não podem ser relegados à ficção
científica."
O que os pesquisadores chamam de
"técnicas gravitacionais" junta tanto aspectos das teorias conhecidas
quanto aspectos inovadores, gerados por uma ferramenta criada pela própria
equipe, chamada "Fábrica de Dobra", e que está sendo disponibilizada
para outros pesquisadores por meio da Applied Physics, uma organização
independente de pesquisas da qual a equipe é afiliada.
É uma matemática complexa, mas
que permite o transporte de objetos em velocidades altas, mas subluminais,
através da engenharia de espaços-tempos de dobra para que eles gravitem como
matéria comum - uma solução inédita.
"Embora este projeto ainda exija uma quantidade considerável de energia, ele demonstra que os efeitos de deformação podem ser alcançados sem formas exóticas de matéria," disse Christopher Helmerich, membro da equipe. "Essas descobertas abrem caminho para reduções futuras nos requisitos de energia do motor de dobra."
A Fábrica de Dobra é um kit de ferramentas de código aberto desenvolvido para modelar a física única dos motores de dobra. A ideia é usar ferramentas numéricas para obter um novo tipo de visão que possa permitir a exploração de novas soluções físicas. [Imagem: Applied Physics]
Motor sem aceleração
Ao contrário dos passageiros de
carros, aviões ou foguetes, os passageiros de uma nave impulsionada por um
motor de dobra não experimentam forças G. A solução publicada agora pela equipe
mostra que é possível construir uma nave assim usando matéria comum.
"Embora ainda não estejamos
fazendo as malas para viagens interestelares, esta conquista anuncia uma nova
era de possibilidades," disse Gianni Martire, presidente da Applied
Physics. "Continuamos a fazer progressos constantes à medida que a
humanidade embarca na Era de Dobra."
A ideia é continuar fazendo esses
progressos, aperfeiçoando os modelos e ferramentas e contando com a colaboração
entre disciplinas e instituições para transformar este sonho outrora fantástico
em realidade, propõe a equipe.
Fonte: Inovação Tecnológica
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