O mistério de 200 anos: como marte escondeu seus oceanos no subsolo
Há bilhões de anos, Marte era um
planeta cheio de oceanos, rios e lagos
Marte primitivo, como pode ter sido, bilhões de anos atrás. Estudantes de pós-graduação da Universidade do Texas em Austin publicaram pesquisas que sugerem que grande parte da água do planeta estava retida no subsolo. Crédito: Ittiz/Wikimedia Commons
Mas o que aconteceu com toda essa água? Dois estudantes da Universidade do Texas em Austin, Mohammad Afzal Shadab e Eric Hiatt, descobriram uma peça importante desse quebra-cabeça: o tempo que a água levou para infiltrar-se da superfície até o subsolo de Marte.
O Ciclo da Água em Marte
Há muito tempo, rios e lagos
corriam pela superfície de Marte. Mas os cientistas sempre tiveram dificuldade
para entender como funcionava o ciclo da água no Planeta Vermelho. Agora, a
pesquisa desses estudantes trouxe novas pistas sobre o que aconteceu com a água
da superfície e quanta dela pode estar escondida no subsolo.
Usando modelos de computador,
Shadab e Hiatt calcularam quanto tempo a água levou para descer da superfície
até os aquíferos profundos (camadas subterrâneas de água). Eles descobriram
que, no Marte antigo, esse processo podia levar entre 50 e 200 anos. Na Terra,
por comparação, a água chega ao lençol freático (o nível de água subterrânea)
em poucos dias.
Os resultados, publicados na
revista Geophysical Research Letters, ajudam a resolver um grande mistério
sobre como Marte perdeu sua água abundante.
Água Escondida no Subsolo
A pesquisa também revelou que uma
quantidade enorme de água pode ter se infiltrado no subsolo – o suficiente para
cobrir todo o planeta com pelo menos 90 metros de água. Isso sugere que grande
parte da água de Marte não escapou para o espaço, como se pensava, mas ficou
armazenada no subsolo.
Essas descobertas ajudam os
cientistas a entender melhor o ciclo completo da água em Marte. Shadab, que
agora é pesquisador na Universidade de Princeton, explicou que saber como a
água se movia pelo solo do planeta ajuda a estimar quanta água estava disponível
para evaporar, formar chuvas e encher lagos e oceanos antigos.
“Queremos incluir isso em um
modelo que mostre como a água e a superfície de Marte evoluíram juntos ao longo
de milhões de anos até o estado atual”, disse Shadab. “Isso nos ajudará a
responder o que aconteceu com a água de Marte.”
De Um Planeta Molhado a Um
Deserto
Hoje, Marte é um planeta seco,
pelo menos na superfície. Mas, há 3 ou 4 bilhões de anos – quando a vida estava
começando na Terra “, oceanos, lagos e rios esculpiam vales nas montanhas e
crateras de Marte, deixando marcas de antigas linhas costeiras nas rochas.
Diferente da Terra, a água de
Marte seguiu um caminho diferente. A maior parte dela está agora presa no
subsolo ou foi perdida para o espaço junto com a atmosfera do planeta. Entender
quanta água havia na superfície pode ajudar os cientistas a descobrir se ela
ficou tempo suficiente em certos lugares para criar as condições químicas
necessárias para a vida.
Um Destino Seco
Hiatt, que recentemente concluiu
seu doutorado na UT Jackson School of Geosciences, explica que, no Marte
antigo, a água na superfície, como oceanos ou lagos, não durava muito. “Penso
no Marte antigo como um lugar onde qualquer água na superfície, como oceanos ou
lagos, era temporária”, disse ele. “Uma vez que a água entrava no solo, ela
praticamente desaparecia. Essa água nunca voltava à superfície.”
Esperança para o Futuro
Os pesquisadores dizem que as
descobertas não são totalmente ruins para a possibilidade de vida em Marte.
Pelo menos, a água que entrou no subsolo não foi perdida para o espaço, segundo
Hiatt. Esse conhecimento pode ser útil no futuro para exploradores que buscarem
recursos de água subterrânea para sustentar colônias no Planeta Vermelho.
Essa pesquisa oferece uma nova
visão sobre o passado úmido de Marte e ajuda a entender onde a água foi parar –
e como ela ainda pode estar escondida sob a superfície.
Terrarara.com.br

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