Trocar Big Bang por múltiplas singularidades elimina matéria e energia escuras
Múltiplas singularidades
O professor Richard Lieu, da Universidade do Alabama de Huntsville, nos EUA, já inscreveu definitivamente seu nome nos anais da física ao propor, no ano passado, a primeira teoria na qual a força da gravidade pode existir sem massa.
Estamos vivendo uma crise da cosmologia, com sucessivos questionamentos sobre as teorias atuais. [Imagem: KPNO/NOIRLab/NSF/AURA/P. Horálek]
É um afastamento radical de toda
a teoria da relatividade de Albert Einstein, mas Lieu quer mais: Agora ele está
propondo eliminar o Big Bang da descrição fundamental do nascimento do
Universo, substituindo-o por uma sequência de "pequenas" explosões em
sequência, ou "mini bangs".
E uma sequência de explosões tem
efeitos dramáticos sobre o modelo padrão da cosmologia, por exemplo eliminando
a necessidade tanto da matéria escura quanto da energia escura como explicações
para a estruturação das galáxias e a aceleração do Universo, respectivamente.
É bom lembrar que tanto a matéria
escura quanto a energia escura estão sendo constantemente questionadas pelas
observações: Todos os experimentos para procurar pela matéria escura falharam,
e, há poucas semanas, o maior rastreio já feito mostrou que, no mínimo, a
energia escura não é o que os cientistas pensavam.
O ponto de partida é o
modelo da gravidade sem massa, apresentado no ano passado.
"Este novo artigo propõe uma
versão aprimorada do modelo anterior, que também é radicalmente
diferente," explicou Lieu. "O novo modelo pode explicar tanto a
formação e a estabilidade da estrutura quanto as principais propriedades
observacionais da expansão do Universo em geral, ao incorporar singularidades
de densidade no tempo que afetam uniformemente todo o espaço, para substituir a
matéria escura e a energia escura convencionais."
O telescópio Webb lançou muitas
dúvidas sobre modelo cosmológico aceito atualmente. [Imagem: Mike
Boylan-Kolchin/University of Texas at Austin]
Singularidades temporais transitórias
Ao contrário de algumas hipóteses
especulativas, o novo modelo não depende de fenômenos exóticos, como massa
negativa ou densidade negativa.
Em vez disso, a teoria se baseia
na noção de que o Universo está se expandindo devido a uma série de explosões
em etapas, chamadas "singularidades temporais transitórias", que
teriam inundado todo o cosmos com matéria e energia. Infelizmente, essas
singularidades ocorrem tão rapidamente que não podem ser observadas, já que
essas singularidades em sequência aparecem e desaparecem.
"[O astrônomo britânico]
Fred Hoyle [1915-2001] se opôs à cosmologia do Big Bang e postulou um modelo de
'estado estacionário' do Universo, no qual matéria e energia eram
constantemente criadas à medida que o Universo se expandia," contextualizou
Lieu. "Mas essa hipótese viola a lei da conservação de massa-energia.
"Nesta nova teoria, a
conjectura é que matéria e energia aparecem e desaparecem em explosões
repentinas e, curiosamente, não há violação das leis de conservação. Essas
singularidades são inobserváveis porque ocorrem raramente no tempo e são
indeterminadamente rápidas, e essa pode ser a razão pela qual a matéria escura
e a energia escura não foram encontradas. A origem dessas singularidades
temporais é desconhecida - pode-se dizer com segurança que o mesmo se aplica ao
momento do próprio Big Bang," propõe o pesquisador.
Essas singularidades no espaço -
em vez da matéria escura - também geram algo chamado "pressão
negativa", um tipo de densidade de energia que equivale a uma
antigravidade - assim como a energia escura, que tem um efeito gravitacional
repulsivo - fazendo com que o Universo se expanda a uma taxa acelerada.
"Um exemplo é a pressão
negativa exercida por um campo magnético ao longo de uma linha de campo,"
detalhou Lieu. "Einstein também postulou pressão negativa em seu artigo de
1917 sobre a constante cosmológica. Quando a densidade de massa-energia
positiva é combinada com pressão negativa, existem algumas restrições que
garantem que a densidade de massa-energia permaneça positiva em relação a
qualquer observador em movimento uniforme, de modo que a suposição de densidade
negativa é evitada no novo modelo."
A teoria da luz cansada também descarta o Big Bang. [Imagem: Gerado por IA]
Como testar a nova teoria
O título do novo artigo de Lieu -
"A matéria escura e a energia escura são onipresentes?" - toca
diretamente nas conclusões finais do pesquisador.
"Elas não são onipresentes,
ou seja, não estão presentes o tempo todo," explicou ele. "Elas só
aparecem em breves momentos, durante os quais a matéria e a energia preenchem
todo o Universo uniformemente, com exceção de variações aleatórias de densidade
espacial que crescem para formar estruturas interligadas, como as galáxias. Nos
intervalos, elas não são encontradas em lugar nenhum. A única diferença entre
este trabalho e o modelo padrão é que a singularidade temporal ocorreu apenas
uma vez neste último, mas mais de uma vez no primeiro."
Embora as singularidades
transitórias não possam ser observadas, Lieu afirma que é possível validar seu
modelo do cosmos por meio de observações usando instrumentos terrestres, em vez
de algo como o telescópio espacial James Webb.
"A melhor maneira de
procurar o efeito proposto é, na verdade, usar um grande telescópio terrestre -
como o Observatório Keck [Waimea, Havaí], ou o Grupo de Telescópios Isaac
Newton em La Palma, Espanha - para realizar observações de campo profundo,
cujos dados seriam 'fatiados' de acordo com o desvio para o vermelho,"
sugere Lieu. "Dada a resolução suficiente do desvio para o vermelho (ou,
equivalentemente, do tempo) gerada pelo fatiamento do desvio para o vermelho,
pode-se descobrir que o diagrama de Hubble apresenta saltos na relação da
distância do desvio para o vermelho, o que seria muito revelador."
Inovação Tecnológica



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