Buraco negro de luz? Cientistas dizem que 'kugelblitze' não existe

O buraco negro de luz, também chamado de kugelblitze, é um tipo de objeto celestial hipotético idealizado por um grupo de cientistas há quase setenta anos. Contudo, a existência deles não é real.

De acordo com um novo estudo publicado no servidor de pré-impressão arXiv e aceito na revista científica Physical Review Letters, os dados analisados sugerem que o kugelblitze não existe na nossa realidade.

Conforme as leis da matemática, os buracos negros de luz não podem ser reais.... 

Os kugelblitze são descritos como buracos negros luminosos, criados a partir da luz — o que é totalmente contrário ao conhecimento comum sobre buracos negros, que "engolem" até a luz. Se realmente existissem, a descoberta do processo de funcionamento desse tipo de objeto poderia ajudar a responder algumas das questões mais primordiais do universo, como desvendar mais sobre a matéria escura.

O novo artigo afirma que seria impossível a existência de um buraco negro de luz, pois seria praticamente inviável atingir o nível de luz necessário para criar a reação de um buraco negro de luz; essa intensidade supera até a luz encontrada em um núcleo galáctico ativo (quasar).

Pesquisadores da Universidade de Waterloo, no Canadá, e da Universidade Complutense de Madri, na Espanha, explicam que, muito antes de atingir esse nível de intensidade, ocorreriam efeitos quânticos que evitariam a formação de um buraco negro de luz.

“Elétrons e suas antipartículas (pósitrons) podem aniquilar-se mutuamente e se desintegrar em pares de fótons, ou ‘partículas’ de luz. Quando há uma grande concentração de fótons, eles podem se desintegrar em pares de elétron-pósitron, que são rapidamente espalhados, levando a energia com eles e evitando o colapso gravitacional [que iniciaria a formação do buraco negro]”, disse o líder do estudo e professor de matemática aplicada e física, Eduardo Martín-Martínez.

Kugelblitze: buraco negro de luz

Para chegar ao resultado, a equipe do estudo criou um modelo matemático que incorpora efeitos da mecânica quântica no processo. Assim, eles descobriram que seria necessária mais luz do que a quantidade encontrada em um dos objetos mais brilhantes conhecidos pela humanidade, os quasares.

Com essa quantidade intensa de luz, partículas seriam criadas espontaneamente e se moveriam para longe. Contudo, essa reação também evitaria o colapso gravitacional, responsável pela formação dos buracos negros.

Apesar disso, os cientistas não descartam a hipótese de que os buracos negros de luz tenham existido em algum momento do universo primitivo. Eles explicam que, logo após o Big Bang, podem ter existido condições extremas que possibilitassem a formação de um kugelblitze, mas que isso não é possível na configuração atual do cosmos.

"Este trabalho não apenas resolve o debate sobre se é possível criar fenômenos gravitacionais fortes com campos eletromagnéticos gerados por meios tecnológicos, mas também que nenhum fenômeno astrofísico que podemos conceber em nosso universo atual seria capaz de chegar perto dos regimes onde esses buracos negros teóricos podem ser formados", Martín-Martínez acrescenta.

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Fonte: Tec Mundo

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